Crimes com facas mataram 94 pessoas e SSP-DF busca meios de prevenção

Para conter o aumento de mortes com arma branca no Distrito Federal, a Secretaria de Segurança (SSP-DF) e a Polícia Militar (PMDF) negociam com o Ministério Público e o Poder Judiciário novos protocolos para a apreensão de lâminas e abordagem de pessoas em situação de rua.

Segundo o Primeiro Anuário da Segurança Pública do DF, lançado na quarta-feira (18/6), a capital brasileira conseguiu atingir uma queda histórica no número de homicídios. No entanto, o estudo diagnosticou um crescimento de assassinatos com emprego de objetos cortantes.

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Divulgação / SSP-DF

De acordo com a comandante-geral da PMDF, Ana Paula Barros Habka, os policiais militares conseguem retirar um grande número de armas de fogo das ruas. Em apenas um final de semana, por exemplo, apreenderam 29. No entanto, não possuem o mesmo respaldo para fazer grandes apreensões de armas brancas.

“Muitas vezes, os deslocamentos estão sendo permitidos com esse tipo de armamento. Se usa muito esse artificio. Mas isso está sendo tratado em um protocolo com o Ministério Público, para que a população não ande com um arma branca e diga que é uma ferramenta de trabalho”, contou.

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Segundo a comandante-geral, os suspeitos frequentemente conseguem impedir a apreensão da arma branca alegando que estão apenas em deslocamento para casa ou que se trata de um objeto de trabalho. Com o protocolo, os policiais teriam respaldo para apreender de forma preventiva objetos perfurantes e cortantes.

No caso de grandes eventos, os policiais têm condições de apreender preventivamente armas brancas garantindo mais segurança, a exemplo do Carnaval. “Isso a gente demonstra nos grandes eventos, quando fazemos as abordagens e retira as armas brancas dos foliões. Para que estar utilizando aquilo em uma festa?” pontuou.

Situação de rua

Do ponto de vista do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, é preciso adotar uma nova forma de abordagem para a população de rua. “Elas utilizam dessas armas, dessas ferramentas no seu dia a dia. E a polícia tem tido uma grande dificuldade lidar com essa situação”, contou.

Segundo Avelar, existem orientações de órgãos dando direito para a população em situação de rua manter armas brancas. “O trabalho de abordagem da Polícia Militar precisa ser mais cauteloso, porque muitas vezes criminosos se infiltram na população em situação de rua, se valendo dessa condição para cometer crimes”, explicou.

“A gente têm feito um trabalho, sobretudo, de engajamento com outras áreas, de outros poderes para construir soluções para todos. Estamos em tratativas com o Judiciário, com o Ministério Público e também com as diversas áreas do governo para que gente construir soluções para esse problema que vem crescendo não só no DF, mas em todo país”, completou.

O secretário ressaltou que o combate ao uso de armas brancas em crimes em ambientes domésticos é extremante difícil, a exemplo dos feminicídios. Por isso, a população deve denunciar qualquer caso de violência doméstica. Com base nas informações, o órgão de segurança têm meios de se antecipar ao crime.

Números

Em 2024, o DF registrou 207 homicídios. Deste total, 94 foram cometidos com arma branca. Ou seja, 45% do total de mortes. Entre os 23 feminicídios registrados, 39% foram com lâminas. No mesmo período, ocorreram 8 latrocínios. Metade destes crimes foi cometido com objetos perfurantes ou cortantes.