Demissão de Jimmy Kimmel já era plano de governo Trump antes de comentário sobre morte de Kirk
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apresentador Jimmy Kimmel. REUTERS/Evelyn Hockstein/AP Photo/Chris Pizzello Quando, em julho passado, a CBS anunciou que não renovaria o contrato do Late Show, apresentado por Stephen Colbert, o presidente Donald Trump comemorou e antecipou: “Ouvi dizer que Jimmy Kimmel será o próximo.” A previsão estava à espera de um pretexto para se confirmar. E ele veio na segunda-feira durante o monólogo do comediante, que comparou o movimento MAGA ("Façam os EUA grandes novamente", em português), de Trump, a uma gangue e sugeriu que estava “trabalhando arduamente” para lucrar com a morte do ativista Charlie Kirk. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Foi o bastante para Brendan Carr, o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC na sigla em inglês), correr para um podcast de extrema direita e sugerir que as afiliadas da rede ABC poderiam perder suas licenças. “Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil”, afirmou Carr, aliado do presidente americano e alçado ao cargo por ele em janeiro, como “um guerreiro da liberdade de expressão”. Poucas horas depois do ultimato, a ABC anunciou a suspensão do programa de Kimmel por tempo indeterminado. A pressão do órgão regulador a empresas de mídia que desagradam ao governo alvejou justamente um dos fundamentos que sustentam a Constituição americana — o da liberdade de expressão. "Isso é censura. Isso é controle de expressão estatal. Isso não é a América", esbravejou o senador democrata Chris Murphy. Grupos que advogam pela liberdade de expressão associaram diretamente a suspensão de Kimmel ao esforço de Trump para silenciar seus críticos. “Isso vai além do macartismo. Autoridades de Trump estão abusando repetidamente de seu poder para barrar ideias que não gostam, decidindo quem pode falar, escrever e até mesmo fazer piadas”, resumiu a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). No lugar da censura direta, a intimidação se consumou na forma de pressão econômica. Dois grandes proprietários de emissoras afiliadas à ABC dependem da aprovação da FCC para concretizar aquisições: a Nexstar tem um acordo de fusão de US$ 6,2 bilhões (cerca de R$ 33 bilhões) para adquirir a Tegna, e a Sinclair também fez uma oferta pela empresa. Ambas as operadoras decidiram pela retirada do programa de Kimmel do ar antes mesmo que a ABC anunciasse o afastamento do apresentador. A rapidez com que as corporações se renderam denunciou também a instrumentalização dos princípios de regulação da FCC. Trump preferiu creditar o afastamento de Kimmel, um de seus notórios desafetos, à falta de talento e à baixa audiência do comediante, embora ele tenha mais de 20 milhões inscritos no YouTube. De antemão, antecipou que mais dois serão defenestrados — Jimmy Fallon e Seth Meyers, da NBC. A ver. LEIA TAMBÉM: CENSURA: Trump ameaça revogar licenças de emissoras de TV que estão 'contra' ele CONHEÇA: Quem é Jimmy Kimmel, apresentador de programa suspenso após fala sobre morte de Charlie Kirk REPERCUSSÃO: Suspensão de programa de Jimmy Kimmel revolta artistas e políticos nos EUA Depois de conseguir que a rede de TV ABC retirasse do ar o programa de Jimmy Kimmel, Trump ameaça retirar concessão de emissoras que critiquem o governo dele


Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apresentador Jimmy Kimmel. REUTERS/Evelyn Hockstein/AP Photo/Chris Pizzello Quando, em julho passado, a CBS anunciou que não renovaria o contrato do Late Show, apresentado por Stephen Colbert, o presidente Donald Trump comemorou e antecipou: “Ouvi dizer que Jimmy Kimmel será o próximo.” A previsão estava à espera de um pretexto para se confirmar. E ele veio na segunda-feira durante o monólogo do comediante, que comparou o movimento MAGA ("Façam os EUA grandes novamente", em português), de Trump, a uma gangue e sugeriu que estava “trabalhando arduamente” para lucrar com a morte do ativista Charlie Kirk. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Foi o bastante para Brendan Carr, o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC na sigla em inglês), correr para um podcast de extrema direita e sugerir que as afiliadas da rede ABC poderiam perder suas licenças. “Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil”, afirmou Carr, aliado do presidente americano e alçado ao cargo por ele em janeiro, como “um guerreiro da liberdade de expressão”. Poucas horas depois do ultimato, a ABC anunciou a suspensão do programa de Kimmel por tempo indeterminado. A pressão do órgão regulador a empresas de mídia que desagradam ao governo alvejou justamente um dos fundamentos que sustentam a Constituição americana — o da liberdade de expressão. "Isso é censura. Isso é controle de expressão estatal. Isso não é a América", esbravejou o senador democrata Chris Murphy. Grupos que advogam pela liberdade de expressão associaram diretamente a suspensão de Kimmel ao esforço de Trump para silenciar seus críticos. “Isso vai além do macartismo. Autoridades de Trump estão abusando repetidamente de seu poder para barrar ideias que não gostam, decidindo quem pode falar, escrever e até mesmo fazer piadas”, resumiu a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). No lugar da censura direta, a intimidação se consumou na forma de pressão econômica. Dois grandes proprietários de emissoras afiliadas à ABC dependem da aprovação da FCC para concretizar aquisições: a Nexstar tem um acordo de fusão de US$ 6,2 bilhões (cerca de R$ 33 bilhões) para adquirir a Tegna, e a Sinclair também fez uma oferta pela empresa. Ambas as operadoras decidiram pela retirada do programa de Kimmel do ar antes mesmo que a ABC anunciasse o afastamento do apresentador. A rapidez com que as corporações se renderam denunciou também a instrumentalização dos princípios de regulação da FCC. Trump preferiu creditar o afastamento de Kimmel, um de seus notórios desafetos, à falta de talento e à baixa audiência do comediante, embora ele tenha mais de 20 milhões inscritos no YouTube. De antemão, antecipou que mais dois serão defenestrados — Jimmy Fallon e Seth Meyers, da NBC. A ver. LEIA TAMBÉM: CENSURA: Trump ameaça revogar licenças de emissoras de TV que estão 'contra' ele CONHEÇA: Quem é Jimmy Kimmel, apresentador de programa suspenso após fala sobre morte de Charlie Kirk REPERCUSSÃO: Suspensão de programa de Jimmy Kimmel revolta artistas e políticos nos EUA Depois de conseguir que a rede de TV ABC retirasse do ar o programa de Jimmy Kimmel, Trump ameaça retirar concessão de emissoras que critiquem o governo dele
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