Deputada do Maranhão pagou R$ 550 mil em dinheiro vivo por apartamento
Documentos foram encontrados na casa da deputada durante operação da PF que apura desvios em contratos de cidades maranhenses

Documentos obtidos pela Polícia Federal (PF) durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência da deputada estadual Daniella Jadão Meneses (PSB) indicam que ela pagou cerca de R$ 550 mil em dinheiro vivo para a compra de um apartamento.
A ação se deu no final de agosto, no âmbito da operação Lei do Retorno, que investiga desvios em contratos para a Educação em cidades do Maranhão e suposto recebimento de propina por servidores públicos.
Como mostrou a coluna, tanto a deputada Daniella, como é conhecida na região, como seu companheiro, o ex-prefeito de Caxias (MA) e atual secretário de estado da Agricultura, Fábio Gentil, são suspeitos de serem beneficiários do esquema apurado pela PF.
As ações da PF que levaram aos documentos sobre a compra do apartamento ocorreu no final de agosto, quando os policiais encontraram na residência dois documentos que apontavam para transferências de dinheiro em espécie.
Foram dois repasses, de acordo com os documento. Um deles, de 22 de junho de 2023, de R$ 400 mil, e outro de R$ 150 mil, datado de 5 de julho do mesmo ano.
Os documentos encontrados tratavam-se de recibos assinados pela proprietária do imóvel, atestando o recebimento dos montantes. Os pagamentos seriam referentes à compra do mesmo apartamento onde a operação foi realizada.
Documentos encontrados pela PF durante operação Lei do Retorno, no Maranhão
Além dos recibos, a PF também apreendeu um celular e um notebook pertencentes à Daniella, e outros dois aparelhos celulares de Fábio Gentil -um dos quais, como mostrou a coluna, ele teria tentado esconder dentro de um esconderijo da pia do banheiro do quarto do casal.
Também foram encontrados R$ 30 mil em dinheiro, que pertenciam à Fábio Gentil.
Dinheiro apreendido com o ex-prefeito de Caxias (MA) Fábio Gentil durante a operação Lei do Retorno
Leia também
-
Fabio Serapião
Apreensão de R$ 575 mil levou PF a casal de políticos do Maranhão
-
Fabio Serapião
Quem é o casal de políticos suspeito de receber propina no Maranhão
-
Fabio Serapião
Casal de políticos maranhenses recebeu propina por desvios, diz PF
Esquema investigado no Maranhão
Segundo documentos da operação, o casal teve papel chave na concretização dos contratos sob suspeita de empresas com envolvimento nos desvios. Ambos negam qualquer irregularidade.
O caso veio à tona em janeiro de 2022, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu R$ 575 mil em espécie no interior de um veículo Toyota Corolla. O dinheiro estava sob responsabilidade de dois investigados, apontados como intermediários do esquema.
“Com o desenvolvimento das investigações, apurou-se a existência de organização criminosa responsável não somente pelo desvio de recursos públicos federais da educação no município de Caxias (MA), mas em outros diversos municípios, através do pagamento de propina a servidores públicos, dentre eles Fábio José Gentil Pereira Rosa, atual prefeito do município de Caxias [ele deixou o cargo no início de 2025] e Daniella Jadão Meneses Cunha, atual deputada estadual”, diz a PF.
Em relatório, a corporação afirma que a quantia que estava sendo transportada pelos suspeitos seria entregue a um servidor do município de Caxias, o qual repassaria, em tese, os valores em espécie a Fábio Gentil e Daniella, “demonstrando-se assim, o fluxo da propina recebida em decorrência do favorecimento/direcionamento para contratação” de uma das empresas suspeitas.
Segundo a apuração, o carro em que o dinheiro foi encontrado estava registrado em nome da mãe da deputada. Além disso, diz a PF, um dos transportadores da quantia é tio da parlamentar.
As investigações mostram que o pai da deputada também teria se beneficiado dos trâmites ilegais.
Ainda segundo a PF, os contratos supostamente fraudulentos em Caxias teriam sido direcionados por Fábio Gentil, em articulação com servidores públicos municipais. A afirmação é baseada em supostos encontros entre Fábio e um do intermediadores do esquema.
As propostas, segundo o relatório, “eram apresentadas aos servidores públicos antes mesmo da existência de quaisquer Termos de Referência, ocorrendo, desse modo, a montagem de procedimentos de inexigibilidade para viabilizar o repasse de valores para a empresa, com Termos de Referência e contratos elaborados com base especificamente na proposta da empresa”.
“O investigado Fábio José Gentil segue o mesmo modus operandi de negociação com as empresas investigadas anteriormente à contratação destas, as quais são viabilizadas pelos servidores públicos municipais que somente realizam a posteriori a montagem de procedimentos fraudulentos de inexigibilidade de licitação, viabilizando o repasse de recursos públicos do Fundeb”, afirma a PF.
Defesa
A coluna entrou em contato com Fábio Gentil e com a deputada Daniella. Ambos afirmaram, por meio da defesa, que a investigação corre em segredo de justiça, o que a impede de tecer comentários ou alegações específicas neste estágio do processo.
“A deputada e o secretário ressaltam que confiam nas instituições e que todos os fatos serão oportunamente elucidados junto aos órgãos investigativos competentes”, afirmaram.
What's Your Reaction?






