Dólar recua com falas de Haddad e à espera de acordo sobre tarifaço

Na última sexta-feira (18/7), a moeda dos EUA fechou em alta de 0,73%, cotada a R$ 5,58. Ibovespa fechou em forte queda de 1,61%

Jul 21, 2025 - 10:20
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Dólar recua com falas de Haddad e à espera de acordo sobre tarifaço

O dólar operava em baixa nesta segunda-feira (21/7), em meio à repercussão das declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em entrevista concedida nesta manhã, sobre o tarifaço comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil.

Dólar

  • Às 9h36, a moeda norte-americana recuava 0,26% e era negociada a R$ 5,573.
  • Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,611. A mínima é de R$ 5,572.
  • Na última sexta-feira (18/7), a moeda dos EUA fechou em alta de 0,73%, cotada a R$ 5,58.
  • Com o resultado, o dólar acumula ganhos de 2,83% no mês e perdas de 9,58% no ano.

Ibovespa

  • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
  • No último pregão da semana passada, na sexta-feira, o indicador fechou em forte queda de 1,61%, aos 133,3 mil pontos.
  • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 3,94% em julho e alta de 10,89% em 2025.

Haddad fala sobre o tarifaço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o governo brasileiro não vai sair “da mesa de negociação” com os Estados Unidos para tentar reverter a imposição de tarifas comerciais de 50% sobre todos os produtos exportados pelo país aos norte-americanos.

A nova rodada do tarifaço comercial foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em represália ao que o líder norte-americano classificou como abusos e injustiças cometidas pelo Judiciário brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, investigado por suposta tentativa de golpe de Estado. As tarifas, em tese, começam a valer a partir do dia 1º de agosto.

Os EUA também instauraram uma investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise visa a investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais norte-americanas.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é que nós continuemos engajados permanentemente. Mandamos uma segunda carta na semana passada, em acréscimo à de maio. Vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação entre os dois países”, disse Haddad, em entrevista à Rádio CBN.

“Estamos nos preparando para vários cenários. Houve muitas idas e vindas nas decisões tomadas pelo governo dos EUA, sobretudo em relação à própria burocracia interna. A pedido do presidente Lula, estamos desenhando cenários possíveis”, prosseguiu o ministro da Fazenda, sem detalhar quais seriam as medidas estudadas.

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Na entrevista, Fernando Haddad disse que o governo brasileiro já vem preparando um “plano de contingência” que pode ser implementado após 1º de agosto, dependendo do desfecho das negociações comerciais com os EUA.

“Podemos chegar ao dia 1º sem resposta? Este é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou Haddad.

“Em uma situação como essa, de agressão externa injustificável, o Ministério da Fazenda se prepara para todos os cenários. Nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada. O Brasil jamais saiu e jamais sairá da mesa de negociação porque não há compreensão de nossa parte de que essa situação perdure para benefício mútuo dos EUA e do Brasil”, disse o ministro, sem detalhar o que seria o plano de contingência.

Haddad disse que as medidas analisadas envolvem possível apoio a setores atingidos pelo tarifaço de Trump. “Pode ser que tenhamos de recorrer a instrumentos de apoio a setores que estão sendo afetados injustamente. E são setores que têm relação de décadas com os EUA”, afirmou.

“Não necessariamente isso vai implicar gasto primário. No caso do Rio Grande do Sul, que é uma coisa de outra natureza, a menor parte do investimento foi gasto primário. A maior parte foi apoio às empresas afetadas pelas enchentes do ano passado”, prosseguiu o ministro.

Haddad também rechaçou qualquer possibilidade de o governo brasileiro ceder às pressões dos EUA e fazer algum tipo de mudança no Pix.

O sistema de transferências e pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) em 2020 é um dos alvos da investigação comercial instaurada pelo governo norte-americano, no âmbito da ofensiva lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil.

“O desconforto do governo dos EUA com o Pix é mais surpreendente ainda. O Pix não tem nada a ver com comércio internacional, é um sistema exitoso, totalmente informatizado, que serve de exemplo para o resto do mundo”, rebateu Haddad, em entrevista à Rádio CBN.

“Ele [Pix] barateia as operações financeiras, tem um futuro impressionante do ponto de vista de sofisticar as transações financeiras, democratizando o acesso ao crédito”, disse o ministro da Fazenda.

“Se deixarmos prosperar a tese de que o Pix representa uma ameaça ao império americano, onde vamos parar? Precisamos baixar um pouco a bola e buscar interlocução com alguém que tenha noção do que está falando. Se a gente entrar nessa viagem, não vamos sair do outro lado. O que o Pix tem a ver com isso, meu Deus do céu?”, questionou o ministro.

Boletim Focus

Outro destaque da agenda econômica nacional neste início de semana foi a divulgação do Relatório Focus, do BC, com as projeções do mercado financeiro para a economia do país neste e nos próximos anos.

Os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) reduziram a estimativa de inflação para 2025 pela oitava semana consecutiva. De acordo com o relatório, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 5,1%, ante 5,17% da semana anterior.

Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%. O mercado continua esperando, portanto, que a inflação estoure o teto da meta neste ano.

Em relação ao ano que vem, os economistas consultados pelo BC reduziram a projeção de 4,5% para 4,45%. Para 2027, o índice esperado foi mantido em 4%.

Segundo o Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025 deve ter crescimento de 2,23%, a mesma projeção da semana passada.

Para 2026, a previsão de crescimento da economia recuou de 1,89% para 1,88%. Para 2027, a estimativa continua em 2%.

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