Em vídeo, Zelensky diz que Putin faz ataques mais violentos à energia
O presidente da Ucrânia afirmou que a Rússia aproveita os olhos da diplomacia global voltados para o Oriente Médio para atacar usina

Em vídeo publicado em suas redes sociais, neste domingo (12/10), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de intensificar ataques ao país, diante dos olhos da diplomacia global estarem voltados para o Oriente Médio. Na sexta-feira (10/10), foi firmado um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas. Palestinos retornam para Gaza em busca de reconstrução. Há ainda a expectativa da libertação de reféns.
Dentro desse cenário, Zelensky ressaltou: “A Rússia está aproveitando a oportunidade de os olhos da diplomacia global estarem voltados para o Oriente Médio. Putin agravou a situação na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, e a Rússia também tornou seus ataques à nossa energia mais violentos – para compensar seu fracasso em campo”, disse.
Confira gravação:
Russia is pouncing on the opportunity that global diplomacy’s eyes are on the Middle East. Putin escalated the situation at the Zaporizhzhia Nuclear Power Plant, and Russia has also made its attacks on our energy more vicious – to compensate for their failure on the ground. pic.twitter.com/d8Kl6Zqq9j
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) October 12, 2025
Mediação
Após mediar o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta repetir o feito na guerra da Ucrânia. O republicano aposta em sua imagem de “presidente da paz” e busca se consolidar como o grande articulador diplomático do século.
Entretanto, ao contrário do que ocorreu no Oriente Médio, o desafio europeu se mostra complexo e delicado, esbarrando em um Vladimir Putin inflexível, um Volodymyr Zelensky sob pressão e uma crise na relação EUA-Rússia.
Na última semana, o governo norte-americano sinalizou a possibilidade de enviar mísseis Tomahawk à Ucrânia — decisão que, segundo o Kremlin, representaria “uma espiral séria de escalada” no conflito.
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O porta-voz Dmitry Peskov alertou que o armamento poderia “agravar o risco de confronto direto entre as potências” e lembrou que os Tomahawks “podem ser equipados com ogivas nucleares”.
Tensão
A tensão cresce menos de dois meses após a cúpula do Alasca, onde Trump e Putin prometeram “abrir caminho” para a paz. Desde então, as negociações travaram, e o próprio Kremlin admitiu que o diálogo entre os dois países está em uma “pausa séria”.
O Kremlin afirmou que as tratativas entre Moscou e Washington não avançam desde agosto, quando Putin e Trump se reuniram em Anchorage. Segundo Peskov, “nada está progredindo”, e Kiev ainda alimenta “falsas esperanças” de vencer no campo de batalha com o apoio ocidental.
Pouco após o encontro, líderes europeus e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, viajaram a Washington para pressionar Trump a manter a aliança com o bloco e endurecer a postura contra Moscou.
O resultado foi um impasse: a Rússia exige que a Ucrânia reconheça a perda de territórios no Donbass e abandone o plano de ingressar na Otan, enquanto Kiev insiste na integridade territorial e em garantias de segurança.
Impasse nuclear reacende desconfiança
- Mais um ponto de tensão entre as duas potências é a indefinição sobre o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START), o último acordo de controle nuclear ainda em vigor entre os Estados Unidos e a Rússia.
- O pacto, assinado em 2010, limita o número de ogivas nucleares estratégicas a 1.550 por país e estabelece inspeções mútuas, funcionando há mais de uma década como um dos principais freios à escalada armamentista entre Washington e Moscou.
- Putin, chegou a propor, no fim de setembro, uma prorrogação de um ano, até 2026, mantendo os limites atuais de ogivas e lançadores. A sugestão foi recebida com cautela por Trump, que afirmou que a ideia “parece boa”, mas não apresentou nenhuma iniciativa concreta para retomar as negociações.
- Moscou alega que futuros acordos de desarmamento deveriam incluir outras potências, como China, França e Reino Unido, sob o argumento de que a “nova ordem multipolar” exige equilíbrio entre todos os arsenais globais. Já Washington vê a proposta como uma tentativa de diluir responsabilidades e evitar inspeções diretas.
Frustração de Trump
O impasse na guerra europeia contrasta com o triunfo diplomático recente de Trump no Oriente Médio. O cessar-fogo entre Israel e Hamas — que envolveu a libertação de reféns e prisioneiros palestinos — havia projetado o presidente como um mediador capaz de alcançar feitos histórico: como se tornar um nobelista.
Trump esperava ser reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz, mas viu a honraria ir para a opositora venezuelana María Corina Machado, líder do movimento contra Nicolás Maduro. A derrota diplomática foi interpretada como um golpe simbólico em sua tentativa de se firmar como figura global de consenso.
No meio desse impasse, o líder norte-americano tenta se equilibrar entre a retórica da paz e o pragmatismo de uma superpotência em guerra fria com Moscou.
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