Empresa suspeita de propina em SBC recebeu R$ 130 mi em várias cidades

Sócios de companhia suspeita de propina têm Ferrari e Porsche. Outras firmas alvo da PF também prestam serviços para prefeituras além de SBC

Agosto 15, 2025 - 03:30
 0  0
Empresa suspeita de propina em SBC recebeu R$ 130 mi em várias cidades

Uma empresa de medicamentos suspeita de pagar propina no esquema que levou ao afastamento do prefeito de São Bernardo do Campo (SBC), Marcelo Lima (Podemos), recebeu R$ 130 milhões referentes a contratos com diversas cidades paulistas no período de um ano, segundo a investigação da Polícia Federal (PF).

O prefeito foi alvo da Operação Estafeta, deflagrada pela PF na manhã dessa quinta-feira (14/8), e acabou afastado do cargo por determinação da Justiça de São Paulo. Lima é suspeito de participar de um esquema de corrupção envolvendo as secretarias de Obras e de Saúde do município do ABC paulista, e será monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.

As investigações começaram no mês passado, a partir da apreensão de R$ 14 milhões em espécie, entre notas de reais e de dólares, no apartamento de Paulo Iran Paulino Costa, assessor parlamentar na Assembleia Legislativa (Alesp), apontado pela PF como operador financeiro do prefeito.

Leia também

Segundo a investigaçõ, Paulo Iran bancava, por meio de uma empresa, despesas pessoais da família do prefeito, como cartão de crédito, conta de telefone e até a faculdade de medicina da filha do político. Em conversas captadas entre o assessor e Marcelo Lima, eram usados códigos para tratar de supostas propinas de empresas, de acordo com a PF.

A Quality Medical Comércio e Distribuidora de Medicamentos foi uma das empresas que sofreram busca e apreensão autorizada pela Justiça, sob suspeita de pagar propina ao prefeito em troca de vantagens em contratos públicos.

De acordo com a PF, a empresa aparece “de forma proeminente nas conversas constantes no material apreendido” com Paulo Iran. O documento cita que, em apenas quatro meses, “foram verificados valores significativos referidos como ‘QUALITY’, totalizando R$ 666.691,00, R$ 230.000,00, R$ 642.534,00 e R$ 384.900,00”.

A PF cita que os sócios da empresa, Fellipe Fabbri e Caio Fabbri, também possuem uma holding que é proprietária de uma “vasta frota de veículos de luxo e embarcações”. A corporação lista uma Ferrari 296 GTS, de R$ 4,2 milhões, um Porsche 911 Turbo S, de R$ 2,1 milhões, um Porsche Cayenne, de R$ 1,4 milhão, além de outros modelos BMW, Volvo, motos aquáticas e lanchas. 10 imagensDinheiro em espécie na casa de um servidor públicoR$ 210 mil em espécie foram achados na casa do sócio de uma empresa de medicamentosPF fez apreensões de cédulas de dinheiro em uma empresa de medicamentosQuase R$ 2 milhçoes foram apreendidos na casa de um sócio de empresa de terraplanagem foi alvo de mandado de buscaPilhas de dinheiro achadas na casa do sócio de uma empresa de terraplanagemFechar modal.1 de 10

Dinheiro encontrado na casa de um servidor públicoDivulgação/ PF2 de 10

Dinheiro em espécie na casa de um servidor públicoDivulgação/ PF3 de 10

R$ 210 mil em espécie foram achados na casa do sócio de uma empresa de medicamentosDivulgação/ PF4 de 10

PF fez apreensões de cédulas de dinheiro em uma empresa de medicamentosDivulgação/ PF5 de 10

Quase R$ 2 milhçoes foram apreendidos na casa de um sócio de empresa de terraplanagem foi alvo de mandado de buscaDivulgação/ PF6 de 10

Pilhas de dinheiro achadas na casa do sócio de uma empresa de terraplanagemDivulgação/ PF7 de 10

Relógios apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF8 de 10

Arma e munição apreendidas na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF9 de 10

Arma e dinheiro apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF10 de 10

Relógios de luxo apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF

Os sócios, diz a polícia, são réus em ação civil de improbidade administrativa e já foram alvos da Operação Prato Feito. A PF cita os recebimentos milionários da empresa de diversas prefeituras para sustentar “a relevância dessa empresa no esquema financeiro”.

Além de São Bernardo, um levantamento feito pelo Metrópoles em Diários Oficiais identificou contratos da Quality com a Prefeitura de São Paulo e cidades como Ribeirão Pires, Ferraz de Vasconcelos, Cotia e Barueri, todas na Grande São Paulo.

A investigação ainda aponta outras empresas cujos serviços prestados vão além de São Bernardo, cidade alvo da operação. Uma delas é a DR3 Engenharia, que recebeu R$ 41 milhões em contratos públicos entre 2018 e 2025, segundo a polícia.

A maior parte, porém, vem de São Bernardo, cerca de R$ 36 milhões. Outra também citada nesse contexto é a One Laudos Diagnósticos Médicos, que presta serviço para a Fundação ABC, entidade de direito privado e sem fins lucrativos que atua na gestão da saúde pública em São Bernardo.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Bernardo afirmou que “irá colaborar com todas as informações necessárias em relação ao caso” e que “é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado”. A reportagem não localizou a defesa das empresas citadas na operação nessa quinta-feira (14/8). O espaço segue aberto para manifstações.

Quem são os alvos da operação

      • Marcelo Lima (Podemos) — Prefeito de São Bernardo do Campo desde janeiro deste ano. É suspeito de ter recebido propina de empresas que possuem contratos com a prefeitura.
      • Paulo Iran Paulino Costa — Assessor da Assembleia Legislativa (Alesp), apontado como operador financeiro de Marcelo Lima. É acusado de pagar despesas pessoais da família do prefeito com dinheiro de propina.
      • Antonio Rene da Silva Chagas — Ao lado de Paulo Iran Paulino Costa, o servidor Antonio Rene da Silva Chagas, conhecido como “Renegade”, atuava na divisão do dinheiro obtido por meio do esquema, que seria entregue para os beneficiários em mochilas e caixas de papelão.
      • Fabio Augusto do Prado — Apelidado no esquema como “Fabio Campanha” e “Sacolão”, o secretário de Coordenação Governamental, Fabio Augusto do Prado, teria sido flagrado em conversas de WhatsApp com operadores do esquema falando sobre a “chegada de valores”, que seriam recebido por meio de dinheiro fracionado.
      • Roque Araújo Neto — Também apontado como operador do esquema, o servidor da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo Roque Araújo Neto aparece em anotações do caixa clandestino de Paulo Iran. Nos papéis encontrados, havia um crédito de R$ 390 mil associado ao nome dele.
      • Sócios da Quality — Felipe Rafael Pereira Fabri e Caio Henrique Pereira Fabri, sócios da Quality Medical Comercio e Distribuidora de Medicamentos, são alvos da operação porque nas anotações de Paulo Iran a empresa é associada a valores expressivos, que somam pelo menos R$ 666 mil.
      • Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções — Luís Roberto Peralta e Leonardo Agnello Pegoraro, sócios do Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções, também são alvos de mandados de busca por anotações relacionando a empresa a pagamentos, de pelo menos R$ 174 mil.
      • Sócio da Ballarin Imobiliária — Apesar de empresa, ao contrário de outras investigadas, não prestar serviço para a prefeitura, o sócio Murilo Batista de Carvalho foi alvos de mandado de busca. Em anotações de Paulo Iran, Murilo aparece associado ao número 400, o que, para a PF, também poderia indicar um pagamento.
      • Sócio da Terraplanagem Alzira Franco — Assim como no caso da Ballarim, a empresa Terraplanagem Alzira Franco, de Edmilson de Deus Carvalho, também não possui contrato com a gestão municipal de São Bernardo do Campo. No entanto, nas anotações do principal operad0r do esquema conta “Edmilson 30k ok”, o que indicaria a movimentação de R$ 30 mil. A PF cita ainda uma conversa de 2024 em que Edmilson dá a Iran orientações sobre quando quantias em dinheiro deveriam ser entregues.
      • Danilo Lima de Ramos — O vereador Danilo Lima de Ramos, segundo a PF, é mencionado em conversas entre Paulo Iran e Fabio Augusto Prado. “Do Danilo, é uma conta do Danilo, os negócios dele lá… Outras coisas, entendeu?”, diz Iran em um dos trechos mencionados. Há ainda, indicação de depósito solicitado por Danilo e feito pelo operador na conta de terceiro.
      • Ary José de Oliveira — O vereador Ary José de Oliveira também aparece em conversas dos operadores do esquema. “Ary até agora 3x de 50”, diz Paulo Iran. Há ainda, anotações, diversos valores associados ao nome do parlamentar, diz a PF.
      • Paulo Sérgio Guidetti — Ex-secretário de Administração e atual servidor municipal de São Bernardo do Campo, Paulo Sérgio Guidetti é mais um que aparece em mensagens trocadas por Paulo Iran. “Acabei de pegar… ele disse pra conferir. Provavelmente veio os 150”, afirma o operador.

    Metrópoles tenta contato com as defesas dos investigados. O espaço segue aberto para manifestações.

What's Your Reaction?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow

tibauemacao. Eu sou a senhora Rosa Alves este e o nosso Web Portal Noticias Atualizadas Diariamente