Escrava de influencer chinês trabalhava 15h por dia e vivia de “troco”

Influencer manteve escrava por 30 anos em Campinas. Mulher trabalhava das 7h às 22h e chegou a dormir na maca do consultório do patrão

Dezembro 13, 2025 - 03:30
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Escrava de influencer chinês trabalhava 15h por dia e vivia de “troco”

Condenado em 1ª instância pelo Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, no interior de São Paulo, o influencer de medicina chinesa Peter Liu, que tem mais de 3 milhões de seguidores no YouTube e quase 1 milhão no Instagram, manteve em sua casa por 30 anos uma mulher que vivia em situação análoga à escravidão. Cooptada em Pernambuco, ela trabalhava o dia inteiro e não recebia salário — suas poucas economias eram fruto dos trocos que sobravam das compras da família.

Segundo relatos do processo, a mulher, que hoje tem 59 anos, tinha uma rotina exaustiva de trabalho, que chegava a cerca de 15 horas por dia.

A denúncia diz que ela começava a trabalhar às 7h e só parava às 22h, momento em que era permitido que ela se alimentasse. Quando Davi, filho do casal chinês, fazia faculdade, ele acordava a mulher de madrugada para que ela preparasse sanduíches ou outro lanche.

Dormia na maca do consultório

Em alguns momentos, de acordo com o processo, a mulher tinha que dormir na maca do consultório de medicina chinesa que funcionava na casa da família. Em outros períodos, sua cama estava instalada em um depósito de materiais.

Um relato da filha de Peter, que rompeu com o pai e hoje divide moradia com a mulher, aponta que a empregada chegou a ser picada por um animal peçonhento na casa da família, mas não recebeu cuidados médicos.

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Além dos afazeres domésticos, ela foi introduzida a conceitos básicos das terapias orientais e tinha de preparar pacientes da clínica, onde também atuava como secretária.

Além disso, ao longo dos 30 anos, o único dinheiro recebido por Maria eram trocados que ela recebia de compras que fazia para os Liu.

Influencer responsabiliza ex-mulher

Questionado pelo Metrópoles por telefone, Peter Liu disse que a mulher era funcionária da ex-mulher. Ele disse não ter contato com a ex-empregada há mais de 20 anos. No entanto, fotos juntadas ao processo mostram Peter, a filha, o genro e a vítima em uma sorveteria de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, em agosto de 2018.

Peter, os filhos Davi e Anni, e a mãe deles, Jane, foram condenados em 1ª instância pelo crime de reduzir alguém a condição análoga à escravidão.

A defesa de Peter, Davi e Jane recorre, alegando que não havia vínculo trabalhista. Já Anni, com quem a ex-empregada vive atualmente, tenta ser excluída do processo sob a alegação de que, ao ter entendimento da condição da vítima, tomou medidas para ajudá-la — como pagar sessões de terapia e incentivar seu convívio com outras pessoas.

A família foi condenada a pagar R$ 400 mil à ex-empregada. O valor é considerado baixo pela defesa da vítima.

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