Ex-corregedora da Abin denuncia perseguição interna à CGU
Ex-corregedora afirma que foi isolada e desacreditada por colegas após colaborar com apurações sobre uso do sistema First Mile

Ex-corregedora da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Lidiane Souza dos Santos denunciou à Controladoria-Geral da União (CGU) ter sido alvo de uma campanha de isolamento institucional e desgaste pessoal após colaborar com investigações sobre o uso do sistema First Mile.
Segundo a Polícia Federal (PF), o software teria sido usado para monitoramento ilegal de autoridades no governo Bolsonaro.
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“As ações visavam isolar e asfixiar o trabalho da unidade correcional”, escreveu ela, acrescentando que as condutas dos dirigentes da agência tiveram o propósito de “humilhar e desacreditar esta subscritora publicamente e minar sua estabilidade psíquica e física”.
Segundo a denúncia, Lidiane foi surpreendida após deixar o cargo em 31 de agosto de 2024, por articulações do seu sucessor, o atual corregedor da Abin, José Fernando Moraes Chuy, que teria entregue um documento “apócrifo” à Polícia Federal com supostas irregularidades cometidas por ela durante a gestão da corregedoria.
O material teria sido apresentado por Chuy em reunião com o diretor de Inteligência da PF e, segundo a ex-chefe da corregedoria, “trata-se claramente da tentativa de macular a sua reputação”.
Fábrica de dossiê
Ela também relatou que sua exoneração foi acompanhada da desmobilização completa da equipe da corregedoria e que o sucessor sequer tentou contato institucional.
“O novo titular da Corregedoria nunca teve qualquer iniciativa de contato com esta signatária para tratar dos trabalhos anteriores ao início da sua gestão.”
Lidiane argumenta que o documento usado para acusá-la contém erros técnicos, distorções cronológicas e imputações indevidas.
Ainda segundo ela, há um esforço da atual cúpula da Abin para associar sua atuação a figuras investigadas no caso da “Abin Paralela”, o que ela classifica como um movimento deliberado para destruir sua reputação pessoal e profissional.
“José Fernando Moraes Chuy insinua, com o documento, que as posições ocupadas decorreram de conluio com práticas ilegais e antidemocráticas, e não do trabalho prestado pela signatária ao estado brasileiro ao longo de quase duas décadas”, sustenta a servidora.
A ex-corregedora também afirmou que o dossiê entregue pelo novo titular da corregedoria omite seu histórico de atuação técnica e tenta vincular sua trajetória a nomes envolvidos nas investigações sobre supostas ações ilegais no órgão.
“O Corregedor acredita que com tal manobra irá influenciar o viés de compreensão de outros servidores de carreira”, afirmou Lidiane, ressaltando que, ao omitir sua atuação à frente da corregedoria e destacar apenas nomes de autoridades que a nomearam, o documento insinua um conluio com práticas ilegais, “sem qualquer base fática ou jurídica”.
Indiciamento da PF
A Polícia Federal (PF) indiciou José Fernando de Moraes Chuy, corregedor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na última quarta-feira (18/6), por suspeita de tentar obstruir investigações da chamada “Abin Paralela”.
Segundo o relatório do inquérito, Chuy atuou para descredibilizar a ex-corregedora do órgão, Lidiane Souza dos Santos, que colaborava com a PF e a CGU nas apurações sobre o uso ilegal da estrutura da agência durante o governo Jair Bolsonaro.
“O investigado atuou para desacreditar a ex-corregedora e sua colaboração com os órgãos de investigação”, registra a PF no inquérito final da chamada “Abin Paralela”.
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