Exclusivo: bodycam mostra sargento de SP matando garota em abordagem
Sargento Thiago Guerra segue preso por homicídio no Presídio Militar Romão Gomes. Ele é réu nas Justiças comum e militar

O registro feito pela câmera corporal do sargento Thiago Guerra, quando ele matou a adolescente Victória Manielly dos Santos, de 16 anos, foi crucial para a prisão do policial militar, em janeiro deste ano, horas após o assassinato, ocorrido na noite anterior, em Guaianases, zona leste de São Paulo.
As imagens da bodycam dele, assim como de outros PMs que participaram da ocorrência, só foram integralmente anexadas aos arquivos do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) na última quarta-feira (28/5). A reportagem teve acesso aos registros do equipamento do sargento Guerra. As imagens mostram todo o desdobramento do crime (assista abaixo).
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O sargento está preso preventivamente desde janeiro, no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte paulistana. Como mostrado pelo Metrópoles, além da Justiça comum, o Tribunal de Justiça Militar (TJM) acolheu denúncia contra ele. A defesa de Guerra não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Coronhada e tiro
O homicídio decorreu do disparo da arma empunhada pelo PM, quando ele a usou para dar uma coronhada na cabeça do irmão da garota, Kauê Alexandre dos Santos, 21 anos, durante uma abordagem.
Victória foi levada em estado grave ao Hospital Geral de Guaianases, onde morreu por uma hemorragia interna provocada pelo tiro que a feriu no lado direito do peito, como consta em laudo da Polícia Técnico-Científica obtido pelo Metrópoles.
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Sargento Guerra foi preso em flagrante Reprodução/TJSP2 de 7
Rapaz inocente foi fotografado, ao lado de infrator que confessou crimeReprodução/Polícia Civil3 de 7
Kauê chorou durante registros oficiais feitos em delegaciaReprodução/Polícia Civil4 de 7
Jovem testemunhou assassinato de irmãReprodução/Polícia Civil5 de 7
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Na ocasião, o sargento relatou que foi acionado para dar apoio a um assalto, no qual quatro ladrões levaram a carteira de um eletricista, por volta das 20h, quando a vítima havia desembarcado da estação Guaianases, da Linha 11-Coral da CPTM.
Um dos criminosos, de 17 anos, havia sido apreendido em flagrante, com a carteira do eletricista, nas imediações da Praça Getúlio Vargas, perto de onde Kauê trabalhava em uma adega. No comércio, estava acompanhado da mãe e da irmã Victória, além de amigos, após o término de seu expediente.
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Ao perceberem a perseguição policial que ocorria a pé, os dois irmãos ficaram curiosos e saíram da adega. Assim que os avistou, o sargento Guerra correu em direção a eles.
Em seu relato, o PM afirmou que os dois estavam correndo, fugindo, insinuando que estariam supostamente envolvidos no assalto. Quando se aproximou de Kauê, o sargento afirmou que o rapaz deu um tapa em sua mão, fazendo com que a pistola disparasse, atingindo a jovem no peito.
O menor infrator apreendido confessou o crime, acrescentando que Kauê não tinha nenhum envolvimento no caso.
Desmentido pela bodycam
Em seu relato, Kauê conta que estava na adega, após o serviço, acompanhado de parentes e amigos. Acrescentou que saiu do estabelecimento, junto da irmã, para conferir a movimentação policial na praça, quando foi abordado pelo sargento Guerra. O policial discutiu com o jovem, o agarrou pela gola da camisa e aplicou um golpe na cabeça, usando a coronha de uma pistola calibre .40, que disparou e atingiu Victória.
A versão de Kauê foi referendada após a Polícia Civil – enquanto registrava a ocorrência – ter acesso à câmera corporal usada pelo sargento. Com isso, ele passou da condição de testemunha do caso para indiciado por homicídio, crime pelo qual foi preso em flagrante, no mesmo dia.
A prisão do PM foi convertida para preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Apesar de todos os esforços da defesa para que ele respondesse ao caso em liberdade, o sargento segue atrás das grades.
Os advogados recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas não conseguiram reverter a prisão do sargento.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que as investigações da Polícia Civil, bem como da Corregedoria da PM, já foram concluídas e encaminhadas à Justiça, “inclusive com as imagens registradas pela câmera corporal do agente”.
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