UnB: alunos se dizem ameaçados por colegas após denunciarem barulho
Permanência está autorizada até esta 2ª feira (2/6). Afetados pela medida formalizarão mandado de segurança à UnB para continuarem na Colina

Depois de o Metrópoles publicar reportagens sobre denúncias de uma série de violências que envolvem assédio moral e discriminação entre alunos moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU), da Universidade de Brasília (UnB), e após a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) ser acionada para uma ocorrência de perturbação do sossego no local, a convivência entre grupos de pessoas que residem na moradia estudantil se tornou insustentável.
O último episódio aconteceu em 21 de abril. A estudante que mora na CEU, Mcmillan Gutierres, 43 anos, teria se incomodado com o barulho promovido por outros alunos e também moradores no local. Foi ela quem acionou a polícia na ocasião. Os envolvidos foram conduzidos à 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) para as providências cabíveis.
Nos dias seguintes, com a repercussão do caso, envolvidos na situação se reuniram em um panelaço embaixo da janela da casa onde a estudante mora. O grupo alega violência policial e perseguição por parte da mulher.
“Minha filha que também é graduanda e mora comigo na CEU foi agredida fisicamente. Ficamos com medo de sair de casa sozinhas para não sofrer mais retaliação. Nós percebemos que a universidade se diz um ambiente democrático, mas não é. Percebemos que toda essa perseguição, toda essa hostilidade vem do fato de exercemos direitos básicos”, afirmou Mcmillan.
Depois, o grupo promoveu um abaixo-assinado para a retirada dos alunos da Casa do Estudante. Cerca de 10 dias depois da situação, além de Mcmillan, outros cinco alunos — Breno Alisson Ramalho da Silva Torquato, 24, Bianca Gutierres Veloso, 21, Irislane Brenda Torres Sales, 21, Iago Dourado do Nascimento, 21, e outra pessoa que preferiu não ser identificada — se complicou. Todos foram transferidos provisoriamente para um apartamento de trânsito na área conhecida como Colina da UnB.
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Inicialmente, eles ficariam no apartamento por 15 dias e solicitaram a prorrogação do prazo, por questões de segurança. O prazo vence nesta segunda-feira (2/6).
Agora, com diversas denúncias de ataques sistemáticos — incluindo intimidação, exclusão, assédio coletivo, violência psicológica e agressões físicas com insultos racistas — protocoladas formalmente à reitoria da UnB, bem como à Câmara dos Deputados, ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública da União (DPU), entre outros órgãos, os estudantes temem ter que retornar à CEU, já que se sentem ameaçados e hostilizados no ambiente.
Mandado de segurança
Ainda, nesta segunda-feira, o grupo de transferidos pretende reunir-se com um defensor público para oficializar mandado de segurança contra a UnB para que consigam permanecer na Colina.
“Nós ainda vamos entrar com o mandado de segurança para garantir a nossa segurança, por meio da permanência no apartamento fora da Casa do Estudante, que a UnB quer que nós retornemos para lá na segunda-feira, mas nós não nos sentimos seguros, até porque a universidade não fez nada em relação à situação lá. O mandado de segurança protege o direito líquido e certo, é aquele direito que não tem dúvida. Que está comprovado por meio de documentos”, comentou Breno Torquato, um dos lados que está atualmente na Colina.
Segundo as denúncias dos alunos, até o momento, nenhuma medida foi adotada pela instituição para a resolução do problema e as retaliações e difamações em grupos de WhatsApp se intensificaram.
A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD) da Câmara dos Deputados, também enviou ofício para a UnB, manifestando preocupação diante de denúncia recebida e solicitou informações sobre o caso apresentado, bem como sobre as providências que estão sendo tomadas pela universidade em relação ao aluno Breno Torquato que é diagnosticado com transtorno do espectro autista.
O outro lado
Em nota, a UnB disse que acompanha com atenção a situação CEU e diz que tem adotado medidas para assegurar o bem-estar da comunidade estudantil e a apuração responsável dos fatos. “Foram instaurados procedimentos administrativos para investigar as denúncias, conforme as normativas da instituição, e ações de apoio psicológico e de mediação de conflitos foram ofertadas”, disse.
Ainda em nota, a universidade diz que “segue colaborando com os órgãos competentes e permanece à disposição para prestar os esclarecimentos necessários”, finalizou.
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