Federação União-PP vira briga entre cacique de SP e aliado de Ciro
Antes de ser homologada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), federação União Progressista passa por disputa de poder em São Paulo
Em vias de ser homologada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a federação entre os partidos União Brasil e Progressistas já vive disputa nos bastidores pelo comando do partido em São Paulo.
A aliados, o ex-presidente da Câmara Municipal da capital paulista Milton Leite (União Brasil), hoje vice-presidente da executiva nacional do partido, afirma que comandará a federação no estado.
Por outro lado, o deputado federal Maurício Neves (PP-SP), presidente da executiva paulista do Progressistas, também diz em conversas reservadas que está próximo de ser oficializado como chefe da federação em São Paulo.
Neves fala todas as semanas com o chefe nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e, segundo interlocutores, tem dito que Ciro e o presidente nacional do União, Antonio Rueda, preferem o nome dele, de Neves, ao de Leite para comandar a federação no estado.
Entre progressistas paulistas, fala-se que o senador pelo Piauí teria aceitado ser o vice-presidente da federação nacional e, em troca, pedido o comando em alguns estados, como São Paulo.
No entorno de Leite, porém, é dito que já estaria sacramentado entre Rueda e Nogueira que o ex-presidente da Câmara dos Vereadores da capital será o chefe da federação.
Segundo esse grupo, durante as conversas para uma aliança dos partidos ficou acordado que as siglas com mais representatividade em cada estado ficariam com o comando nos estados e, no caso de São Paulo, seria o União Brasil.
Nesse tabuleiro, não falta troca de insultos nos bastidores. Enquanto o grupo ligado a Neves diz que o ex-vereador é “truculento”, os aliados de Leite afirmam que o deputado está preocupado em garantir a sua reeleição.
Procurado, Maurício Neves disse que o foco dos integrantes da federação deve ser a formação de uma boa nominata para as eleições de 2026.
“Nós vamos dialogar com os nossos quadros, independente de quem esteja na presidência [da federação] para formar uma candidatura forte”, disse Neves.
Já Milton Leite afirmou que desconhece os motivos que levariam a uma eventual briga pela federação nos bastidores, mas que respeita os políticos do Progressistas.
“Estamos respeitando [os integrantes do PP]. Queremos uma chapa forte, que já está bem montada e vamos trabalhar para ter mais gente. Quanto a cargos deles, nós não temos interesse”, afirmou o ex-presidente da Câmara Municipal.
Veja os números da federação
- Com 11 vereadores em São Paulo, se tornaria a maior bancada do Legislativo municipal.
- 11 deputados estaduais na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
- 109 deputados federais, seria a maior bancada da Câmara dos Deputados.
- 15 senadores, o mesmo tamanho da bancada do PSD, a maior do Senado.
- R$ 953,8 milhões em fundo eleitoral, com base em números de 2024 — maior fatia da distribuição e R$ 67 milhões a mais do que o segundo colocado, o PL.
Resistência nos estados
Embora a aliança entre os dois partidos faça com que a federação tenha o maior fundo partidário do país e aumente consideravelmente a presença no Legislativo (veja números abaixo), integrantes das siglas não escondem que o União Progressista gera problemas regionais.
“Essa federação é maravilhosa”, ironizou o deputado estadual Delegado Olim (PP-SP). “É boa só para duas pessoas. O presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, e o presidente do União, o nosso amigo Antonio Rueda”, acrescentou.
Além de São Paulo, outros estados também estão em atrito por causa da federação União Progressista. O local mais conflituoso é no Paraná, onde o senador Sergio Moro (União) tem tido um bom desempenho nas pesquisas eleitorais para o governo, mas Ricardo Barros (PP) tem se colocado como pré-candidato ao governo.
Os integrantes dos partidos admitem que os atritos regionais irão tirar quadros das legendas.
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