França inicia processo para suspender plataforma da Shein no país

Logo da Shein em centro comercial em Cingapura. Edgar Su/ Reuters A França anunciou, nesta quarta-feira (5), que iniciou o procedimento de suspensão da plataforma de comércio eletrônico Shein em seu território. A decisão veio apenas poucas horas depois de a empresa asiática inaugurar sua primeira loja física permanente no mundo, em Paris. A empresa, fundada na China em 2012 e atualmente sediada em Singapura, vem sofrendo pressão na França há dias, por vender bonecas sexuais com aparência infantil. A prática é investigada pela Justiça francesa. "O governo iniciou o procedimento de suspensão da Shein, dando à plataforma tempo para demonstrar às autoridades públicas que todo o seu conteúdo está finalmente em conformidade com nossas leis e regulamentos", anunciaram as autoridades francesas em um comunicado. Segundo o ministério da economia francês, a empresa tem um prazo de 48 horas para retirar os produtos "proibidos", caso contrário as autoridades poderão ordenar uma "requisição digital" que permita ao governo "exigir a suspensão do site na internet". Veja os vídeos em alta no g1: Veja os vídeos que estão em alta no g1 A empresa disse tomar nota da decisão e reiterou que suas "prioridades absolutas" eram a "segurança" de seus clientes e a "integridade" de seu "marketplace", onde vendedores terceirizados podem oferecer seus produtos online. A plataforma expressou seu desejo de conversar com as autoridades francesas para responder às suas preocupações e anunciou também que suspenderá seu "marketplace" na França, após o escândalo das bonecas sexuais. A empresa já recebeu este ano na França três multas no total de 191 milhões de euros (R$ 1,17 bilhão), por descumprimento da legislação sobre "cookies", promoções falsas, informações enganosas e por não declarar microfibras plásticas. 'Os tempos mudaram' A abertura da primeira loja física da Shein permanente nos históricos grandes magazines BHV, no centro de Paris, foi realizada nesta quarta-feira sob um importante esquema policial. No entanto, o escândalo não impediu que centenas de pessoas fizessem fila horas antes para serem as primeiras a entrar no espaço Shein, de mais de 1.000 m², seja por curiosidade ou convencidas por uma marca que consideram acessível. "Os tempos mudaram, as gerações mudaram", afirmou à AFP Mohamed Joullanar, um jovem de 30 anos que já compra na Shein online e que não contava entrar um dia no BHV, conhecido como "caro". Mas alguns, como Hammani Souhaila, saíram decepcionados. Os produtos vendidos na loja eram "mais caros do que online", afirmou a mulher que, mesmo assim, comprou uma camiseta por 16,49 euros (102 reais) para sua filha de 17 anos. A inauguração também foi marcada por protestos nas proximidades de ativistas pelos direitos das crianças: "Protejam as crianças, não à Shein", dizia um dos cartazes. A Shein enfrenta críticas pelas condições de trabalho em suas fábricas e pelo impacto ambiental de seu modelo de negócios de moda ultrarrápida ('fast-fashion'), às quais se somou recentemente a controvérsia pela venda em sua plataforma de bonecas sexuais com aparência infantil. - "Hipocrisia" - O Ministério Público de Paris abriu investigações contra a Shein, assim como contra os concorrentes online AliExpress, Temu e Wish, centradas na "disseminação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade acessíveis a menores". A imprensa francesa publicou uma foto de uma das bonecas vendidas na plataforma, acompanhada de uma legenda explicitamente sexual. Ela tem cerca de 80 centímetros de altura e segura um urso de pelúcia. A Shein se comprometeu a "cooperar plenamente" com a Justiça e anunciou que está impondo uma proibição a todas as bonecas sexuais. No entanto, o ministro do Interior, Laurent Nuñez, pediu paralelamente à justiça, nesta quarta-feira, o bloqueio do site na internet, onde também foi apontada a presença de facões e socos-ingleses. Frédéric Merlin, o diretor de 34 anos da empresa SGM, que opera o BHV, admitiu que considerou cancelar a parceria com a Shein após o último escândalo, mas depois mudou de ideia. A companhia "tem 25 milhões de clientes na França", destacou nesta quarta-feira. Merlin disse confiar nos produtos que a Shein venderá em sua loja e denunciou uma "hipocrisia geral" em torno da gigante asiática, cuja chegada provocou a saída de algumas marcas desses grandes magazines. As empresas tradicionais de moda varejista temem acabar fechando as portas devido à ascensão meteórica da Shein, que planeja abrir outras lojas na França.

Nov 5, 2025 - 17:30
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França inicia processo para suspender plataforma da Shein no país

Logo da Shein em centro comercial em Cingapura. Edgar Su/ Reuters A França anunciou, nesta quarta-feira (5), que iniciou o procedimento de suspensão da plataforma de comércio eletrônico Shein em seu território. A decisão veio apenas poucas horas depois de a empresa asiática inaugurar sua primeira loja física permanente no mundo, em Paris. A empresa, fundada na China em 2012 e atualmente sediada em Singapura, vem sofrendo pressão na França há dias, por vender bonecas sexuais com aparência infantil. A prática é investigada pela Justiça francesa. "O governo iniciou o procedimento de suspensão da Shein, dando à plataforma tempo para demonstrar às autoridades públicas que todo o seu conteúdo está finalmente em conformidade com nossas leis e regulamentos", anunciaram as autoridades francesas em um comunicado. Segundo o ministério da economia francês, a empresa tem um prazo de 48 horas para retirar os produtos "proibidos", caso contrário as autoridades poderão ordenar uma "requisição digital" que permita ao governo "exigir a suspensão do site na internet". Veja os vídeos em alta no g1: Veja os vídeos que estão em alta no g1 A empresa disse tomar nota da decisão e reiterou que suas "prioridades absolutas" eram a "segurança" de seus clientes e a "integridade" de seu "marketplace", onde vendedores terceirizados podem oferecer seus produtos online. A plataforma expressou seu desejo de conversar com as autoridades francesas para responder às suas preocupações e anunciou também que suspenderá seu "marketplace" na França, após o escândalo das bonecas sexuais. A empresa já recebeu este ano na França três multas no total de 191 milhões de euros (R$ 1,17 bilhão), por descumprimento da legislação sobre "cookies", promoções falsas, informações enganosas e por não declarar microfibras plásticas. 'Os tempos mudaram' A abertura da primeira loja física da Shein permanente nos históricos grandes magazines BHV, no centro de Paris, foi realizada nesta quarta-feira sob um importante esquema policial. No entanto, o escândalo não impediu que centenas de pessoas fizessem fila horas antes para serem as primeiras a entrar no espaço Shein, de mais de 1.000 m², seja por curiosidade ou convencidas por uma marca que consideram acessível. "Os tempos mudaram, as gerações mudaram", afirmou à AFP Mohamed Joullanar, um jovem de 30 anos que já compra na Shein online e que não contava entrar um dia no BHV, conhecido como "caro". Mas alguns, como Hammani Souhaila, saíram decepcionados. Os produtos vendidos na loja eram "mais caros do que online", afirmou a mulher que, mesmo assim, comprou uma camiseta por 16,49 euros (102 reais) para sua filha de 17 anos. A inauguração também foi marcada por protestos nas proximidades de ativistas pelos direitos das crianças: "Protejam as crianças, não à Shein", dizia um dos cartazes. A Shein enfrenta críticas pelas condições de trabalho em suas fábricas e pelo impacto ambiental de seu modelo de negócios de moda ultrarrápida ('fast-fashion'), às quais se somou recentemente a controvérsia pela venda em sua plataforma de bonecas sexuais com aparência infantil. - "Hipocrisia" - O Ministério Público de Paris abriu investigações contra a Shein, assim como contra os concorrentes online AliExpress, Temu e Wish, centradas na "disseminação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade acessíveis a menores". A imprensa francesa publicou uma foto de uma das bonecas vendidas na plataforma, acompanhada de uma legenda explicitamente sexual. Ela tem cerca de 80 centímetros de altura e segura um urso de pelúcia. A Shein se comprometeu a "cooperar plenamente" com a Justiça e anunciou que está impondo uma proibição a todas as bonecas sexuais. No entanto, o ministro do Interior, Laurent Nuñez, pediu paralelamente à justiça, nesta quarta-feira, o bloqueio do site na internet, onde também foi apontada a presença de facões e socos-ingleses. Frédéric Merlin, o diretor de 34 anos da empresa SGM, que opera o BHV, admitiu que considerou cancelar a parceria com a Shein após o último escândalo, mas depois mudou de ideia. A companhia "tem 25 milhões de clientes na França", destacou nesta quarta-feira. Merlin disse confiar nos produtos que a Shein venderá em sua loja e denunciou uma "hipocrisia geral" em torno da gigante asiática, cuja chegada provocou a saída de algumas marcas desses grandes magazines. As empresas tradicionais de moda varejista temem acabar fechando as portas devido à ascensão meteórica da Shein, que planeja abrir outras lojas na França.

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