Golpista engana vendedor e comprador de Porsche e embolsa R$ 890 mil
Carro de luxo anunciado por R$ 1,4 milhão em site de vendas foi usado como isca para enganar as vítimas; criminoso não foi localizado

Vindo do Paraná, o empresário Thiago Marques, de 35 anos, ficou por horas em frente à casa de outro empresário, na noite do último dia 6 de agosto, acreditando que havia comprado — por R$ 890 mil — um Porsche Panamera, modelo 2025.
Após entrar em contato com o morador da residência e dono do carro de luxo — anunciado por R$ 1,4 milhão em um site de vendas –, Thiago constatou, ironicamente em frente ao imóvel de número 171, em Jundiaí, no interior paulista, que havia caído em um golpe.
O autor do crime, identificado como Renan, enganou tanto o vendedor como o comprador, com os quais manteve contato exclusivamente pelo WhatsApp. Ele não havia sido localizado pela polícia até a publicação desta reportagem.
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Dupla enganação
Renan usou um esquema sofisticado para convencer os dois lados sobre a transparência do negócio. Primeiramente, como consta nos depoimentos das duas vítimas, obtidos pelo Metrópoles, ele conversou com Thiago, que manifestou interesse em comprar o Porsche, anunciado em um site especializado em venda de veículos.
Apresentando-se como responsável pelo anúncio, Renan deu garantias, enviando documentação verdadeira do veículo, para convencer o empresário paranaense sobre a legalidade da negociação
Para isso, ele entrou em contato com o verdadeiro dono do carro, outro empresário, de 61 anos, para o qual se apresentou como comprador do veículo.
Falso dono
Renan afirmou para Thiago que era dono do carro de luxo. O empresário do Paraná, por sua vez, pesquisou o CNPJ da empresa, no nome da qual o carro está registrado. O dono da empresa é o empresário de 61 anos, morador de Jundiaí, apresentado falsamente, em mensagem, como se fosse irmão de Renan.
Para ter mais segurança, Thiago solicitou um laudo cautelar do carro, que estava em uma concessionária para revisão. O documento, aprovado e sem restrições, foi encaminhado à vítima.
Convencido pelo golpista, o empresário, então, contratou empréstimos em um banco para pagar pelo Porsche e, com o dinheiro na conta, partiu para Jundiaí.
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Vítimas se encontram
Thiago foi até o endereço do empresário, pelo qual foi atendido e levado até o carro de luxo, fotografado pelo paranaense. Ambos então foram até o 2º Tabelionado de Notas, onde assinaram o documento de compra e venda do carro.
As vítimas também assinaram uma declaração de pagamentos em contas de terceiros, para as quais depósitos para a compra do carro deveriam ser direcionados, por orientação de Renan.
O golpista tomou o cuidado de orientar Thiago para que não falasse de valores sobre a compra do carro. Isso, porque, ele havia mentido ao empresário de 61 anos, afirmando que Thiago apenas o representava na negociação.
Conseguindo os documentos
Renan procurou o dono do Porsche — sempre via mensagem — afirmando que se dispunha a quitar o veículo, em R$ 1.350 milhão, assim que o documento da venda do veículo fosse assinado.
Toda a negociação, incluindo a vinda da outra vítima do Paraná para São Paulo, ocorreu entre os dias 1º e 6. Neste período, o empresário de 61 anos ficou de luto, pela morte do padrasto, envolvendo-se, segundo ele, “em um turbilhão de sentimentos”. O luto, aliado ao casamento da filha, que ocorreu no mesmo período, fizeram com que o empresário se tornasse uma presa fácil para o golpista.
Renan então enviou um comprovante de transferência bancária, de R$ 1.398.846,00, mas o valor não caiu na conta do empresário, que pediu para que o montante fosse transferido via Pix.
O golpista enviou um novo comprovante, com o mesmo valor milionário, também não constatado na conta da vítima, da mesma forma que o primeiro suposto depósito. O empresário de Jundiaí, então, identificou um novo crédito, de R$ 235 mil, que Renan afirmou ter sido feito para “garantir o negócio”. O criminoso, ainda, solicitou para que o empresário transferisse R$ 100 mil desta “garantia” para outra conta — pedido acatado pela vítima.
Vìtimas bloqueadas
Enquanto fingia para o dono do Porsche que estava comprando o veículo, Renan conversava com Thiago, para o qual falsamente vendia o carro de luxo, conseguindo com isso R$ 890 mil — enviados ao golpista, como se fossem pelo pagamento do Porsche.
Após o encontro entre Thiago e o empresário de Jundiaí, momento em que conseguiu as centenas de milhares de reais, Renan desapareceu, bloqueando ambos no WhatsApp.
Os R$ 135 mil restantes, dos R$ 235 mil repassados por Renan para o empresário, foram bloqueados pela instituição bancária.
Já o carro de luxo foi apreendido pela Polícia Civil e, após a formalização da ocorrência, devolvido ao proprietário, que está proibido de vendê-lo até a conclusão das investigações.
Os advogados Reinalds Klemps, Matheus Santos e Marcelo Brito, contratados pelo empresário de Jundiaí, afirmaram, em nota enviada ao Metrópoles, que o cliente “está abalado” com a situação e “aguarda ansiosamente o deslinde das investigações”.
Acrescentaram que a Polícia Civil já investiga o caso como estelionato mediante fraude eletrônica.
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