Irmã gêmea de serial killer foi “conselheira” de crimes, diz polícia

Trocas de mensagens ajudaram polícia a relacionar crimes e verificar envolvimento de irmãs em assassinatos por envenenamento

Oct 11, 2025 - 03:00
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Irmã gêmea de serial killer foi “conselheira” de crimes, diz polícia

A Polícia Civil de São Paulo desvendou um complexo esquema de homicídios em série supostamente orquestrado pelas irmãs gêmeas Ana Paula Veloso Fernandes e Roberta Cristina Veloso Fernandes, de 35 anos.

Ana Paula, que tem grau de instrução superior incompleto e se identifica profissionalmente como enfermeira e estagiária em escritório de advocacia, é a principal investigada, sendo classificada pelas autoridades judiciais como uma “verdadeira serial killer”. Tanto ela como a irmã estão presas.

Articulação Criminosa e o Código “TCC”

As investigações revelaram que a parceria criminosa era marcada por planejamento prévio e divisão de tarefas, conforme comprovado em mensagens e áudios recuperados dos celulares apreendidos. Para se referirem à execução das mortes, de forma velada, as irmãs utilizavam o código TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 6 imagensAna matou Neil por encomenda, no Rio de JaneiroNa casa dela foi encontrado veneno Uma da vítimas foi morta após encontro via appCriminosa está presa desde setembroAcusada está envolvida em ao menos quatro mortes por envenenamento Fechar modal.1 de 6

Ana Paula confessou ter matado colega de moradia à polícia Reprodução/TJSP2 de 6

Ana matou Neil por encomenda, no Rio de JaneiroReprodução/TJSP3 de 6

Na casa dela foi encontrado veneno Reprodução/TJSP4 de 6

Uma da vítimas foi morta após encontro via appReprodução/TJSP5 de 6

Criminosa está presa desde setembroReprodução/TJSP6 de 6

Acusada está envolvida em ao menos quatro mortes por envenenamento Reprodução/TJSP

As conversas mostram que Roberta orientava Ana Paula sobre os aspectos logísticos e financeiros dos homicídios. Roberta, por exemplo, instruía a irmã a “cobrar” por futuros TCCs. Ela ainda alertava sobre a necessidade de sigilo. “Coisas mais importantes, melhor por ligação”, diz trecho dos diálogos mencionados em processo obtido pela reportagem.

Os quatro homicídios e a motivação

As provas técnicas e confissões indicam que quatro homicídios estão ligados diretamente à atuação de Ana Paula, todos praticados, em tese, com o uso de veneno, dificultando a defesa das vítimas. Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência das investigadas, foi encontrado chumbinho, um veneno altamente tóxico e ilegal usado antigamente para matar ratos.

Os crimes, ocorridos entre janeiro e maio deste ano, vitimaram pessoas em Guarulhos, São Paulo e Rio de Janeiro.

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O contexto dos crimes

  • Marcelo Hari Fonseca, morto em 31 de janeiro, havia alugado parte da casa para Ana Paula e Roberta no início de janeiro e foi encontrado morto em estado avançado de putrefação. Ana Paula foi quem acionou a Polícia Militar. Roberta confessou ter queimado o sofá, alegando que ele “estava fedendo muito em razão do estado que Marcelo foi encontrado”. Ana Paula confessou o assassinato, afirmando que o fez após desentendimentos e ameaças. Ela negou ter tido um relacionamento amoroso com Marcelo, admitindo que falou de namoro apenas para tentar permanecer no imóvel após a morte.
  • Maria Aparecida Rodrigues, morta em abril, era amiga de Ana Paula e esteve na residência das gêmeas, onde comeu um bolo com café. Horas depois, foi encontrada morta. Ana Paula admitiu que foi a última pessoa a ter contato alimentar com Maria. O crime foi uma tentativa de incriminação do policial militar Diego Sakaguchi (ex-amante de Ana Paula). A investigada inseriu bilhetes na casa da vítima com as frases “Diego Ferreira polícia não presta” e “Giuliana Fonseca Santana”.
  • Neil Corrêa da Silva, morto em 26 de abril, o idoso, de 64 anos, foi vítima de homicídio por encomenda, com a filha Michelle como suposta mandante. Ana Paula viajou ao Rio de Janeiro para o assassinato. Em áudio enviado para a irmã, Ana Paula relata a execução. Ela confessou o homicídio de Neil, em depoimento. Michele foi presa no último dia 7. A defesa dela não foi encontrada, assim como das irmãs gêmeas. O espaço segue aberto para manifestações.
  • Hayder Mhazres, morto em 23 de maio. Cidadão tunisiano de 21 anos, ele era um contato de Ana Paula via aplicativo de relacionamento. O irmão de Hayder, Hazem Mhazres, relatou que Ana Paula estaria perseguindo a vítima alegando estar grávida para forçar o casamento. Após a morte, Ana Paula contatou o Consulado da Tunísia, mentindo que morava com ele e queria se casar post mortem para garantir os direitos como viúva grávida.

Risco à ordem pública

Atualmente, Ana Paula está presa na Penitenciária Feminina de Santana, zona norte paulistana. Roberta está detida em Guarulhos, na Grande São Paulo.

As Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo destacaram que a liberdade de Ana Paula representaria um risco à ordem pública e à instrução criminal, dada a postura de manipular provas e ao fato de ela ser uma “serial killer”.

O 1º DP de Guarulhos instaurou um novo Inquérito Policial para aprofundar a investigação da participação de Roberta Cristina Veloso Fernandes nos crimes, bem como de outros eventuais cúmplices nos assassinatos.

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