Israel na encruzilhada (por Lucio Reiner) 

Apesar das aparentes vitórias militares, o futuro do Estado judeu é incerto

Jun 19, 2025 - 08:30
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Israel na encruzilhada (por Lucio Reiner) 

Esse bem poderia ser o título de uma futura obra de “Bibi” Netanyahu: Como Fazer Inimigos e Alienar Pessoas(parafraseando o renomado “Como fazer Amigos e Influenciar Pessoas de Dale Carnegie). Em dois anos, o primeiro-ministro de Israel fomentou ódio em gerações palestinas, afastou aliados e reacendeu o antissemitismo global.

Apesar das aparentes vitórias militares, o futuro do Estado judeu é incerto. Em Gaza, a destruição da infraestrutura e o sofrimento de mais de 2 milhões de pessoas criaram uma crise humanitária devastadora. Sem refúgio, presos entre Israel e o Egito, os palestinos resistem ao êxodo. A eliminação do Hamas — eleito democraticamente em 2006 — é improvável. A brutalidade da guerra só fortalece sua causa, alimentando o ciclo de radicalização.

No Líbano, o Hezbollah sofreu perdas com ataques israelenses, mas nada garante que isso seja duradouro. Sem enfrentar as causas do conflito ou oferecer alternativas, os ataques devem se intensificar. O país vive o colapso do Estado, com um governo fraco, um exército simbólico e uma população vulnerável. Paradoxalmente, apenas um Líbano estável poderia negociar a paz com Israel.

Já o Irã foi atacado diretamente por Netanyahu, num movimento estratégico arriscado. O país persa, com forte identidade nacional e regime nascido de uma revolução popular, não cederá facilmente. Suas instalações nucleares são protegidas e dispersas; destruí-las exigiria poderio militar americano, algo que nem Trump aceitou arriscar. A ofensiva, além de ineficaz, tende a unir a população em torno do governo. Esperar uma revolta interna durante ataques estrangeiros é ingênuo. Além disso, o Irã pode causar grande instabilidade ao fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa boa parte do petróleo mundial.

O mais surpreendente é que Netanyahu conseguiu o impensável: reverter a solidariedade ocidental após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. A resposta desproporcional de Israel provocou protestos globais e o distanciamento de aliados. A Europa impôs barreiras comerciais e suspendeu acordos; nos EUA, universidades se tornaram palcos de manifestações. Na Europa, o antigo antissemitismo ganha novo fôlego. Em países como Alemanha e Áustria, ressurgem teorias que relativizam a responsabilidade nazista pelo Holocausto — uma tentativa sutil de reabilitar o preconceito.

O futuro, portanto, não é promissor para Israel sob a liderança atual.

Shalom!

 

Chefe da Assessoria Internacional e Protocolo do Presidente da Câmara dos Deputados.

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