Lula apela a Putin para estender cessar-fogo em guerra com Ucrânia
Petista discutiu conflito com Vladimir Putin na última sexta (9), em viagem criticada pelo governo ucraniano. Rússia anunciou trégua, que se encerrará neste sábado (10); Ucrânia defende cessar-fogo por até 90 dias. Lula encontra Putin na Rússia Ricardo Stuckert/ Presidência da República O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que a Rússia estenda o cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. O apelo foi feito pelo petista em conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, na última sexta-feira (9), em Moscou. Em abril, a Rússia anunciou, de forma unilateral, uma trégua de três dias no conflito contra a Ucrânia. O cessar-fogo entrou em vigor no último dia 8 e deve durar até este sábado (10), segundo o Kremlin. A pausa, de acordo com o governo russo, tem como pano de fundo as homenagens ao aniversário da vitória russa sobre a Alemanha Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao longo das últimas semanas, a Ucrânia passou a fazer apelos para que Putin estenda o cessar-fogo por até 90 dias. A guerra da Rússia contra a Ucrânia já dura três anos. Segundo fontes do governo brasileiro, em conversa com o comandante da Rússia, Lula reiterou a proposta ucraniana e defendeu a Vladimir Putin que a trégua fosse mais extensa. Em entrevista a jornalistas pouco antes de embarcar à China, na madrugada deste sábado, o presidente brasileiro afirmou que discutiu "com o presidente Putin que nós queremos paz". "Nós queremos paz. É importante a paz para a Rússia, é importante para a Ucrânia, é importante para os Estados Unidos, é importante para a União Europeia, que não vai gastar dinheiro em armas", declarou Lula. De acordo com diplomatas brasileiros ouvidos pela TV Globo, após ouvir os apelos de Lula, Vladimir Putin fez elogios ao governo brasileiro, mas não respondeu à proposta de ampliar o cessar-fogo. Presidente Lula se reuniu, hoje, com presidente russo Vladimir Putin Apesar dos diálogos pela paz, a ida de Lula à capital da Rússia é alvo de críticas do governo ucraniano. No Brasil, a viagem também foi rechaçada na diplomacia e na política. Convidado por Putin, o presidente brasileiro foi a Moscou para participar da celebração dos 80 anos da vitória da Rússia sobre a Alemanha Nazista — uma tentativa do governo russo de demonstrar que não está isolado no cenário internacional. Entre os líderes mundiais convidados a participar da homenagem, Lula foi o único representante de uma grande democracia. Especialistas ouvidos pelo g1 avaliam que a presença de Lula leva uma mensagem ruim à democracia brasileira. Eles afirmam que a Rússia, sob Putin, é uma ditadura, com restrições a direitos, além, é claro, da continuidade dos ataques à Ucrânia. A celebração ocorreu nesta sexta, antes do encontro de Lula com Putin, realizado no Kremlin, sede do governo russo. Ao lado do petista, nas celebrações, estavam, por exemplo, o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, questionado internacionalmente por fraudes à eleição; e o líder cubano Miguel Díaz-Canel Vladimir Putin é criticado por potências ocidentais, desde que tropas russas invadiram a Ucrânia, há mais de três anos. O presidente russo até o momento não cedeu aos pedidos para chegar a um acordo de paz. Ao ser questionado pela imprensa nesta madruga, o presidente Lula defendeu sua presença na celebração russa. O petista chamou as críticas de "pequenez". Ele disse que seria "muito mais fácil as pessoas terem um pensamento positivo do que um pensamento negativo" e que a Europa deveria estar "festejando". "A Europa deveria estar festejando o dia de ontem, porque quem estava em guerra era a Europa. A França deveria estar festejando. A Alemanha deveria estar festejando no dia de ontem porque, graças ao que aconteceu em 1945, o nazismo que tomava conta da Alemanha foi derrotado. A Europa inteira deveria estar fazendo festa ontem", afirmou. "As pessoas precisam ser menos menos egoísta do ponto de vista do seu pensamento. Olha, então, se o Brasil fizer uma festa no Brasil sobre qualquer coisa, está explorando politicamente? Se eu vou num baile de carnaval, está sendo explorado politicamente? É pequenez pensar assim. Sinceramente, é pequenez pensar assim", acrescentou Lula. Negociações O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou à imprensa que Lula tratou das "perspectivas da paz no conflito da Ucrânia". "O Brasil colocou-se à disposição para auxiliar no que for de interesse de ambas as partes para contribuir com a construção da paz, inclusive por meio do Grupo de Amigos da Paz, conduzido e criado pelo Brasil e a China no âmbito das Nações Unidas, que reúne países do Sul global", disse o chefe do Itamaraty. Lula afirmou que o "discurso do Brasil vai continuar exatamente o mesmo". "Nós trabalhamos, queremos e torcemos para que essa guerra acabe. E essa guerra só pode acabar se os dois [Rússia e Ucrânia] quiserem. Se um só quiser, não vai acabar. Eu eu vou continuar trabalhando com o Grupo de Amigos, do documento que China e Brasil a


Petista discutiu conflito com Vladimir Putin na última sexta (9), em viagem criticada pelo governo ucraniano. Rússia anunciou trégua, que se encerrará neste sábado (10); Ucrânia defende cessar-fogo por até 90 dias. Lula encontra Putin na Rússia Ricardo Stuckert/ Presidência da República O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que a Rússia estenda o cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. O apelo foi feito pelo petista em conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, na última sexta-feira (9), em Moscou. Em abril, a Rússia anunciou, de forma unilateral, uma trégua de três dias no conflito contra a Ucrânia. O cessar-fogo entrou em vigor no último dia 8 e deve durar até este sábado (10), segundo o Kremlin. A pausa, de acordo com o governo russo, tem como pano de fundo as homenagens ao aniversário da vitória russa sobre a Alemanha Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao longo das últimas semanas, a Ucrânia passou a fazer apelos para que Putin estenda o cessar-fogo por até 90 dias. A guerra da Rússia contra a Ucrânia já dura três anos. Segundo fontes do governo brasileiro, em conversa com o comandante da Rússia, Lula reiterou a proposta ucraniana e defendeu a Vladimir Putin que a trégua fosse mais extensa. Em entrevista a jornalistas pouco antes de embarcar à China, na madrugada deste sábado, o presidente brasileiro afirmou que discutiu "com o presidente Putin que nós queremos paz". "Nós queremos paz. É importante a paz para a Rússia, é importante para a Ucrânia, é importante para os Estados Unidos, é importante para a União Europeia, que não vai gastar dinheiro em armas", declarou Lula. De acordo com diplomatas brasileiros ouvidos pela TV Globo, após ouvir os apelos de Lula, Vladimir Putin fez elogios ao governo brasileiro, mas não respondeu à proposta de ampliar o cessar-fogo. Presidente Lula se reuniu, hoje, com presidente russo Vladimir Putin Apesar dos diálogos pela paz, a ida de Lula à capital da Rússia é alvo de críticas do governo ucraniano. No Brasil, a viagem também foi rechaçada na diplomacia e na política. Convidado por Putin, o presidente brasileiro foi a Moscou para participar da celebração dos 80 anos da vitória da Rússia sobre a Alemanha Nazista — uma tentativa do governo russo de demonstrar que não está isolado no cenário internacional. Entre os líderes mundiais convidados a participar da homenagem, Lula foi o único representante de uma grande democracia. Especialistas ouvidos pelo g1 avaliam que a presença de Lula leva uma mensagem ruim à democracia brasileira. Eles afirmam que a Rússia, sob Putin, é uma ditadura, com restrições a direitos, além, é claro, da continuidade dos ataques à Ucrânia. A celebração ocorreu nesta sexta, antes do encontro de Lula com Putin, realizado no Kremlin, sede do governo russo. Ao lado do petista, nas celebrações, estavam, por exemplo, o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, questionado internacionalmente por fraudes à eleição; e o líder cubano Miguel Díaz-Canel Vladimir Putin é criticado por potências ocidentais, desde que tropas russas invadiram a Ucrânia, há mais de três anos. O presidente russo até o momento não cedeu aos pedidos para chegar a um acordo de paz. Ao ser questionado pela imprensa nesta madruga, o presidente Lula defendeu sua presença na celebração russa. O petista chamou as críticas de "pequenez". Ele disse que seria "muito mais fácil as pessoas terem um pensamento positivo do que um pensamento negativo" e que a Europa deveria estar "festejando". "A Europa deveria estar festejando o dia de ontem, porque quem estava em guerra era a Europa. A França deveria estar festejando. A Alemanha deveria estar festejando no dia de ontem porque, graças ao que aconteceu em 1945, o nazismo que tomava conta da Alemanha foi derrotado. A Europa inteira deveria estar fazendo festa ontem", afirmou. "As pessoas precisam ser menos menos egoísta do ponto de vista do seu pensamento. Olha, então, se o Brasil fizer uma festa no Brasil sobre qualquer coisa, está explorando politicamente? Se eu vou num baile de carnaval, está sendo explorado politicamente? É pequenez pensar assim. Sinceramente, é pequenez pensar assim", acrescentou Lula. Negociações O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou à imprensa que Lula tratou das "perspectivas da paz no conflito da Ucrânia". "O Brasil colocou-se à disposição para auxiliar no que for de interesse de ambas as partes para contribuir com a construção da paz, inclusive por meio do Grupo de Amigos da Paz, conduzido e criado pelo Brasil e a China no âmbito das Nações Unidas, que reúne países do Sul global", disse o chefe do Itamaraty. Lula afirmou que o "discurso do Brasil vai continuar exatamente o mesmo". "Nós trabalhamos, queremos e torcemos para que essa guerra acabe. E essa guerra só pode acabar se os dois [Rússia e Ucrânia] quiserem. Se um só quiser, não vai acabar. Eu eu vou continuar trabalhando com o Grupo de Amigos, do documento que China e Brasil assinaram, continua intacto." "Se eu discutir com o Putin a questão da paz, eu vou discutir com o Xi Jinping a questão da paz. Eu vou discutir com a França a questão da paz", disse o presidente. União Europeia defende trégua A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também manifestou apoio à proposta de ampliação da trégua entre Rússia e Ucrânia. Em uma publicação nas redes sociais neste sábado, ela disse apoiar um "cessar-fogo total e incondicional de 30 dias". "Ele deve ser implementado sem condições prévias para abrir caminho para negociações de paz significativas", escreveu Ursula von der Leyen.
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