MP pede nova prisão e denuncia suspeitos por morte de estudante trans
A estudante Carmen de Oliveira foi morta em Ilha Solteira. Crime teria sido cometido pelo namorado, que não queria assumir o relacionamento
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicitou a prisão de um terceiro envolvido na morte da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, assassinada no Dia dos Namorados em Ilha Solteira, interior do estado. O namorado da vítima, Marcos Yuri Amorim, e o policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos Oliveira já estão presos por participação no crime.
De acordo com as investigações, os dois homens mantinham um relacionamento e teriam trabalhado em conjunto para matar a estudante e ocultar o corpo de Carmen. O terceiro envolvido teria ajudando na ocultação do corpo e na destruição de provas do crime.
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Carmen de Oliveira Alves, estudante assassinadaArquivo Pessoal
A jovem desapareceu após fazer uma prova do curso de zootecnia, no dia 12 de junho, quando foi vista pela última vez, na saída do Campus Ilha Solteira da UnespArquivo Pessoal
Sem respostas por quase 29 dias, amigos e familiares de Carmen iniciaram movimentos de buscas nas redes sociaisArquivo Pessoal
A promotora de Justiça Laís Bazanelli Marques Deguti apresentou denúncia contra os três envolvidos. Marcos Amorim e Roberto Oliveira são acusados de feminicídio com objetivo de assegurar a impunidade de outros delitos, além de ocultação de cadáver e fraude processual. O outro acusado pode responder pelos dois últimos crimes.
Feminicídio da estudante trans
- Carmen foi vista pela última vez em 12 de junho, por volta das 10h em Ilha Solteira, vestindo calça jeans e uma blusa verde. Ela estava em uma bicicleta elétrica.
- A Polícia Civil passou a investigar o caso. Fez buscas pela estudante com auxílio de amigos e familiares da jovem.
- Com o avanço das investigações, dois suspeitos foram presos temporariamente, em 10 de julho: Marcos Yuri Amorim, namorado de Carmen, e Roberto Carlos Oliveira, policial militar ambiental da reserva.
- Segundo o delegado Miguel Rocha, responsável pela investigação do caso, os homens estavam envolvidos em uma relação amorosa e teriam trabalhado em conjunto para matar a estudante e ocultar o corpo.
- A apuração apontou ainda que Marcos Yuri matou Carmen porque não queria assumir a relação.
- Buscas no notebook da estudante mostraram que ela tinha um dossiê contra o rapaz, com provas de roubos e furtos que ele teria cometido em Ilha Solteira.
- A jovem teria usado o dossiê para pressionar o namorado a assumir a relação.
A denúncia destacou ainda que Carmen enviou mensagens a uma amida meses antes do crime relatando que vinha sendo ameaçado. A vítima também afirmou que, caso algo acontecesse com ela, o responsável seria o companheiro. Até o momento da publicação da reportagem, o corpo da mulher não foi encontrado.
Depoimentos inconsistentes
A primeira reconstituição do feminicídio foi feita com base na versão de Roberto, que acompanhou a equipe de investigação. Um dos suspeitos presos, inclusive, confessou anteriormente à polícia que a estudante trans está morta. O homem, todavia, não confirmou ter participado do crime.
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Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP), que não cita quem teria admitido a morte da mulher, um dos presos confessou que a jovem foi assassinada com o uso de um pedaço de ferro e uma faca, após uma discussão. Contudo, os depoimentos dos acusados têm inconsistências.
De acordo com Lucas de Oliveira, irmão de Carmen, a confissão foi feita por Roberto. Ele teria dito à polícia que, quando chegou ao local do crime, a estudante já estava morta, caída no chão. Yuri, por outro lado, nega participação no homicídio.
“O Roberto fala que não participou da ocultação do corpo, que quem fez isso foi o Yuri, e o Yuri fala que foi o Roberto que sumiu com o corpo. Um está jogando para o outro”, explica. “Na versão do Yuri, ele deu uma pancada na cabeça [de Carmen], ele chamou o Roberto para ajudar, e o Roberto ‘terminou de matar ela’”, completou.
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