Na França, casas podem ser compradas com desconto, mas só ficam livres após a morte do dono
Quer morar em Paris pagando mais em conta? É possível, mas você vai ter que esperar para ocupar o apartamento, que pode demorar anos. O modelo en viager é um modelo de negócio em que o proprietário antigo, geralmente um idoso, vende a propriedade e continua morando nele até a morte, quando o novo dono finalmente poderá ocupá-lo. Vista de rua em Paris. Vanessa Geraldeli Como funciona? No contrato de viager, o comprador paga uma entrada inicial chamada bouquet, que costuma ser cerca de 30% do valor do imóvel, e depois prestações mensais vitalícias ao vendedor. O valor é calculado de acordo com a idade e a expectativa de vida do proprietário. Algumas pensões chegam a 500 euros por mês (cerca de R$ 3 mil, em cotação atual). Enquanto isso, o vendedor mantém o direito de usufruto vitalício, ou seja, continua vivendo no imóvel até sua morte. Há duas modalidades: Viager occupé: o mais comum, em que o vendedor permanece no imóvel. Viager libre: mais raro, permite que o comprador ocupe ou alugue o bem imediatamente. Vantagens e riscos Para quem compra, o atrativo é o desconto: o valor pode ficar de 40% a 60% abaixo do mercado. Mas há um risco: o tempo de espera depende da longevidade do vendedor. Um caso famoso foi o da francesa Jeanne Calment, que viveu até os 122 anos e fez o comprador pagar prestações por décadas sem nunca usufruir da propriedade. Francesa Jeanne Calment, que morreu aos 122 anos em 1997, é a única pessoa reconhecida por ter vivido além dos 120 Getty Images via BBC O comprador, o advogado André-François Raffray, concordou em pagar 2.500 francos por mês a Calment, no acordo feito ainda na década de 1960, quando a idosa tinha 90 anos. Ele morreu antes dela, sem usufruir da casa, que ficava em Arles, no sul da França. E, no fim das contas, acabou pagando o dobro do valor do imóvel. Para o vendedor, o modelo garante renda extra e moradia assegurada nos últimos anos de vida, além de reduzir a preocupação com herança ou impostos sucessórios. Prática em Paris O modelo representa menos de 1% das transações imobiliárias na França, mas vem crescendo de 6% a 8% ao ano, segundo a Renee Costes Viager, empresa que abocanha 40% do mercado. O aumento da longevidade e a busca de idosos por segurança financeira tem aumentado as buscas pelo modelo. Anúncios de imóveis nessa modalidade costumam destacar a idade do proprietário, justamente para orientar os interessados sobre o tempo provável de pagamento. No entanto, não é permitido questionamentos sobre a saúde do vendedor. Catedral de Notre-Dame, em Paris, reabre torres após restauração


Quer morar em Paris pagando mais em conta? É possível, mas você vai ter que esperar para ocupar o apartamento, que pode demorar anos. O modelo en viager é um modelo de negócio em que o proprietário antigo, geralmente um idoso, vende a propriedade e continua morando nele até a morte, quando o novo dono finalmente poderá ocupá-lo. Vista de rua em Paris. Vanessa Geraldeli Como funciona? No contrato de viager, o comprador paga uma entrada inicial chamada bouquet, que costuma ser cerca de 30% do valor do imóvel, e depois prestações mensais vitalícias ao vendedor. O valor é calculado de acordo com a idade e a expectativa de vida do proprietário. Algumas pensões chegam a 500 euros por mês (cerca de R$ 3 mil, em cotação atual). Enquanto isso, o vendedor mantém o direito de usufruto vitalício, ou seja, continua vivendo no imóvel até sua morte. Há duas modalidades: Viager occupé: o mais comum, em que o vendedor permanece no imóvel. Viager libre: mais raro, permite que o comprador ocupe ou alugue o bem imediatamente. Vantagens e riscos Para quem compra, o atrativo é o desconto: o valor pode ficar de 40% a 60% abaixo do mercado. Mas há um risco: o tempo de espera depende da longevidade do vendedor. Um caso famoso foi o da francesa Jeanne Calment, que viveu até os 122 anos e fez o comprador pagar prestações por décadas sem nunca usufruir da propriedade. Francesa Jeanne Calment, que morreu aos 122 anos em 1997, é a única pessoa reconhecida por ter vivido além dos 120 Getty Images via BBC O comprador, o advogado André-François Raffray, concordou em pagar 2.500 francos por mês a Calment, no acordo feito ainda na década de 1960, quando a idosa tinha 90 anos. Ele morreu antes dela, sem usufruir da casa, que ficava em Arles, no sul da França. E, no fim das contas, acabou pagando o dobro do valor do imóvel. Para o vendedor, o modelo garante renda extra e moradia assegurada nos últimos anos de vida, além de reduzir a preocupação com herança ou impostos sucessórios. Prática em Paris O modelo representa menos de 1% das transações imobiliárias na França, mas vem crescendo de 6% a 8% ao ano, segundo a Renee Costes Viager, empresa que abocanha 40% do mercado. O aumento da longevidade e a busca de idosos por segurança financeira tem aumentado as buscas pelo modelo. Anúncios de imóveis nessa modalidade costumam destacar a idade do proprietário, justamente para orientar os interessados sobre o tempo provável de pagamento. No entanto, não é permitido questionamentos sobre a saúde do vendedor. Catedral de Notre-Dame, em Paris, reabre torres após restauração
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