Israelenses de luto pedem reconhecimento do Estado palestino
Manifestantes em Israel pedem pelo fim da guerra em Gaza. Associated Press/Mahmoud Illean Quando seus pais foram assassinados no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, Maoz Inon jurou que rejeitaria a vingança e escolheria o caminho da reconciliação, para ele e para seu país. O empresário do setor de turismo de 49 anos está entre os milhares de israelenses que pedem à comunidade internacional que reconheça formalmente o Estado da Palestina antes da Assembleia Geral da ONU na próxima semana, durante a qual vários países ocidentais planejam anunciar o reconhecimento. Ataque mata 34 pessoas em Gaza às vésperas da reunião da ONU Inon, que participou há 20 anos de outro movimento pela paz, acredita que o diálogo, o reconhecimento e o perdão dos dois lados são fundamentais para um futuro seguro na região. "Vingando a morte, não vamos devolver a vida deles. E vamos apenas intensificar o ciclo de violência, derramamento de sangue e vingança no qual estamos presos, não desde 7 de outubro, mas há um século", afirma. Quando o ataque aconteceu, Inon disse que "não ficou surpreso", após anos de "ocupação, opressão e muros entre nós e o outro lado". "Eu sabia que explodiria em nossa cara", explica à AFP de Tel Aviv. "Nunca imaginei, nem no meu pior pesadelo, que eu pagaria o preço". Desde então, ele se tornou uma figura crucial de uma nova campanha a favor do reconhecimento do Estado da Palestina, mas admite que não é fácil convencer a opinião pública israelense. Segundo uma pesquisa do Centro de Pesquisas Pew, apenas 21% dos adultos israelenses acreditam que Israel e um Estado Palestino podem coexistir pacificamente, o menor resultado desde que a pergunta começou a ser formulada pelo instituto em 2013. A campanha, que recebeu o nome "Não à guerra - Sim ao reconhecimento", já reuniu mais de 8.500 assinaturas de israelenses e os organizadores esperam alcançar 10.000 para apresentá-la na Assembleia Geral da ONU. "Reconhecer um Estado Palestino não é um castigo para Israel, e sim um passo em direção a um futuro mais seguro e melhor, baseado no reconhecimento mútuo e na segurança para ambos os povos", afirma o texto. "Desumanização" A iniciativa foi apresentada pelo movimento cidadão israelense Zazim, que distribuiu milhares de cartazes e instalou um outdoor em Tel Aviv como parte da campanha. "Em 8 de outubro de 2023 já estava claro que a doutrina de administrar o conflito havia desmoronado completamente, e que tínhamos duas opções", destaca Raluca Ganea, cofundadora do movimento. "Uma é a destruição total e aniquilação do outro lado, a outra a solução de dois Estados". A situação em Gaza dominará a Assembleia Geral da ONU que começa na segunda-feira, quase dois anos após o início da ofensiva militar israelense em resposta ao ataque do Hamas. França, Reino Unido, Bélgica, Canadá e Austrália anunciaram que pretendem reconhecer o Estado palestino durante o evento na ONU. Ganea acredita que seria um passo em direção ao fim do que ela chama de "desumanização" dos palestinos, especialmente em Gaza, ao conceder a estas pessoas o mesmo "status que as outras nações do mundo". Inon aponta que o reconhecimento deve ser acompanhado de medidas concretas. "Todos os que atuam contra uma solução de dois Estados devem ser punidos, devem receber sanções", disse. Yonatan Zeigen perdeu sua mãe, Vivian Silver, uma famosa ativista pela paz, em 7 de outubro de 2023, quando ela foi assassinada no kibutz Beeri. "Tive que acompanhar minha mãe até sua morte por telefone", relata. Após um sentimento de "impotência total", agora ele assegura que "o único futuro sustentável e viável é que ambos os povos compartilhem a terra". "A libertação palestina e a segurança israelense dependem de que os palestinos obtenham seus direitos básicos", afirma. Contudo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que "não haverá Estado palestino" e os membros de extrema-direita de seu governo promovem a expansão da colonização na Cisjordânia ocupada para impedir a possibilidade. Ataques de Israel matam ao menos 34 pessoas em Gaza


Manifestantes em Israel pedem pelo fim da guerra em Gaza. Associated Press/Mahmoud Illean Quando seus pais foram assassinados no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, Maoz Inon jurou que rejeitaria a vingança e escolheria o caminho da reconciliação, para ele e para seu país. O empresário do setor de turismo de 49 anos está entre os milhares de israelenses que pedem à comunidade internacional que reconheça formalmente o Estado da Palestina antes da Assembleia Geral da ONU na próxima semana, durante a qual vários países ocidentais planejam anunciar o reconhecimento. Ataque mata 34 pessoas em Gaza às vésperas da reunião da ONU Inon, que participou há 20 anos de outro movimento pela paz, acredita que o diálogo, o reconhecimento e o perdão dos dois lados são fundamentais para um futuro seguro na região. "Vingando a morte, não vamos devolver a vida deles. E vamos apenas intensificar o ciclo de violência, derramamento de sangue e vingança no qual estamos presos, não desde 7 de outubro, mas há um século", afirma. Quando o ataque aconteceu, Inon disse que "não ficou surpreso", após anos de "ocupação, opressão e muros entre nós e o outro lado". "Eu sabia que explodiria em nossa cara", explica à AFP de Tel Aviv. "Nunca imaginei, nem no meu pior pesadelo, que eu pagaria o preço". Desde então, ele se tornou uma figura crucial de uma nova campanha a favor do reconhecimento do Estado da Palestina, mas admite que não é fácil convencer a opinião pública israelense. Segundo uma pesquisa do Centro de Pesquisas Pew, apenas 21% dos adultos israelenses acreditam que Israel e um Estado Palestino podem coexistir pacificamente, o menor resultado desde que a pergunta começou a ser formulada pelo instituto em 2013. A campanha, que recebeu o nome "Não à guerra - Sim ao reconhecimento", já reuniu mais de 8.500 assinaturas de israelenses e os organizadores esperam alcançar 10.000 para apresentá-la na Assembleia Geral da ONU. "Reconhecer um Estado Palestino não é um castigo para Israel, e sim um passo em direção a um futuro mais seguro e melhor, baseado no reconhecimento mútuo e na segurança para ambos os povos", afirma o texto. "Desumanização" A iniciativa foi apresentada pelo movimento cidadão israelense Zazim, que distribuiu milhares de cartazes e instalou um outdoor em Tel Aviv como parte da campanha. "Em 8 de outubro de 2023 já estava claro que a doutrina de administrar o conflito havia desmoronado completamente, e que tínhamos duas opções", destaca Raluca Ganea, cofundadora do movimento. "Uma é a destruição total e aniquilação do outro lado, a outra a solução de dois Estados". A situação em Gaza dominará a Assembleia Geral da ONU que começa na segunda-feira, quase dois anos após o início da ofensiva militar israelense em resposta ao ataque do Hamas. França, Reino Unido, Bélgica, Canadá e Austrália anunciaram que pretendem reconhecer o Estado palestino durante o evento na ONU. Ganea acredita que seria um passo em direção ao fim do que ela chama de "desumanização" dos palestinos, especialmente em Gaza, ao conceder a estas pessoas o mesmo "status que as outras nações do mundo". Inon aponta que o reconhecimento deve ser acompanhado de medidas concretas. "Todos os que atuam contra uma solução de dois Estados devem ser punidos, devem receber sanções", disse. Yonatan Zeigen perdeu sua mãe, Vivian Silver, uma famosa ativista pela paz, em 7 de outubro de 2023, quando ela foi assassinada no kibutz Beeri. "Tive que acompanhar minha mãe até sua morte por telefone", relata. Após um sentimento de "impotência total", agora ele assegura que "o único futuro sustentável e viável é que ambos os povos compartilhem a terra". "A libertação palestina e a segurança israelense dependem de que os palestinos obtenham seus direitos básicos", afirma. Contudo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que "não haverá Estado palestino" e os membros de extrema-direita de seu governo promovem a expansão da colonização na Cisjordânia ocupada para impedir a possibilidade. Ataques de Israel matam ao menos 34 pessoas em Gaza
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