No DF, mistura de álcool e direção causou 85% das suspensões de CNH
Das 9.582 suspensões registradas em 2025, 8.183 ocorreram por causa de flagrantes de alcoolemia ao volante
O número de condutores do Distrito Federal que tiveram o direito de dirigir suspenso após cometerem alguma infração de trânsito aumentou consideravelmente nos últimos anos, de acordo com o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF).
Os dados mostram que, neste ano, até o fim de novembro, 9.582 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) foram suspensas, número maior que o registrado em todo o ano de 2024 — quando foram 8.574.
Chama atenção os motivos que levaram os condutores a terem o direito de dirigir suspenso. Do total, 85% ocorreram devido a flagrantes de alcoolemia ao volante. No ano passado, esse número foi ainda maior: das 8.574 suspensões, 7.954 foram de condutores bêbados.
Veja o gráfico:
Combinação fatal
A combinação álcool e volante, além de ilegal, não traz bons resultados. No dia 14 de dezembro, um homem bêbado foi preso após tentar fugir e agredir agentes do Detran-DF durante uma blitz na QNM 08/10, em Ceilândia (DF). Ele chegou a levar a mão à cintura, sugerindo que poderia sacar uma arma.
Após resistir e não obedecer, o homem foi atingido com um taser, arma de choque usada pelos agentes. Mesmo após a intervenção, o condutor tentou fugir a pé em direção a um bar nas proximidades, mas foi alcançado e contido pelos agentes.
Em novembro, um motorista bêbado atropelou um homem de 44 anos e um adolescente de 13. As vítimas eram pai e filho, e o homem faleceu após ser atingido. O suspeito atropelou as vítimas no km 30 da DF-130, no núcleo rural Café Sem Troco, no Paranoá (DF). Ele fugiu, mas foi encontrado por policiais momentos depois.
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No mês anterior, um motorista bêbado foi detido após provocar um acidente de carro, próximo a Candangolândia (DF). A reportagem do Metrópoles apurou que o próprio condutor causou o acidente, após perder o controle do veículo. Segundo a Polícia Militar (PMDF), o motorista não tinha CNH e admitiu ter ingerido bebida alcoólica.
Em março, um jovem de 27 anos morreu atropelado na BR-070, sentido Plano Piloto, após ser atingido por um motorista que fez o teste do bafômetro e estava embriagado. As informações preliminares da época apontaram que a vítima teria tentado atravessar a rodovia, quando foi atingido pelo carro. Com o impacto da batida, o para-brisa do veículo despedaçou-se.
Até quem deveria prezar pelo trânsito, às vezes, dá o mau exemplo. No mês passado, um funcionário terceirizado do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) foi desligado, após denúncias de que ele estaria dirigindo viaturas oficiais com sinais de embriaguez. Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram que ele usava a camisa de uma campanha do Maio Amarelo, voltada à conscientização sobre dirigir bêbado, em um dos flagrantes.
Condutas imprudentes
Ao Metrópoles o Gerente de Registro e Controle de Penalidades do Detran-DF, Rodrigo Freitas Xavier, disse que o elevado número de suspensões decorre, principalmente, de condutas imprudentes, do desrespeito às normas de trânsito e da condução de veículos sob efeito de álcool.
“Esses comportamentos elevam significativamente o risco de sinistros e resultam na aplicação das penalidades previstas na legislação vigente”, avaliou.
Contudo, a tendência, segundo ele, é de mudança a partir do aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos e da aplicação efetiva das penalidades. “A modernização dos processos e o cumprimento rigoroso das suspensões contribuem para a redução da sensação de impunidade e atuam como fator inibidor de novas condutas infracionais.”
De acordo com Xavier, quando o condutor percebe que a penalidade é aplicada de forma concreta e consistente, o impacto na prevenção é imediato.
Educação
Paralelamente às ações administrativas e de fiscalização, a gerente de Ação Educativa de Trânsito do Detran-DF, Magda Brandão, disse que a autarquia atua diretamente na conscientização dos motoristas, com o objetivo de prevenir infrações que podem resultar na suspensão ou cassação do direito de dirigir.
“O foco é a mudança de comportamento nas vias, utilizando a abordagem direta e a educação lúdica como ferramentas de conscientização”, pontuou.
Entre as ações desenvolvidas, de acordo com Magda, estão as blitzes educativas e o projeto Rolê Consciente. “Na primeira, os condutores recebem orientações sobre condutas de risco. Enquanto isso, na última, agentes percorrem bares para alertar sobre os perigos da alcoolemia”, detalhou a gerente.
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