O que diz o Deutsche Bank sobre operação apontada como centro do colapso da Ambipar
Ambipar afirma que aditivo assinado com o Deutsche Bank disparou espiral que levou a multinacional à crise financeira
O Deutsche Bank afirma que a operação apontada pela Ambipar como o centro do colapso da multinacional foi negociada de forma “transparente” após ser “amplamente discutida” com os representantes legais da empresa.
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“Os swaps foram realizados totalmente de acordo com os padrões da indústria e nossas obrigações legais. Conforme declarado em nossas petições ao Poder Judiciário, os swaps foram firmados a pedido da empresa e o aditivo foi celebrado para ajudar a reduzir os custos de hedge da empresa”, diz o banco em nota.
Ainda de acordo com o Deutsche Bank, “os termos do aditivo foram transparentes para a empresa, amplamente revisados por seus representantes legais, e o contrato foi assinado pelos diretores estatutários Thiago da Costa Silva e Luciana Freire Barca Nascimento”. “As chamadas de margem solicitadas pelo Deutsche Bank foram motivadas principalmente pela variação cambial e de taxas de juros.”
Como mostrou a coluna, a Ambipar afirma que a assinatura disparou o espiral que levou a multinacional à crise financeira. O contrato, inclusive, teria sido assinado por dois “amigos”: o ex-CFO da empresa João Arruda e o vice-presidente do Deutsche Bank, Henrique Ramin.
Arruda e Ramin trabalharam juntos no Bank of America (BofA). Em fevereiro deste ano, Arruda e Ramin teriam estruturado um bond para captar US$ 493 milhões, com hedge cambial feito com o Deutsche Bank — do qual Ramin já era VP há quase seis meses – e decidido transferir para o banco alemão também o hedge de um bond de 2031 feito quando ambos ainda estavam no Bank of America (BofA). O argumento usado foi o de que isso reduziria custo para a Ambipar.
Já em março deste ano, ambos começam a estruturar o chamado PIK Bond, que é um instrumento financeiro que adia o desembolso de caixa, mas aumenta o endividamento total. Isso porque se trata de um título de dívida em que os juros são pagos com mais títulos de dívida — e não em dinheiro.
A Ambipar diz, ainda, que o banco alemão passou a fazer ameaças diárias caso as margens não fossem depositadas – o que, na prática, significava que 100% das dívidas venceriam de imediato.
Ao saber do contrato do PIK Bond, o Banco Santander também antecipou o vencimento de US$ 112 milhões, passando a exigir pagamento imediato – e o Itaú seguiu uma trilha parecida, ameaçando cobrar US$ 90 milhões de uma dívida contratada nos EUA. Criou-se, então, um espiral, de acordo com a Ambipar.
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