O que esperar do novo governo em Portugal, com o Chega como principal força da oposição no Parlamento

Partido de extrema direita conquista segundo lugar graças aos votos dos expatriados e rompe ciclo de meio século de bipartidarismo no país. André Ventura celebra bons resultados da extrema direita em Portugal Rodrigo Antunes/Reuters Portugal vive uma realidade inédita desde a sua redemocratização —a de ter um partido de extrema direita, o Chega, como principal força opositora no Parlamento. Graças aos votos dos portugueses que vivem fora do país, a legenda garantiu o segundo lugar nas eleições, à frente dos socialistas, com 60 assentos na Assembleia Legislativa. “O sistema político hoje muda para sempre. Nada será como antes”, decretou André Ventura, líder do Chega, fundado há apenas seis anos. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Ex-comentarista de futebol, ele está certo ao constatar que o partido rompeu com o bipartidarismo em Portugal —meio século de alternância entre social-democratas (PSD) e socialistas (PS) no comando do governo. Para tanto, descreve o sistema político como corrupto e incapaz de enfrentar os desafios que o país impõe, e conseguiu abarcar hordas de expatriados em França, Suíça, Luxemburgo e Brasil. A euforia dos ultradireitistas do Chega ao conquistarem esta segunda posição na preferência do eleitor português, contudo, deve ser dosada. O partido ainda está longe de chegar ao governo. A Aliança Democrática, liderada pelo premiê Luís Montenegro, sempre descartou fechar acordo com a extrema direita para obter a maioria no Parlamento, às custas de uma plataforma anti-imigração e de corte de benefícios. Centro-direita vence eleições em Portugal O primeiro-ministro, de centro-direita, prefere contar com o apoio do tradicional adversário PS, agora rebaixado para o terceiro lugar, com 58 cadeiras, a aliar-se ao Chega. Mas, durante a campanha eleitoral, ele foi obrigado a lançar mão de medidas duras, anunciando a expulsão de 18 mil estrangeiros que vivem de forma irregular no país, para seduzir o eleitor. A opção de uma coalizão entre os conservadores do PSD e os socialistas se assemelha ao que ocorre atualmente na Alemanha: o bloco de centro-direita de Friedrich Merz fechou acordo com o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, para formar governo e isolar o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Os socialistas portugueses devem eleger no sábado como novo líder o ex-ministro do Interior José Luís Carneiro, de perfil moderado. Ele pode ser um trunfo para o primeiro-ministro formar governo e conter a ascensão do Chega. Tudo indica que, embalado pelo desempenho no pleito realizado há dez dias, o partido radical de direita vá mirar Montenegro como seu alvo principal, com o objetivo de buscar novas eleições. A era de estabilidade política que formou Portugal por meio século ficou para trás.

May 29, 2025 - 11:00
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O que esperar do novo governo em Portugal, com o Chega como principal força da oposição no Parlamento

Partido de extrema direita conquista segundo lugar graças aos votos dos expatriados e rompe ciclo de meio século de bipartidarismo no país. André Ventura celebra bons resultados da extrema direita em Portugal Rodrigo Antunes/Reuters Portugal vive uma realidade inédita desde a sua redemocratização —a de ter um partido de extrema direita, o Chega, como principal força opositora no Parlamento. Graças aos votos dos portugueses que vivem fora do país, a legenda garantiu o segundo lugar nas eleições, à frente dos socialistas, com 60 assentos na Assembleia Legislativa. “O sistema político hoje muda para sempre. Nada será como antes”, decretou André Ventura, líder do Chega, fundado há apenas seis anos. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Ex-comentarista de futebol, ele está certo ao constatar que o partido rompeu com o bipartidarismo em Portugal —meio século de alternância entre social-democratas (PSD) e socialistas (PS) no comando do governo. Para tanto, descreve o sistema político como corrupto e incapaz de enfrentar os desafios que o país impõe, e conseguiu abarcar hordas de expatriados em França, Suíça, Luxemburgo e Brasil. A euforia dos ultradireitistas do Chega ao conquistarem esta segunda posição na preferência do eleitor português, contudo, deve ser dosada. O partido ainda está longe de chegar ao governo. A Aliança Democrática, liderada pelo premiê Luís Montenegro, sempre descartou fechar acordo com a extrema direita para obter a maioria no Parlamento, às custas de uma plataforma anti-imigração e de corte de benefícios. Centro-direita vence eleições em Portugal O primeiro-ministro, de centro-direita, prefere contar com o apoio do tradicional adversário PS, agora rebaixado para o terceiro lugar, com 58 cadeiras, a aliar-se ao Chega. Mas, durante a campanha eleitoral, ele foi obrigado a lançar mão de medidas duras, anunciando a expulsão de 18 mil estrangeiros que vivem de forma irregular no país, para seduzir o eleitor. A opção de uma coalizão entre os conservadores do PSD e os socialistas se assemelha ao que ocorre atualmente na Alemanha: o bloco de centro-direita de Friedrich Merz fechou acordo com o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, para formar governo e isolar o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Os socialistas portugueses devem eleger no sábado como novo líder o ex-ministro do Interior José Luís Carneiro, de perfil moderado. Ele pode ser um trunfo para o primeiro-ministro formar governo e conter a ascensão do Chega. Tudo indica que, embalado pelo desempenho no pleito realizado há dez dias, o partido radical de direita vá mirar Montenegro como seu alvo principal, com o objetivo de buscar novas eleições. A era de estabilidade política que formou Portugal por meio século ficou para trás.

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