Operação Cama de Gato: Justiça condena 7 e penas somam 260 anos
Entre os condenados pela Justiça de Piraju (SP) por organização criminosa, tráfico de drogas e coação, três são policiais civis

A Justiça de Piraju, no interior de São Paulo, condenou, nessa quarta-feira (1º/10), cinco homens e duas mulheres denunciados pelo Ministério Público do estado (MPSP) no âmbito da Operação Cama de Gato, deflagrada em setembro do ano passado. Somadas, as penas impostas ultrapassam os 260 anos de prisão — por crimes como: organização criminosa, tráfico de drogas e coação no curso do processo.
Também foi determinada pelo Poder Judiciário a perda dos cargos de policiais civis ocupados por três dos homens. Eles não poderão exercer outro cargo ou função pública por oito anos.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para obter posicionamento sobre a condenação dos policiais civis, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Segundo a pasta, os três policiais civis citados permanecem presos no Presídio da Polícia Civil por tráfico de drogas e respondem a processo administrativo disciplinar, que pode resultar na perda de seus cargos.
Ao condenar os acusados, a 2ª Vara de Piraju decretou ainda o perdimento de dois veículos de alto padrão e de quase R$ 100 mil apreendidos com os condenados.
Todos os réus tiveram suas prisões preventivas mantidas e deverão pagar solidariamente o valor de R$ 500 mil a título de indenização por danos morais coletivos.
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Arma apreendida em operação Cama de Gato do Gaeco, em São PauloReprodução- MPSP 2 de 2
MPSP e PM apreendem valores em dinheiro na Operação Cama de Gato
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A investigação apontou que policiais civis da cidade se organizaram para subtrair cargas de entorpecentes de traficantes locais, vinculados a facções criminosas.
Segundo denúncia da Promotoria, os agentes simulavam prisões que, na realidade, não aconteciam, forjando situações para dar aos traficantes a oportunidade de fugir e, assim, ficar com as drogas.
De posse das drogas — e em conluio com outros policiais –, os investigados enviavam as remessas para comunidades no Rio de Janeiro. Os pagamentos decorrentes do tráfico eram feitos para laranjas.
Além de policiais civis, egressos do sistema prisional também integravam a organização criminosa, facilitando a troca de informações e atraindo traficantes responsáveis pela remessa de grandes quantidades de entorpecentes que seriam posteriormente subtraídos.
Um integrante do esquema tinha habilitação para pilotar helicóptero e, com isso, viabilizava o transporte aéreo e interestadual das cargas de drogas.
Operação Cama de Gato
A operação realizada pelo Gaeco prendeu, em setembro de 2024, quatro policiais civis investigados de participar de um esquema de tráfico de drogas na cidade de Piraju, no interior paulista.
Um dos agentes era Paulo Rogério Cardoso (PL), conhecido como Paulinho Policial, que concorria à reeleição na época da operação. Assim como os outros policias, ele teria forjado falsas operações contra tráfico de drogas para repassar o material.
De acordo com o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Nelson Aparecido Febraio Júnior, os policiais faziam com que traficantes locais comprassem drogas de traficantes maiores. Quando a remessa de droga chagava, eles simulavam uma apreensão de drogas.
“Nessa armadilha para que a droga chegasse até eles e eles pudessem desviar essa droga, ninguém era preso. Eles deixavam as pessoas fugirem do local e a droga nunca era apresentada na delegacia de polícia. Essa droga era armazenada entre eles e, posteriormente, entregue a terceiros que estão sendo identificados neste momento”, explicou o promotor.
Além de responderem criminalmente, os policiais civil foram sendo investigados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Na mesma operação, denominada “Cama de Gato”, foram cumpridos ao todo 12 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em cidades do interior de São Paulo e em municípios do Paraná. As investigações mostraram que o esquema começou na cidade de Carlópolis, no Paraná.
Além das prisões, também foram apreendidos carros de luxo e R$ 105 mil em dinheiro.
Os nomes dos agentes presos não foram divulgados. O Metrópoles tentou contato com a defesa do vereador Paulo Rogério, mas não obteve resposta.
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