Os avanços e recuos de Hugo Motta para punir os golpistas da Câmara
Dará em nada ou em pouca coisa

Na última quarta-feira (6), ao convocar uma sessão da Câmara para recuperar o controle sobre o plenário sequestrado por deputados bolsonaristas, Hugo Motta (Republicanos-PB) anunciou que “quaisquer condutas que tenham por finalidade impedir ou obstaculizar as atividades legislativas” estariam sujeitas à suspensão cautelar do mandato por até seis meses.
Pouco antes, Motta acionara a Polícia Legislativa. Ela montou uma barreira na entrada principal do plenário para impedir o acesso de estranhos. Agentes de segurança ocuparam pontos estratégicos do plenário. Caso os rebelados oferecessem resistência, esperavam apenas uma ordem de Motta para os removerem dali. A ordem não foi dada. Dada foi a humilhação de Motta.
Para sentar em sua cadeira de presidente da Câmara, Motta teve que atravessar uma barreira de quase 50 deputados que gritavam palavras de ordem e impediam sua passagem. Um deles chegou a estender a perna para provocar o tropeção de Motta. A certa altura da travessia de poucos metros que durou 6 minutos, Motta quase deu marcha ré, desistindo do seu intento.
Na quinta-feira, Motta afirmou que providências seriam tomadas ainda naquele dia para punir os parlamentares que “se excederam ao dificultar o reinício dos trabalhos”. Não tomou. Ontem, disse:
“Acho que deve ter punição, porque o que aconteceu realmente foi muito grave, até para que isso não volte a acontecer. Não podemos concordar com o que aconteceu, temos que ser pedagógicos nessa situação”.
A montanha pariu um rato. A Mesa da Câmara, presidida por Motta, adiou qualquer decisão sobre o destino dos deputados insurgentes. Preferiu mandar para a Corregedoria a lista de 14 nomes já denunciados por partidos. Só após a análise do órgão é que Mesa decidirá se irá sugerir ou não ao Conselho de Ética da Câmara a suspensão do mandato deles, e por quanto tempo.
O corregedor, deputado Diego Coronel (PSD-BA), terá 48 horas a partir da próxima segunda-feira para elaborar seu parecer. Caberá ao Conselho de Ética, num prazo de três dias, decidir a sorte de cada um. Ainda assim, cabe recurso ao plenário contra a decisão do Conselho. Será do plenário a última palavra. Ali, costuma prevalecer na maioria das vezes o espírito de corpo da instituição.
Motta virou um pato manco.
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