Os feridos de morte pelo tarifaço de Trump

Sem entender o mínimo do Brasil e dos brasileiros, o presidente Donald Trump fez questão de vincular seu tarifaço à sorte de Jair Bolsonaro e dos demais golpistas de dezembro de 2022 e janeiro de 2023. E o fez pressionando o Supremo Tribunal Federal (STF) para que os abolsova. Atendeu a um pedido dos Bolsonaro, pai e filhos, estrategistas […]

Jul 15, 2025 - 05:50
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Os feridos de morte pelo tarifaço de Trump

Sem entender o mínimo do Brasil e dos brasileiros, o presidente Donald Trump fez questão de vincular seu tarifaço à sorte de Jair Bolsonaro e dos demais golpistas de dezembro de 2022 e janeiro de 2023. E o fez pressionando o Supremo Tribunal Federal (STF) para que os abolsova. Atendeu a um pedido dos Bolsonaro, pai e filhos, estrategistas políticos geniais!

(Usei um ponto de exclamação aí em cima à falta de um ponto de ironia, não inventado até hoje.)

Resultado da vinculação:  no início da madrugada de hoje, a Procuradoria-Geral da República, em suas alegações finais, pediu a condenação de todos os réus do chamado núcleo duro do golpe, entre eles, Bolsonaro e generais. Seus defensores serão ouvidos pela última vez. A palavra final caberá então aos ministros da Primeira Turma do STF.

Ali, dos cinco, quatro (Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin) são considerados votos certos pela condenação. Luiz Fux poderá votar contra ou apenas divergir na hora de estabelecer o tamanho da pena de cada um dos réus.  Tudo deverá estar consumado em agosto ou setembro próximo. Para Bolsonaro, o melhor é já ir se acostumando com a ideia.

De fora do núcleo duro do golpe, ficarão feridos de morte pelo menos dois nomes de relevo: Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Eduardo (PL), o mais comprovadamente idiota dos quatro filhos Zero de Bolsonaro. Já tive melhor impressão de Tarcísio. Já o julguei mais inteligente do que parecia. Mas acho que me enganei.

Enganam-se todos que veem Tarcísio como político. Ele é por formação um engenheiro militar. Nunca pensou em entrar na política. Caiu de paraquedas em São Paulo empurrado por Bolsonaro. Nem domicílio eleitoral ele tinha ali. Arranjou um às pressas. Queria ser senador. Forçado pelo padrinho, candidatou-se ao governo e se elegeu. Para sempre, Tarcísio lhe será grato.

O mundo militar, fechado em si mesmo. O dever de lealdade é absoluto. Aprende-se na academia que em batalha um combatente depende do outro para sobreviver. E que a vida toda deve ser assim. No mundo civil é diferente. Há mais tolerância com as traições. Em muitos casos, os traidores são tratados como sujeitos espertos, afinal, há que se levar vantagem em tudo.

Não é por esperteza que Tarcísio condiciona sua candidatura a presidente ao apoio de Bolsonaro – é por lealdade. Daí os passos em falso. Culminou com o uso do chapeuzinho de Trump e a compra da politização da carta onde o presidente americano falava da “caça às bruxas”, referindo-se ao julgamento de Bolsonaro. Tarcísio jogou nas costas de Lula a culpa pelo tarifaço.

Não bastasse, voou a Brasília e reuniu-se com Bolsonaro. Depois, bateu à porta da embaixada dos Estados Unidos para conversar com o encarregado de negócios que não tem poder algum.  Por fim, sugeriu a ministros do STF que devolvessem o passaporte de Bolsonaro para que ele fosse a Washington intermediar um acordo entre os dois países. Seria possível uma coisa dessas? Queimou-se.

Os bolsonaristas o acusam de trair o grande líder, um pecado mortal. A Faria Lima decepcionou-se com ele. O Centrão no Congresso está em busca de outro candidato para enfrentar Lula. E se antes ele já não pensava em Eduardo, o tarifaço encarregou-se de enterrá-lo em definitivo.  Quem votaria em um candidato que se julgasse o pai do tarifaço de Trump? Só os malucos.

Eduardo, sifu. Tarcísio ainda sonha com a ressurreição. Não custa sonhar.

 

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