Os Paralamas do Sucesso e a ponte inédita que uniu a América Latina

O trio rompeu barreiras linguísticas e consolidou o rock brasileiro nos países vizinhos, pavimentando um legado de integração

tibauemacao.

Nov 1, 2025 - 04:30

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Os Paralamas do Sucesso e a ponte inédita que uniu a América Latina

Os Paralamas do Sucesso alcançaram um feito inédito na história da música brasileira: construíram uma ponte sólida entre o Brasil e os países vizinhos de língua espanhola, algo que nenhum outro artista conseguiu igualar. Embora Roberto Carlos tenha tido sucesso em diversos países latino-americanos, o trio de Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone integrou ativamente a música dos hermanos às suas composições.

A latinidade se manifestou na sonoridade dos Paralamas antes mesmo de eles pisarem nos palcos argentinos ou chilenos. Herbert Vianna, por exemplo, foi mais influenciado por lendas como Charly García e Fito Páez do que por Jimi Hendrix, conforme relatou João Barone. Essa assimilação musical tornou-se explícita em álbuns como Bora-Bora (1988), que trouxe influências de salsa, calipso e merengue.

No início dos anos 90, com a recessão no Brasil e a hegemonia de outros gêneros no cenário pop nacional, os Paralamas se arriscaram em turnês nos países vizinhos, encontrando não só receptividade do público, mas também um profundo respeito dos músicos locais. Essa estratégia deu mais do que certo, e a banda assimilaria prontamente a música desses gigantes regionais.

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O álbum Os Grãos (1991) consolidou essa influência, tendo como maior hit a versão em português de “Trac Trac”, de Fito Páez. Além disso, canções como “Carro Velho” (ou “Coche Viejo”) se tornaram megahits na Argentina, Bolívia, Chile, Peru e Uruguai, sendo até hoje a canção imediatamente associada à banda por muitos. O trabalho consciente do grupo em gravar versões de músicas locais (como “Música Ligeira”, do Soda Stereo) e adaptar seus próprios sucessos para o espanhol (“Inundados”, de “Alagados”) garantiu essa adoção.

O sucesso latino-americano se manteve forte nos anos seguintes, com álbuns como 9 Luas (1995), que trazia a versão de “Lourinha Bombril” (“Párate y Mira”, do Los Pericos). Naquela época, os Paralamas eram headliners ou atrações de destaque em festivais locais, equiparáveis em sucesso a muitos nomes norte-americanos ou ingleses.

Mesmo movimentando-se hoje mais pela nostalgia, o trio segue sendo o nome mais forte do rock brasileiro em terras latinas, um legado de integração que será celebrado em Brasília.

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