Pardos somam 84% das mortes por síndrome respiratória aguda no DF
Vale ressaltar que, no total, 56 pessoas morreram de síndrome respiratória aguda, mas apenas 19 informaram cor e raça durante o atendimento dos profissionais da SES-DF

De 19 óbitos registrados tendo como causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos últimos cinco meses, 16 foram de pessoas autodeclaradas pardas. O número corresponde a 84% dos óbitos totais em decorrência da doença. Os dados correspondem aos registros válidos de cor e raça informados ao Boletim Epidemiológico de SRAG e Síndromes Gripais nº 10, da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), que analisou casos entre 29 de dezembro de 2024 até 31 de maio deste ano.
Vale ressaltar que, no total, 56 pessoas morreram da síndrome respiratória aguda, mas apenas 19 informaram cor e raça durante o atendimento dos profissionais da SES-DF.
A porcentagem de mortes da população parda tem crescido na capital federal nos últimos anos devido à síndrome respiratória. Foi registrado um aumento no número de mortes últimos quatro anos, um salto de 17% em relação ao mesmo período em 2022. Os brancos são os outros 16% declarados que tiveram óbito registrado pela Secretaria de Saúde.
Confira a porcentagem de pardos que corresponde ao número de mortes por SRAG:
Com uma porcentagem acima de 75% desde 2022, a estatística envolvendo diagnósticos de SRAG em pessoas declaradas pardas cresceu durante os primeiros seis meses de 2022 e 2024. O maior percentual foi registrado em 2024, somando 78,2% dos casos. Atualmente, o grupo representa 77% das internações. Os declarados brancos somam 20%, os pretos 2% e os amarelos correspondem a 1% dos diagnósticos.
De acordo com o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,37 milhão de brasilienses se declaram pardos, o que corresponde a 48,66% da população da capital federal. Os brancos representam 39,98% da população, cerca de 1,2 milhão de pessoas e os negros são 10,71%, número equivalente a 300 mil pessoas.
Aumento de casos e queda de mortes no DF
Quando compara-se o acumulado de casos (4.079) e óbitos (56) de SRAG nas 22 semanas epidemiológicas de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, observa-se um aumento de 19% dos casos de SRAG (3.439) e um decréscimo de 47% dos óbitos de SRAG, 105.
Vinte e sete casos são registrados por dia no Distrito Federal, e a cada três dias morre uma pessoa por síndrome respiratória no Distrito Federal. Esse número é o dobro em comparação aos dois primeiros meses do ano.
Dos 4.079 casos de SRAG notificados em 2025 no DF, 2.885 (71%) foram por vírus respiratórios. Os casos de SRAG correspondem: 10% por influenza, 7% por SARS-CoV-2 e 54% por outros vírus respiratórios. Entre os óbitos, a presença desses vírus foi de 75,4% para influenza A; 1% para influenza B; 12,5% para VSR; 8,7% para rinovírus; e 4,4% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Segundo a SES-DF, o número de internações por SRAG aumentou 120% em relação ao mesmo período no ano passado. Até a primeira semana de junho, foram registrados 4.315 casos, enquanto em 2024 haviam sido internados 3.574 pessoas. Houve também uma alta nas internações por síndrome gripais em relação ao ano anterior, subindo de 9.431 para 9.778 neste ano.
Síndrome respiratória aguda
A Síndrome Respiratória Aguda Grave é caracterizada por um quadro viral com febre alta, tosse seca, falta de ar (dispneia) ou dificuldade para respirar, além de pneumonia atípica. Segundo Mariana Ramos, infectologista do Núcleo de Controle de Infecção do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) existem várias formas de se contaminar. “A transmissão dos vírus que causam a SRAG ocorre pelas vias aéreas, por meio do contato com a boca e o nariz de pessoas suscetíveis”, explicou.
A infectologista informou que o vírus do gênero coronavírus é um dos agentes mais frequentemente envolvidos, mas outros vírus também podem causar esse quadro. “Entre as principais doenças causadoras da síndrome estão as pneumonias provocadas pelo SARS-CoV-1 e, mais recentemente, pelo SARS-CoV-2, causador da Covid-19”, disse Mariana.
O período de frio combinado com um clima seco do Distrito Federal podem ser fatores de colaboração para as infecções. “Durante o frio, as pessoas tendem a permanecer em ambientes fechados e com maior proximidade física, o que facilita a transmissão de partículas virais”, relatou a infectologista.
Além da vacinação contra a gripe, existem outras formas de prevenção, e é recomendado pelos profissionais de saúde que elas sejam adotadas de forma conjunta.
“Entre as principais medidas estão: higienizar as mãos com frequência, realizar a limpeza regular de móveis e ambientes comunitários, praticar a etiqueta da tosse e do espirro (cobrindo a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo ou com um lenço), utilizar máscaras cirúrgicas enquanto estiver com sintomas respiratórios, evitar aglomerações e locais públicos se estiver doente, além de manter a vacinação em dia (Covid-19, Influenza, VSR). O combate à SRAG é uma responsabilidade coletiva. Quanto mais pessoas aderirem às medidas preventivas, maior será a nossa capacidade de evitar casos graves e mortes”, reforçou a infectologista.





De 19 mortes registradas causadas no Distrito Federal por Síndrome Respiratória Aguda grave (Srag), 16 foram de pessoas pardas, número que corresponde a 84% dos óbitos totais Tony Winston/Agência Brasília2 de 4
Segundo a SES-DF, o número de internações por SRAG aumentou 120% em relação ao mesmo período no ano passadoFoto: Arquivo/Agência Saúde-DF3 de 4
De acordo com o Censo 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,37 milhão de brasilienses se declara pardo, o que corresponde a 48,66% da população da capital federalMarcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo4 de 4
A vacinação contra a Influenza A está bem abaixo da meta no Distrito Federal Marcelo Camargo/Agência Brasil
Alerta em 20 estados
De acordo com o boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 20 estados e o DF apresentaram incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, porém com tendência de queda ou estabilidade nas últimas semanas. No entanto, a incidência de hospitalizações por SRAG nessas regiões continua muito elevada. A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 23, de 1º a 7 de junho.
A amostra alerta que este ano o total de casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) no país tem sido maior do que o anotado nos últimos dois anos. Entre as semanas epidemiológicas 19 e 22, o número de casos de SRAG quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, registrando um aumento de 91%. Essa alta atípica de ocorrências se concentra principalmente nos estados das regiões Centro-Sul. A influenza A e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) têm causado o maior número de hospitalizações por SRAG, que seguem aumentando em boa parte do Brasil.
O último boletim, referente à semana epidemiológica 24 deste ano, correspondente aos dias 8 a 14 de junho deste ano, mostra que as crianças menores de 2 anos e os idosos com mais de 65 anos são as faixas etárias mais notificadas
Vacinação contra Influenza A
O Distrito Federal já vacinou 632 mil pessoas contra a Influenza A, segundo dados da Secretária de Saúde, mas segue abaixo da meta no alcance ao grupo de risco. Com apenas 39,03% do grupo prioritário vacinado, o DF é o 7º estado que menos vacinou, de acordo com o Ministério da Saúde.
Inicialmente, a vacina foi liberada para crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, puérperas, professores das redes pública e privada, povos indígenas e quilombolas, profissionais da saúde, população privada de liberdade, membros das Forças Armadas, pacientes com doenças crônicas e pessoas em situação de rua. Desde o dia 19 de maio, o imunizante foi liberado pela SES-DF para todos os públicos.
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