Patrimônio milionário de inimigo do PCC em Rio Claro vai a leilão
Valor de bens de integrantes do Bonde do Magrelo, incluindo o líder preso no interior de São Paulo, é estimado em R$ 12,5 milhões
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) obteve autorização da Justiça para levar a leilão bens atribuídos a Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, e a outros dois investigados em um processo que apura crimes ligados ao tráfico de drogas e à atuação de organização criminosa em Rio Claro, no interior paulista.
Apontado como o líder do Bonde do Magrelo, Anderson está preso desde maio de 2023 e é conhecido como inimigo declarado do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a Promotoria, os bens sequestrados no curso da investigação estão avaliados em até R$ 12,586 milhões, valor indicado no pedido de bloqueio patrimonial apresentado ainda durante a fase inicial da ação penal. A medida tem como objetivo preservar o valor econômico dos ativos até o desfecho definitivo do processo.
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Reprodução/MPSP
Anderson Ricardo, o Magrelo, chefe do Bando do Magrelo, preso em 2023Reprodução
Anderson Ricardo, o Magrelo, chefe do Bando do Magrelo, preso em 2023Reprodução
Anderson Ricardo de Menezes, o "Magrelo", apontado como líder da quadrilha que se opõe ao PCC no interior de SP Reprodução/MPSP
Arte/Metrópoles
Além de Magrelo, a decisão judicial alcança Rafael Freitas dos Santos e Carlos Euzebio Netto, cujos patrimônios também foram apreendidos e incluídos na alienação antecipada, autorizada pela Justiça.
O que será leiloado
De acordo com a decisão da 2ª Vara Criminal de Rio Claro, os bens atribuídos a cada investigado são:
- Anderson Ricardo de Menezes (Magrelo) — quatro imóveis, localizados no estado de São Paulo e na Bahia, apontados pelo MPSP como incompatíveis com a renda declarada.
- Rafael Freitas dos Santos — dois veículos, apreendidos durante a investigação e mantidos em pátio judicial.
- Carlos Euzebio Netto — um imóvel, também sequestrado por suspeita de vínculo com as atividades do grupo investigado.
A Justiça autorizou que os bens sejam vendidos em leilão eletrônico, com lance mínimo fixado em percentual do valor de avaliação, e determinou que os recursos arrecadados fiquem depositados em conta judicial até o trânsito em julgado da ação penal.
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Reação da defesa
A defesa de Magrelo recorreu da decisão. Em mandado de segurança, obtido pelo Metrópoles, os advogados argumentaram que a alienação antecipada seria ilegal por ocorrer antes do trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos) e sustentaram que, ao menos, um dos imóveis serve de residência para a esposa e a filha menor do investigado, não havendo risco de abandono ou deterioração.
A Promotoria, por sua vez, afirmou que a manutenção dos bens poderia gerar depreciação, acúmulo de encargos e perda de valor de mercado, o que comprometeria eventual decretação futura da perda forçada dos bens.
O procurador de Justiça Nelson Gonzaga de Oliveira manteve a autorização para o leilão, conforme publicado no último dia 9, destacando que a medida não representa confisco antecipado, mas sim uma forma de preservar o valor econômico do patrimônio enquanto o processo segue em curso.
Contexto criminal
Magrelo está preso e é apontado pelo MPSP como figura central de um grupo criminoso que atua em Rio Claro e cidades da região, com envolvimento em tráfico de drogas, disputas territoriais e episódios de violência armada, principalmente contra membros do PCC.
Como já mostrado pelo Metrópoles, o grupo liderado por Magrelo passou a ser associado a uma escalada de homicídios no interior paulista, muitos deles cometidos à luz do dia e com armamento pesado, em um cenário de conflito permanente com o PCC pelo controle do tráfico local.
Esse histórico é citado pela Promotoria como pano de fundo da investigação que levou à prisão do suspeito e ao sequestro de seus bens, agora colocados sob risco de alienação judicial enquanto a Justiça analisa o possível desfecho da ação penal.
Com a prisão de Magrelo, como revelou o Metrópoles, a liderança do grupo antagônico ao PCC foi assumida por Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto, o Bode, apontado como liderança do Comando Vermelho em São Paulo — facção pela qual foi batizado em território carioca e no qual estaria atualmente foragido.
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