Pela primeira vez, pesquisadores conseguem medir coroa de buraco negro

Descoberta poderá ajudar os cientistas a entender como os buracos negros se desenvolvem. Medição foi possível por causa de alinhamento raro

Sep 15, 2025 - 16:30
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Pela primeira vez, pesquisadores conseguem medir coroa de buraco negro

Apesar de a tecnologia disponível não ser capaz de fotografar buracos negros com nitidez, cientistas conseguiram medir, pela primeira vez, a coroa que circunda um dos objetos cósmicos gigantes. A análise foi realizada no buraco negro supermassivo RX J1131 e só foi possível graças a um raro alinhamento de astros.

As descobertas lideradas por pesquisadores holandeses foram publicadas em versão pré-print no arXiv em março. Assim que for revisado por pares, o estudo estará na revista científica Astronomy & Astrophysics.

O buraco negro está localizado a quase seis bilhões de anos-luz da Terra e gira mais rápido que a velocidade da luz. O RX J1131 se alimenta de gás e poeira, que aquece a uma temperatura de milhões de graus, tornando-o tão brilhoso quanto um quasar, um núcleo galáctico muito luminoso.

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Sua coroa é composta por um nuvem de gás superaquecido, com cerca de 50 unidades astronômicas, um tamanho próximo ao do nosso Sistema Solar.

A medição aconteceu após uma galáxia a quase quatro bilhões de anos-luz da Terra e suas estrelas se alinharem. Nessa situação, a gravidade das estrelas alinhadas “curva” o espaço-tempo, ampliando a luz do que está ao fundo — elas se tornaram “lupas”, criando um efeito de zoom duplo e ajudando a observar melhor o redor do buraco negro.

Segundo o autor principal do artigo, Matus Rybak, é a primeira vez que a medição foi feita. “Em princípio, encontramos uma nova maneira de observar o que acontece muito perto do buraco negro”, destaca o pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda, em entrevista ao portal Live Science.

“Parceria” entre galáxia e estrelas

A galáxia que permitiu a visibidade do buraco negro era bastante massiva, fazendo com que sua gravidade curvasse e ampliasse a luz emanada pelo RX J1131. Foram criadas quatro imagens diferentes do quasar, com pequenas oscilações brilhantes nas fotos.

Durante a análise, os pesquisadores perceberam que havia algo estranho. Se as variações de luz viessem do próprio buraco negro, as imagens aumentariam e diminuiram o brilho ao mesmo tempo. No entanto, as fotos mostravam que as luzes piscavam sem depender umas das outras.

As responsáveis por esse efeito eram as estrelas da própria galáxia, que atuaram como pequenas lentes, aumentando várias partes da coroa do quasar. As pequenas amplificações na coroa do buraco negro, que era bastante compacta, produziram os brilhos independentes vistos na imagens.

“Essa era a prova cabal de que tinha algo ao longo do caminho. Essa cintilação nos dados não poderia ser explicada de outra forma”, afirma Rybak. A análise da cintilação permitiu a medição da amplitude da coroa do RX J1131.

Por fim, os cientistas destacam que a descoberta pode ajudar a entender como os buracos negros se desenvolvem ao longo do tempo. Contando com o auxílio de telescópios modernos, Rybak diz que as descobertas estão apenas começando. “O mais emocionante é que veremos coisas que ainda nem sabemos que existem”, finaliza.

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