Pesquisadores descobrem 17 sítios arqueológicos em Niterói
Objetos encontrados nos sítios arqueológicos fornecem informações valiosas sobre as práticas e habilidades dos povos que habitaram a região
Cientistas do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas Indígenas (NuPAI), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), realizam estudos em Niterói desde dezembro de 2022. O trabalho já identificou 17 sítios arqueológicos, mostrando que a ocupação humana na região oceânica é mais extensa do que se imaginava.
Os bairros de Itaipu e Camboinhas concentram a maior parte das descobertas recentes, incluindo os locais chamados Jurema Branca e Ubá. Esses achados confirmam a relevância da região como uma das mais antigas do litoral brasileiro.
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Expansão do mapeamento arqueológico
No início das pesquisas, apenas três sítios arqueológicos eram oficialmente registrados em Niterói. Com o trabalho do NuPAI, o número chegou a 17, incluindo o Sambaqui de Camboinhas, datado entre 8 e 9 mil anos, um dos mais antigos do país.
O coordenador do NuPAI, Anderson Marques Garcia, explica que o projeto busca compreender se os sítios foram ocupados pelos mesmos grupos ao longo do tempo ou por populações distintas. As escavações indicam uma presença humana contínua e diversificada na região por milênios.
Achados arqueológicos
Nos sítios arqueológicos foram encontrados dentes de tubarão perfurados, ossos humanos e de animais, lascas de quartzo e sílex, pigmentos minerais e restos de fogueiras. Algumas áreas apresentam camadas arqueológicas com mais de um metro de profundidade, indicando ocupações prolongadas.
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Dente de tubarão perfurado, utilizado como adorno Reprodução/Anderson Marques
Fragmento ósseo de peixe xaréuReprodução/Anderson Marques
Outros achados incluem vértebras de golfinhos, blocos de diabásio utilizados como ferramentas e pigmentos usados para pinturas e grafites. Os vestígios permitem reconstruir aspectos da alimentação, saúde e ambiente dos antigos habitantes.
Território indígena amplo
As descobertas recentes, próximas ao Sambaqui do Camboatá, indicam que os territórios indígenas ocupavam áreas muito maiores do que os limites reconhecidos anteriormente.
Os sítios foram localizados em diferentes tipos de ambientes, como dunas, restingas planas, afloramentos rochosos, nascentes, abrigos naturais e pequenas ilhas.
Além disso, a diversidade de locais ocupados sugere que os povos indígenas aproveitavam os recursos naturais de maneira estratégica, garantindo alimento, água e abrigo ao longo de diferentes estações do ano.
Artefatos, técnicas e cultura indígena
Na Duna Grande, os pesquisadores registraram mais de 8 mil fragmentos de ferramentas de pedra lascada e objetos usados no cotidiano, como instrumentos de corte e lascas de fabricação de utensílios. Apesar do tamanho reduzido, cada fragmento fornece informações valiosas sobre as práticas, habilidades e soluções tecnológicas dos povos que habitaram a região.
Segundo Anderson Marques Garcia, cada vestígio constitui um patrimônio coletivo, fundamental para compreender a história da ocupação humana em Niterói. Os achados permitem reconstruir aspectos da vida cotidiana, da organização social e da interação com o ambiente natural, oferecendo uma visão mais completa da ancestralidade indígena.
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