Por Lula, Boulos mira motoboys para atrair grupo que “marçalizou” em SP
Ministério de Boulos terá grupo de trabalho com lideranças não ligadas a sindicatos para discutir políticas para trabalhadores de aplicativo
O início da gestão de Guilherme Boulos (PSol) como ministro do governo Lula tem sido marcado pela atenção à pauta dos entregadores de aplicativo, os chamados motoboys, público que nas últimas eleições municipais foi atraído por candidatos da direita como o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que quase chegou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Em uma de suas primeiras agendas como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Boulos recebeu lideranças de movimentos de entregadores, como JR Freitas, do Movimento dos Trabalhadores Sem Direito, e Nicolas Santos, da Aliança Nacional dos Entregadores.
Ambos farão parte de um grupo de trabalho que será montado pelo ministério para discutir uma política voltada aos motoboys. Entre os pleitos dos trabalhadores em diálogo com a pasta de Boulos, estão um piso de pagamento por entrega e por quilômetro rodado, além de maior transparência por parte dos algoritmos utilizados por plataformas de delivery como o iFood.
“Esse é um tema que eu fui orientado pelo presidente Lula a tratar com máxima prioridade. Hoje, são 3 milhões de trabalhadores no Brasil inteiro que trabalham por aplicativo, seja o entregador que sobe na moto todo dia e às vezes trabalha 10 horas/dia nas grandes cidades, uma profissão que é quase de risco, seja o trabalhador que dirige o Uber”, disse Boulos na última terça-feira (25/11), no programa “Bom Dia, Ministro”, do governo federal.
A expectativa é que a portaria para a criação do grupo de trabalho seja publicada nos próximos dias. A iniciativa será feita em parceria com o Ministério do Trabalho e também contará com a presença de representantes da Justiça do Trabalho.
Boulos já vinha sinalizando pela pauta quando apresentou um projeto de lei enquanto deputado federal que prevê melhorias nas condições de trabalho e na remuneração dos entregadores de aplicativo.
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O texto tramita em uma comissão especial na Câmara, mas não conta com otimismo dos movimentos de motoboys de que avançará. Publicamente, Boulos segue dizendo que acredita que o projeto prospere. Nos últimos dias, o ministro se reuniu com o relator e o presidente da comissão e os convidou para participar das conversas também no grupo de trabalho.
Me reuni hoje com integrantes da Aliança Nacional dos Entregadores e recebi deles uma carta com as principais demandas da categoria. Conversa boa e direta. Vamos trabalhar juntos para garantir direitos para os trabalhadores de aplicativo no Brasil.
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