Promotor que investiga o PCC cogita asilo político após aposentadoria
Promotor Lincoln Gakiya declarou durante entrevista ao programa Acorda, Metrópoles, após assassinato de ex-delegado na segunda (15/9)

O promotor que investiga o Primeiro Comando da Capital (PCC), Lincoln Gakiya, afirmou na manhã desta quarta-feira (17/9) em entrevista ao programa Acorda, Metrópoles que cogita pedir asilo quando se aposentar. A fala veio logo depois do assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz, morto na segunda-feira (15/9), em Praia Grande. Ruy ficou conhecido por sua atuação contra o PCC quando estava no cargo.
Leia também
-
São Paulo
Ex-delegado morto: digital em carro “entregou” identidade de suspeito
-
Mirelle Pinheiro
Como delegado assassinado desvendou pista que levou Marcola à prisão
-
São Paulo
Polícia ouve mãe de suspeito de ligação com assassinato de ex-delegado
-
Fabio Serapião
Execução de delegado desestimula investigadores, diz promotor de SP
Gakiya comentava sobre um possível “medo” dentro de corporações policiais do retorno do combate entre PCC e a polícia nas ruas, muito comum no início dos anos 2000, principalmente no momento de aposentadoria destes agentes. O promotor explicou que já existe um projeto de lei em andamento no Ministério da Justiça que dispõe sobre o combate às organizações criminosas de forma federal, que trata deste ponto.
“Se não houver essa garantia de proteção, principalmente após aposentadoria, pessoas como eu, por exemplo, não teriam outra opção a não ser pedir asilo político no exterior. Não seria um visto de turista, pois estaríamos correndo risco de vida dentro do meu país por organizações criminosas que o Estado não conseguiu enfrentar e propiciar minha segurança”, disse o promotor, que cogita ir para a Europa ou Estados Unidos.
A questão vem à tona após o assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz em Praia Grande, que foi morto a tiros na noite de segunda (15/9). Até o momento, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), dois suspeitos de envolvimento no crime já foram identificados e a polícia cumpre mandados de busca e apreensão na capital e na Grande São Paulo.
O próprio Gakiya foi alvo de um plano que pretendia sequestrar e matar, além dele, o senador Sergio Moro e sua família. Os planos de ataque foram descobertos em 2023 pelo Ministério Público de São Paulo, que compartilhou as informações com a Polícia Federal.
O que se sabe sobre a execução
A polícia usa imagens de câmeras de segurança para entender a dinâmica do crime. Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o momento em que os criminosos dera início à emboscada. Eles estacionaram um carro em uma rua próxima da Prefeitura de Praia Grande, onde a vítima trabalhava como titular da Secretaria de Administração, às 18h02.
Nenhuma linha de investigação descartada
Autoridades da SSP não descartam a participação de agentes públicos na execução de Ferraz. Além de ter sido inimigo número 1 do PCC quando atuava como delegado, Ruy Ferraz tinha inimizades dentro da polícia e trabalhava como secretário de Administração em Praia Grande, onde pode ter contrariado interesses locais. Oficialmente, nenhuma hipótese é descartada pela cúpula da SSP.
6 imagens
Fechar modal.
1 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Alesp2 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Prefeitura de Praia Grande3 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Alesp4 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloReprodução/Prefeitura de Praia Grande5 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São PauloDivulgação/Polícia Civil6 de 6
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SPDivulgação/Polícia Civil de SP
Internamente na Polícia Civil, a ação tem sido comparada à execução do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, inimigo do PCC morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. De acordo com as investigações, três PMs teriam sido contratados pela facção para executar o crime.
Entre as linhas de investigação sobre o mando do crime, a força-tarefa acredita em uma possível vingança do PCC. Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a facção no estado, no começo dos anos 2000, e atuou na transferência algumas das principais lideranças para presídios federais de segurança máxima, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Quem era Ruy Ferraz
- Ruy Ferraz Fontes atuou por mais mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo era especialista na facção criminosa PCC.
- Ele iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
- Durante a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
- Também atuou como delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
- Além disso, Ferraz foi delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.
- O então secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP).
- Ele ainda foi professor Assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e atou como Professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol).
- Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nessa segunda-feira.
- O policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
- Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.
What's Your Reaction?






