Próximo passo da Câmara será salvar Eduardo Bolsonaro e tirar Hugo Motta
Regimento exige assinatura dos sete membros da Mesa para declarar perda de mandato de Eduardo. Motta demonstrou que não tem maioria na Casa
O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), vai precisar do apoio de todos os membros da Mesa Diretora para tirar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) por faltas.
Embora o Regimento Interno da Casa determine que a ausência é punida com a perda do mandato, é necessário que os sete integrantes do comando da Câmara assinem o documento. Eduardo não trabalha desde março, quando fugiu para os Estados Unidos na tentativa de evitar o mesmo destino do pai.
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A considerar o que se viu entre esta quarta-feira e a madrugada de quinta-feira (11/12), Motta pode não obter o apoio necessário para decretar a perda do mandato do filho de Jair Bolsonaro (PL).
Ao menos dois dos sete integrantes da Mesa Diretora votam contra na largada — Altineu Côrtes (PL-RJ) e Elmar Nascimento (União-BA). E não será difícil convencer mais dois.
Os votos para salvar uma deputada presa (Carla Zambelli) e um deputado que esmurrou um adversário político nas dependências da Câmara (Glauber Braga) são demonstrações da insatisfação dos partidos com Motta. Foragido, Alexandre Ramagem (PL-RJ) só não escapou da degola ainda porque a votação do seu caso será na semana que vem.
Nenhum presidente coloca uma pauta sensível para votar sem saber se tem os votos necessários para aprová-la. Ou Motta foi traído ou demonstrou um amadorismo que vai lhe custar caro. Já se fala, inclusive, num movimento conjunto entre PT e PL para tirá-lo do posto. Motta rompeu com os líderes dos dois partidos.
A consequência imediata das votações é que, se o governo quiser aprovar qualquer matéria na Câmara, não tem mais com quem negociar. Motta perdeu as condições de garantir a aprovação de qualquer proposta.
Caberá ao Planalto partir para o varejo e negociação o voto com cada deputado ou senador. O país já experimentou isso. Deu no mensalão, no petrolão, no orçamento secreto, na emenda Pix…
Como mostrou a coluna, a operação para salvar Glauber já é uma amostra grátis. De dentro do Planalto, a um andar do gabinete de Lula, André Ceciliano, do Ministério da Relações Institucionais, chantageou deputados do baixo clero a votarem com o governo se quisessem dinheiro em ano eleitoral.
O governo vai aproveitar a chance para fragilizar a atual composição de forças no Congresso e no Supremo. Hugo Motta já foi rifado. O poder de Davi Alcolumbre (União-AP) começa a ruim. Pela primeira vez o governo mediu forças com ele ao ignorá-lo sobre a vaga no Supremo e, ontem, Alcolumbre começou a ter suas decisões questionadas em plenário.
Lula passou os primeiros três anos do seu governo encastelado. Demonstra agora, a menos de um ano das eleições, que está mais Lula do que nunca.
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