Quem são os afrikaners e por que eles viraram tema de confronto de Trump com presidente da África do Sul?
Presidente dos EUA afirmou que esse grupo se tornou “vítima de discriminação racial” e que sofriam um suposto “genocídio branco”. Esses argumentos, no entanto, foram feitos sem comprovação. Alguns afrikaners veem o presidente dos EUA, Donald Trump, como um aliado REUTERS Os afrikaners – uma comunidade de brancos sul-africanos descendentes de holandeses, alemães e franceses – se tornaram um tema importante para Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Ele tem afirmado que esse grupo se tornou “vítima de discriminação racial” e que sofreu um suposto “genocídio branco”. Esses argumentos, no entanto, foram feitos sem comprovação. Nenhum dos partidos políticos da África do Sul — inclusive os que representam os afrikaners e a comunidade branca, em geral — afirmou haver um genocídio no país. Nesta quarta-feira (21), Trump constrangeu o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmando que esse grupo estava sendo atacado. Durante um encontro na Casa Branca, ele pediu à sua equipe que exibisse vídeos que mostrariam evidências desse crime. Ramaphosa assistiu tudo em silêncio e depois disse: "gostaria de saber onde fica isso porque nunca vi esses vídeos". Donald Trump se encontra com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa AP/Evan Vucci Defensor dos afrikaners Mas essa não é a primeira vez que Trump afirma que os afrikaners são vítimas de violência. Em fevereiro, ele assinou uma ordem executiva determinando que os EUA acolhessem esse grupo. Na data da assinatura, o presidente declarou, sem citar evidências, que "a África do Sul estava confiscando terras" e que "certas classes de pessoas" foram tratadas "muito mal" -- mais argumentos sem comprovação. Essas alegações têm circulado entre grupos de direita há muitos anos. Trump também se referiu a um genocídio durante seu primeiro mandato. De todo modo, na última sexta-feira (16), Trump concedeu o status de refugiados a alguns afrikaners, alegando estar acontecendo genocídio contra eles. No começo da semana, 59 sul-africanos brancos chegaram aos Estados Unidos para receber essa nova condição. Vale destacar que os refugiados são pessoas que saem, forçadamente, do país de origem e o retorno pode colocar a integridade física deles em risco. E o refúgio é uma proteção legal internacional. Está havendo genocídio de sul-africanos brancos como diz Trump? E os afrikaners, na verdade, são um grupo que, assim como outras comunidades brancas, forçaram os negros a deixar suas terras. Segundo a BBC, em 1948, o governo da África do Sul, liderado por esse grupo de descendentes europeus, introduziu o apartheid – levando a segregação racial a um nível mais extremo. O idioma dos afrikaners tem semelhança com o holandês. Posicionamento de Trump foi criticado O Ministério das Relações Exteriores da África do Sul disse, ainda em fevereiro, que a ordem executiva de Trump "carece de precisão factual e falha em reconhecer a história profunda e dolorosa da África do Sul de colonialismo e apartheid". O governo sul-africano também declarou que o grupo não sofre nenhum tipo de perseguição que justifique a concessão da condição de refugiado. A ONG Human Rights Watch classificou ainda a medida como uma distorção racial cruel, afirmando que milhares de pessoas — entre elas, muitos refugiados negros e afegãos — tiveram o pedido de asilo negado pelos EUA. Segundo a colunista do g1 Sandra Cohen, a medida do presidente mostra que ele busca proteger uma minoria privilegiada, já que um estudo da Comissão de Direitos Humanos da África do Sul aponta que, 30 anos depois do fim do apartheid, apenas 1% dos brancos vive na pobreza, em contrapartida, com 64% dos negros. Trump confronta presidente sul-africano sobre "genocídio"


Presidente dos EUA afirmou que esse grupo se tornou “vítima de discriminação racial” e que sofriam um suposto “genocídio branco”. Esses argumentos, no entanto, foram feitos sem comprovação. Alguns afrikaners veem o presidente dos EUA, Donald Trump, como um aliado REUTERS Os afrikaners – uma comunidade de brancos sul-africanos descendentes de holandeses, alemães e franceses – se tornaram um tema importante para Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Ele tem afirmado que esse grupo se tornou “vítima de discriminação racial” e que sofreu um suposto “genocídio branco”. Esses argumentos, no entanto, foram feitos sem comprovação. Nenhum dos partidos políticos da África do Sul — inclusive os que representam os afrikaners e a comunidade branca, em geral — afirmou haver um genocídio no país. Nesta quarta-feira (21), Trump constrangeu o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmando que esse grupo estava sendo atacado. Durante um encontro na Casa Branca, ele pediu à sua equipe que exibisse vídeos que mostrariam evidências desse crime. Ramaphosa assistiu tudo em silêncio e depois disse: "gostaria de saber onde fica isso porque nunca vi esses vídeos". Donald Trump se encontra com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa AP/Evan Vucci Defensor dos afrikaners Mas essa não é a primeira vez que Trump afirma que os afrikaners são vítimas de violência. Em fevereiro, ele assinou uma ordem executiva determinando que os EUA acolhessem esse grupo. Na data da assinatura, o presidente declarou, sem citar evidências, que "a África do Sul estava confiscando terras" e que "certas classes de pessoas" foram tratadas "muito mal" -- mais argumentos sem comprovação. Essas alegações têm circulado entre grupos de direita há muitos anos. Trump também se referiu a um genocídio durante seu primeiro mandato. De todo modo, na última sexta-feira (16), Trump concedeu o status de refugiados a alguns afrikaners, alegando estar acontecendo genocídio contra eles. No começo da semana, 59 sul-africanos brancos chegaram aos Estados Unidos para receber essa nova condição. Vale destacar que os refugiados são pessoas que saem, forçadamente, do país de origem e o retorno pode colocar a integridade física deles em risco. E o refúgio é uma proteção legal internacional. Está havendo genocídio de sul-africanos brancos como diz Trump? E os afrikaners, na verdade, são um grupo que, assim como outras comunidades brancas, forçaram os negros a deixar suas terras. Segundo a BBC, em 1948, o governo da África do Sul, liderado por esse grupo de descendentes europeus, introduziu o apartheid – levando a segregação racial a um nível mais extremo. O idioma dos afrikaners tem semelhança com o holandês. Posicionamento de Trump foi criticado O Ministério das Relações Exteriores da África do Sul disse, ainda em fevereiro, que a ordem executiva de Trump "carece de precisão factual e falha em reconhecer a história profunda e dolorosa da África do Sul de colonialismo e apartheid". O governo sul-africano também declarou que o grupo não sofre nenhum tipo de perseguição que justifique a concessão da condição de refugiado. A ONG Human Rights Watch classificou ainda a medida como uma distorção racial cruel, afirmando que milhares de pessoas — entre elas, muitos refugiados negros e afegãos — tiveram o pedido de asilo negado pelos EUA. Segundo a colunista do g1 Sandra Cohen, a medida do presidente mostra que ele busca proteger uma minoria privilegiada, já que um estudo da Comissão de Direitos Humanos da África do Sul aponta que, 30 anos depois do fim do apartheid, apenas 1% dos brancos vive na pobreza, em contrapartida, com 64% dos negros. Trump confronta presidente sul-africano sobre "genocídio"
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