São falsas as notícias sobre a saúde de Parolin. Aguardados ainda 4 cardeais em Roma
Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano São falsas as informações que circularam nas últimas horas, divulgadas por um jornal romano e relançadas por fontes estadunidenses, sobre alguns problemas de saúde do cardeal Pietro Parolin, ex-secretário de Estado, durante as Congregações Gerais pré-Conclave. “Não, não existiu. Não é verdade”, respondeu o diretor da Sala de Imprensa […]


Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
São falsas as informações que circularam nas últimas horas, divulgadas por um jornal romano e relançadas por fontes estadunidenses, sobre alguns problemas de saúde do cardeal Pietro Parolin, ex-secretário de Estado, durante as Congregações Gerais pré-Conclave. “Não, não existiu. Não é verdade”, respondeu o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, no briefing diário, em resposta à pergunta de um jornalista que pedia confirmação (ou um desmentido) da notícia de que Parolin teria tido um mal-estar durante os trabalhos. Motivo pelo qual teria sido necessária a intervenção de médicos ou enfermeiros. “De jeito nenhum”, foi a resposta do porta-voz do Vaticano.
Diversas notícias falsas têm circulado nos últimos dias, antecipando a reunião mais exclusiva do mundo para a eleição do novo Sucessor de Pedro. Não está claro se os cardeais reunidos na Congregação – nesta sexta-feira a oitava, com pouco mais de 180 presentes, dos quais pouco mais de 120 são eleitores – tomaram conhecimento delas. Se sim, certamente (e felizmente) não pela cobertura diária da imprensa que recebiam no passado, já que – como especificado no briefing – desta vez tal serviço não está previsto. Então, cada um tem seus próprios canais de informação, explicou Bruni.
Cardeais ausentes e os que chegando
Bruni confirmou ainda que, no momento, quatro cardeais eleitores ainda são esperados em Roma. Dois, como já antecipado nos últimos dias, não estarão presentes no Conclave por motivos de saúde. Foram confirmados os nomes (já divulgados na mídia): Antonio Cañizares Llovera, arcebispo emérito de Valência, e John Njue, arcebispo metropolitano emérito de Nairóbi (Quênia). Este último, juntamente com o cardeal de Burkina Faso, Philippe Ouédraogo, esteve no centro de uma questão sobre sua idade real para entrar na Capela Sistina.
Não há confirmação, no entanto, sobre a presença na Capela Sistina do cardeal Vinko Puljić, arcebispo emérito de Sarajevo, que, segundo notícias divulgadas anteriormente, permaneceria na Santa Marta devido ao seu estado de saúde e ali daria o seu voto. Três cardeais então sairiam da Capela para coletar seu voto, o que poderia prolongar o tempo de escrutínio. Em vez disso, o próprio Puljić informou na quinta-feira que, se acompanhado, poderia participar pessoalmente da votação. De qualquer forma, o purpurado deve chegar a Roma neste sábado, 3 de maio.
Os temas abordados durante os 25 pronunciamentos
Hoje, porém, outros cardeais eleitores chegaram à Cidade Eterna – “poucos” – e participaram da Congregação matinal, que começou às 9h com uma oração e terminou às 12h30, prestando juramento durante o intervalo. Uma escolha, esta última, devida ao desejo de não interromper o fluxo dos pronunciamentos. De fato, foram muitos nesta oitava reunião do Colégio Cardinalício. “Vinte e cinco”, relatou Bruni, e todos sobre temas diferentes.
Entre eles: a evangelização como centro do pontificado do Papa Francisco; a Igreja como comunhão fraterna evangelizadora; a necessidade de comunicar o Evangelho, especialmente a jovens; as Igrejas Orientais, seu sofrimento e testemunho; a comunicação do Evangelho com a questão de como torná-la eficaz em todos os níveis, das paróquias à Cúria; a centralidade da liturgia; a importância do Direito Canônico; a sinodalidade e sua relação com a colegialidade, missão e secularismo. Referência também à hermenêutica da continuidade entre os papados de João Paulo II, Bento XVI e Francisco, bem como ao papel da Eucaristia, também em chave missionária.
Além disso, os debates se concentraram no dever do testemunho da unidade e no risco de contratestemunho, em particular aquele causado por abusos sexuais e escândalos financeiros. Problemas que, explicou o diretor da Sala de Imprensa, quando questionado por jornalistas que solicitaram mais informações sobre o assunto, foram descritos como “uma ferida” a ser mantida “aberta”, para se ter sempre mais consciência do problema e de encontrar formas concretas de curá-la.
A presença do cardeal Cipriani
Entre os jornalistas – mais de 4.000 credenciamentos de todo o mundo – mais de um pediu esclarecimentos sobre a situação do cardeal Juan Luis Cipriani Thorne, arcebispo emérito de Lima, sujeito a medidas disciplinares que dizem respeito a atividades públicas e o uso das insígnias, devido a acusações apresentadas à Santa Sé em 2018. O cardeal peruano está presente nas Congregações Gerais, mas não participará do Conclave.
Interpelado por jornalistas, que também perguntaram sobre a indumentária coral usada pelo cardeal, Bruni não ofereceu detalhes, referindo-se à comunicação da Sala de Imprensa de 25 de janeiro e reiterando que, de acordo com a Constituição Universi Dominici Gregis, todos os cardeais têm o direito de participar das Congregações.
Trabalhos na Capela Sistina
Passando então para detalhes mais técnicos, na manhã desta sexta-feira o Corpo de Bombeiros do Estado da Cidade do Vaticano instalou a chaminé no telhado da Capela Sistina, de onde o mundo verá a fumaça saindo: branca se o Papa for eleito. É possível que nos próximos dias sejam realizados alguns testes com a fumaça. Quanto às obras na Casa Santa Marta e à acomodação dos cardeais na Domus, que por doze anos foi a residência do Papa Francisco, no momento não há informações detalhadas sobre os espaços (os quartos deverão ser designados após sorteio), nem sobre os horários.
Enquanto isso, a Capela Sistina está fechada ao público desde domingo. Nestes dias, os trabalhadores procederão à instalação dos espaços e do sistema de áudio, à instalação do piso e assim por diante. Se nas Congregações há um serviço de tradução simultânea, isso não acontecerá durante o encontro na Sistina.
O cerimonial será em latim, assim como o juramento dos cardeais. Este último ocorrerá após a procissão dos cardeais, seguida pela pregação do cardeal Raniero Cantalamessa, pregador emérito da Casa Pontifícia, e, por fim, pela primeira contagem dos votos.
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