Serial killer diz ter acompanhado agonia de vítima até a morte. Vídeo
Ana Paula Veloso Fernandes afirmou em depoimento ter participado de homicídio por envenenamento de um homem no Rio de Janeiro

Em depoimento que durou três horas, gravado em vídeo (assista trecho abaixo) pelo 1º DP de Guarulhos, na Grande São Paulo, Ana Paula Veloso Fernandes, chamada pela polícia e pela Justiça de “serial killer“, relatou com detalhes como foram as mortes de quatro vítimas assassinadas por administração de veneno em alimentos. A criminosa, apesar disso, admitiu participação direta em apenas dois dos casos.
Em um trecho da fala, Ana Paula conta com riqueza de detalhes o sofrimento de Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, afirmando ter acompanhado o momento em que ele ingeriu o alimento envenenado e definhou até morrer. Em um dos trechos, ela lembra que ele consumiu “duas colheres” de um preparado, chamado de “feijoada batida”, e que, em seguida, ele teria deitado dizendo estar mal.
“Ele tava [sic] comendo ainda e começou a passar mal, a se tremer, ai ouvi barulhos”, afirmou Ana Paula à polícia, sobre como Neil reagiu à ingestão de “chumbinho”, veneno ilegal usado para matar ratos.
Neil foi morto em abril, em Duque de Caxias (RJ). Investigação da Polícia Civil de São Paulo aponta que a morte teria sido encomendada por Michele Paiva da Silva, de 42 anos, filha da vítima, em conluio com Ana Paula e com assistência indireta de Roberta Cristina Veloso Fernandes, irmã gêmea de Ana. O crime teria sido motivado por recompensa financeira. Michele foi presa no último dia 7 por suspeita de envolvimento no homicídio.
No depoimento, obtido pelo Metrópoles, a acusada comenta sem demonstrar emoção a preparação do alimento, a ingestão parcial e o desenrolar da fraqueza da vítima.
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Ana Paula Veloso é acusada de envenenar quatro pessoas em SP e RJ.Reprodução2 de 6
Ela usava “TCC” como código para planejar homicídiosReprodução3 de 6
Irmãs Ana Paula e Roberta Veloso são apontadas como cúmplicesReprodução4 de 6
Investigação aponta que Ana testou veneno em cachorros antes dos crimesReprodução5 de 6
Serial killer de Guarulhos relatou com frieza a morte de uma das vítimasReprodução6 de 6
Feijoada envenenada matou Neil, pai da contratante do crime.Reprodução
Outras vítimas
- Marcelo Hari Fonseca – segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Marcelo foi a primeira vítima da serial killer. Ela confessou o crime, acorrido em janeiro, na cidade de Guarulhos. Para matá-lo, Ana Paula teria passado a morar com ele sob pretexto de alugar um quarto, mas rapidamente adulterou os alimentos com veneno. A motivação seria apoderar-se do imóvel, excluindo coabitação ou qualquer interferência de terceiros.
- Maria Aparecida Rodrigues – o segundo caso ocorreu entre 10 e 11 de abril, também em Guarulhos. A vítima era próxima a Ana Paula, havia vínculo de amizade entre ambas, que se conheceram em um app de relacionamento. A acusação afirma que a criminosa introduziu o veneno nos alimentos de Maria com o propósito de incriminar um ex-namorado, o policial militar Diego Sakaguchi, com quem Ana havia rompido. Neste caso, a serial killer nega ter participação direta.
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- Hayder Mhazres – o terceiro caso teria ocorrido em 23 de maio, na capital paulista. A vítima, identificado como Hayder Mhazres, teria sido atraída por meio de um contato por aplicativo. Após um encontro, Ana teria lhe oferecido uma bebida adulterada com veneno. O motivo para o crime, segundo a polícia, seria de vantagem financeira, porque a criminosa tentou reivindicar parte da herança deixada pela vítima alegando estar grávida. Neste caso, a serial killer também nega ter participação direta.
Vídeo:
“Gêmeas do crime”
Um fato que chamou atenção nos desdobramentos da investigação é a participação da irmã gêmea de Ana Paula, Roberta Cristina Veloso Fernandes. O Metrópoles revelou que ela atuava como consultora logística, financeira e estrutural no esquema.
Conversas entre as irmãs mostram que elas codificavam os homicídios sob o termo TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Roberta sugeriu o valor mínimo de R$ 4 mil para cada “encomenda de morte”. Ela ainda orientava o uso de dinheiro em espécie para compras de insumos, para evitar rastros bancários.
Em depoimento, Roberta reconheceu ter queimado móveis — como um sofá — de uma das vítimas para ocultar vestígios de decomposição. Dessa forma, mais do que cúmplice, Roberta figura como coautora indireta ou facilitadora do esquema. A denúncia do MPSP atribui a ela participação na ocultação de provas e na atuação conjunta no planejamento dos homicídios.
O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo — responsável por autorizar a tramitação concentrada dos casos em Guarulhos — qualificou Ana Paula como “verdadeira serial killer”, considerando a reiteração, premeditação e artifício de dissimulação nos crimes.
As irmãs estão presas. As defesas não foram encontradas. O espaço segue aberto para manifestações.
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