Silas Malafaia: Moraes é “ditador”, e Tarcísio virou “leão” da anistia

Em discurso no ato bolsonarista da Avenida Paulista, Silas Malafaia afirmou que Moraes tem cometido "crimes" e "rasgado a Constituição"

Sep 7, 2025 - 17:30
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Silas Malafaia: Moraes é “ditador”, e Tarcísio virou “leão” da anistia

O pastor Silas Malafaia, principal organizador da manifestação bolsonarista deste domingo (7/9) a favor da anistia aos condenados pelos ataques aos Três Poderes, de 8 de janeiro de 2023, atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o chamou de “ditador da toga”.

Em seu discurso, proferido em cima do carro de som na Avenida Paulista, em São Paulo, Malafaia afirmou que o magistrado tem cometido “crimes” e “rasgado sucessivamente a Constituição”.

“Há quatro anos, em mais de 50 vídeos, em todas as manifestações eu venho denunciando os crimes do ditador da toga Alexandre de Moraes. A gente tem ideia de que crime é roubar ou matar. Os ministros do STF foram constituídos com a função principal de zelar e fazer cumprir a Constituição”, disse Malafaia.

“Eu tenho mostrado que Alexandre de Moraes tem rasgado sucessivamente a Constituição. Há seis anos, ele comanda um inquérito imoral e ilegal de fake news. Esse inquérito é imoral e ilegal porque não tem a participação do Ministério Público”, prosseguiu o pastor.

Segundo o organizador do ato em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – réu no STF por supostamente ter liderado uma tentativa de golpe de Estado, em 2022 –, Moraes “é, ao mesmo tempo, promotor e juiz” do caso.

“A partir deste inquérito imoral e ilegal, Alexandre de Moraes institui o crime de opinião no Brasil. No Estado Democrático de Direito, crime de opinião! Isso é um absurdo”, acusou Malafaia.

“Ele [Moraes] cerceia redes e censura pessoas. Nós temos brasileiros exilados, que tiveram de sair do Brasil para não ser presos por causa de opinião. Que democracia é esta?”, questionou o pastor.

Para Malafaia, “um homem está destruindo o Estado Democrático de Direito”.

“Ele me inclui em uma investigação sobre obstrução de justiça, coação no curso do processo, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O que é que eu tenho com isso? É crime dar opinião? É crime dar conselho? É crime criticar? É crime influenciar?”, indagou Malafaia.

“Esse é o modus operandi do ditador da toga Alexandre de Moraes. Colocar medo, calar a boca e travar seus opositores. Só que ele escolheu o cara errado para brigar”, prosseguiu.

“Isso não é julgamento. É um circo!”

Responsável pela fala mais contundente deste domingo contra o ministro Alexandre de Moraes, Silas Malafaia classificou o julgamento da trama golpista no Supremo como um “circo”.

“Isso não é julgamento. Isso é um circo. Bolsonaro já foi julgado. É um teatro. Que justiça é essa e que Supremo Tribunal Federal é esse?”, questionou. “Nós estamos diante da maior perseguição política da história.”

Malafaia comparou a atual situação jurídica de Bolsonaro com o caso envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso, em 2018, no âmbito da Operação Lava Jato. Mais tarde, o STF anulou todas as condenações de Lula, entendendo que o então juiz Sergio Moro havia sido parcial no julgamento e que o caso não poderia ter sido julgado na Vara Federal de Curitiba.

“Em 2018, o plenário do STF considerou que Lula era responsável pela roubalheira e não deu habeas corpus. Em 2021, o plenário do STF cancelou as condenações de Lula impostas por Sergio Moro”, disse o pastor. “Os senhores advogados sabem que existe uma hierarquia de leis. Crime de corrupção é menor do que crime de golpe de Estado. Nem eles acreditam em golpe de Estado. Se eles acreditassem, era para Bolsonaro ser julgado no plenário do STF.”

Em seu discurso, Malafaia também criticou Moraes por ter determinado a apreensão de seu passaporte. “Se quisesse fugir, eu ficaria em Portugal ou iria para a América, onde eu tenho igreja. Não ficava no Brasil. Mas sabem o que é isso? Intimidação. Só se apreende passaporte quando existe risco iminente de fuga. Para vocês verem a covardia, a ilegalidade e a imoralidade de Alexandre de Moraes”, afirmou.

“Alexandre de Moraes diz que tem fortes indícios que eu estou mancomunado com autoridades americanas. Eu não falo inglês e não conheço nenhuma autoridade americana. Qual é o meu crime?”, prosseguiu Malafaia.

“Eu e Bolsonaro fomos contra a ida de Eduardo [Bolsonaro] para a América. Michelle sabe disso. Agora eu entendo. Se Eduardo estivesse aqui, já estava na cadeia”, afirmou, referindo-se ao deputado federal e filho de Jair Bolsonaro, que está nos EUA.

Tarcísio virou “leão”

Na parte final de seu discurso na Avenida Paulista, Silas Malafaia elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – a quem já havia criticado recentemente.

Segundo o pastor bolsonarista, Tarcísio se tornou um “leão” em favor do projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Na semana passada, o governador paulista esteve em Brasília e costurou o apoio de partidos como o PP, o União Brasil e o próprio Republicanos ao projeto de anistia, que pode ser apreciado pelo Congresso Nacional após a conclusão do julgamento no STF.

“Já fiz críticas públicas e no privado. Já fiz, ele [Tarcísio] sabe. Mas agora esse cara está sendo um leão em favor da anistia. Eu critico e elogio”, observou Malafaia.

O pastor, no entanto, insistiu que é prematuro o debate sobre quem será o candidato da direita contra Lula nas eleições do ano que vem, caso Bolsonaro permaneça fora da disputa – ele foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

“‘Fulano é o candidato da direita’, ‘beltrano é o candidato da direita’. Aí o cara vai visitar o Bolsonaro, como um politiqueiro que não tem moral. Quem tem de falar por Bolsonaro quando ele não pode falar é Michelle, Flávio e Carlos Bolsonaro”, defendeu Malafaia. “Nenhum filho de Bolsonaro, nem ninguém da direita, tem que dizer: ‘se Bolsonaro não for candidato, eu estou aqui’. Isso é imaturidade política. Calem a boca!”, concluiu.

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Quarto ato do ano na Paulista

Este é quarto ato bolsonarista do ano na Avenida Paulista e o segundo sem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em junho, diante da ausência de seu padrinho político, Tarcísio de Freitas faltou à manifestação. Agora, o governador de São Paulo assume o protagonismo político do ato, após promessa de indulto a Bolsonaro, caso se torne presidente, e uma articulação nos bastidores pela anistia aos envolvidos na trama golpista, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de Tarcísio, o ato organizado pelo pastor Silas Malafaia também conta com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Tarcísio ficou responsável por convidar outros governadores de direita, como Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, não foi à manifestação.

Em junho, o ex-presidente não pôde ir às ruas devido a medidas cautelares impostas contra ele pelo ministro Alexandre de Moraes. A aparição de Bolsonaro nos atos, por meio de chamada telefônica, lhe custou a decretação de prisão domiciliar. Enquanto isso, Tarcísio estava no Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo, para um procedimento na tireóide. A ausência foi criticada pelo “núcleo duro” bolsonarista, incluindo Malafaia.

Nas últimas semanas, porém, Tarcísio se impôs na articulação sobre a anistia a Jair Bolsonaro. Ele se reuniu com deputados, líderes partidários e fez incursões em Brasília para mobilizar o projeto de lei.

Os movimentos do governador de São Paulo reduziram as fricções com o bolsonarismo e Tarcísio foi incentivado publicamente até pelo filho “03” do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), desafeto do govenador, cujas críticas a Tarcísio ficaram evidentes no relatório da Polícia Federal (PF) que divulgou as mensagens trocadas entre Eduardo e Jair Bolsonaro.

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