Sinais latinos
Cristina Kirchner convoca militância; Evo Morales e as eleições na Bolívia; minérios e devastação no Peru e no Equador

Saiu na semana passada a primeira pesquisa para eleição presidencial boliviana. Com a implosão do MAS – Movimento ao Socialismo – e a crise econômica e política do governo de Luis Arce, dois candidatos de direita saíram na frente. O empresário Doria Medina tem 24% e Tuto Quiroga tem 22%; Andrónico Rodriguez, presidente do Senado, que recém deixou o MAS e é da mesma região de Evo Morales, tem 14%.
Eduardo Castillo, candidato oficial do partido que governou o país nas últimas décadas, tem 3%. Serve como alento para a esquerda essas candidaturas serem anunciados há pouco tempo, diferentemente dos candidatos de direita, já em campanha. O eleitorado ainda vai conhecer os candidatos e o movimento de apoio ou neutralidade de Evo Morales será fundamental para o pleito. Esta semana, publicarei um texto explicitando esse cenário.
O povo na rua
Cristina Kirchner e Evo Morales têm muito em comum. São dois ex-presidentes, proibidos de se candidatarem pela Justiça, com uma base social gigante. Há mais de três semanas apoiadores do ex-presidente se mantêm mobilizados após o veto da Justiça Eleitoral à sua participação na eleição, sobretudo em El Alto, periferia de La Paz e em Cochabamba. No começo do mês houve respostas mais violentas da polícia e o número de feridos chegou a 20 pessoas.
Já os apoiadores de Kirchner lotaram a Plaza de Mayo na semana passada para protestar contra sua condenação e prisão domiciliar. Seu apartamento virou ponto alto de uma romaria política. Como costuma ocorrer, ao invés do esquecimento, a condenação a transformará em mártir – ao menos por enquanto – e pode unir o peronismo e suas mil e uma dissidências contra o Liberdade Avança de Milei nas eleições de outubro.
Alerta ambiental no Peru e no Equador
No Equador, o presidente Daniel Noboa anunciou a abertura de novas concessões de mineração. A promessa é, como sempre, trazer desenvolvimento sustentável para as regiões, aumentar as exportações e o orçamento do país. A realidade é poluição, aumento da pobreza e das doenças nas comunidades originárias. Noboa conhece a força dos movimentos indígenas e decidiu enfrentá-los, calculando recuos em algumas regiões e avanços na maioria dos lugares afetados.
A jornalista Sylvia Colombo, na Folha, alerta sobre devastação ambiental no Peru com o aumento da mineração ilegal atividade que lucra mais do que o tráfico de drogas no país e ameaça até as linhas de Nazca. O Peru é o quarto maior produtor mundial de ouro e ao menos 25% da produção é contrabandeada, calcula-se. Com uma presidente fraca – Dina Boluarte tem menos de 2% de aprovação – o Congresso flexibiliza leis, às ordens do lobby.
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