Soldados da Índia e do Paquistão trocam fogo na Caxemira

Incidente ocorre em meio a escalada de tensões entre os dois países após ataque terrorista que matou mais de 20 turistas no início da semana. Agentes da Força de Segurança de Fronteira indiana guardam barreira de trânsito em passagem na parte da Caxemira controlada pela Índia em 25 de abril de 2025. REUTERS/Pawan Kumar Soldados da Índia e do Paquistão trocaram tiros brevemente ao longo da altamente militarizada fronteira entre os dois países na disputada região do Himalaia, a Caxemira, afirmaram autoridades indianas nesta sexta-feira (25). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O incidente ocorre em meio a uma escalada de tensões entre os vizinhos, que têm armas nucleares, após homens armados terem aberto fogo contra turistas e deixado 26 mortos, no início da semana. O ataque terrorista, como classificado por ambos os países, ocorreu em um ponto turístico da região da Caxemira controlada pela Índia. A Índia classificou o massacre, no qual homens armados mataram 26 pessoas —a maioria indianos— como um “ataque terrorista” e acusou o Paquistão de estar por trás da ação. O Paquistão, por sua vez, negou qualquer envolvimento no ataque, ocorrido próximo à cidade turística de Pahalgam, na parte da Caxemira controlada pela Índia. O atentado foi reivindicado por um grupo militante até então desconhecido chamado "Resistência da Caxemira". Com a região em alerta máximo, três oficiais do Exército indiano relataram que soldados paquistaneses dispararam contra uma posição indiana na noite de quinta-feira. Os oficiais, que pediram anonimato por questões de protocolo, disseram que os soldados indianos revidaram e que não houve vítimas. O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão se recusou a comentar o incidente. Escalada de tensões O ataque de terça-feira foi o pior atentado contra civis em anos na região conflituosa da Caxemira. Desde então, a tensão entre Índia e Paquistão aumentou perigosamente. Os dois países já travaram duas das três guerras entre si por causa da Caxemira, que é dividida entre eles, mas reivindicada integralmente por ambos. Na quarta-feira, a Índia suspendeu um tratado crucial de compartilhamento de águas, que havia resistido a duas guerras, e fechou a única passagem terrestre funcional entre os dois países. No dia seguinte, revogou todos os vistos emitidos para cidadãos paquistaneses a partir de domingo. Em resposta, o Paquistão negou qualquer envolvimento no ataque, cancelou vistos concedidos a indianos, fechou seu espaço aéreo para companhias aéreas indianas e suspendeu todo o comércio com a Índia. Cidadãos de ambos os lados começaram a retornar para seus países através da fronteira de Wagah, próxima à cidade de Lahore, no leste do Paquistão, nesta sexta-feira. Islamabad também advertiu que qualquer tentativa da Índia de interromper ou desviar o fluxo de água seria considerada um “ato de guerra”. A suspensão do tratado pode levar à escassez de água em um momento em que partes do Paquistão já enfrentam seca e queda nas chuvas. O Paquistão também ameaçou suspender o Acordo de Simla — o que seria um passo grave e preocupante. O tratado de paz, assinado após a guerra de 1971, estabeleceu a Linha de Controle, uma fronteira de fato fortemente militarizada que divide a Caxemira entre os dois países. As Nações Unidas pediram à Índia e ao Paquistão “máxima contenção para garantir que a situação não se deteriore ainda mais”. “Qualquer questão entre o Paquistão e a Índia acreditamos que pode — e deve — ser resolvida pacificamente, através de diálogo mútuo significativo”, disse o comunicado da ONU nesta sexta-feira. Índia e Paquistão administram partes diferentes da Caxemira. Nova Délhi trata toda insurgência armada na região como terrorismo patrocinado pelo Paquistão. Islamabad nega e muitos muçulmanos caxemires veem os militantes como parte de uma luta local por liberdade. Moradores e policiais no sul da Caxemira relataram que soldados indianos detonaram explosivos em casas de familiares de dois supostos militantes acusados de envolvimento no ataque de terça-feira. No passado, o Exército indiano já demoliu casas como forma de punir a militância. As autoridades afirmam que investigam dois homens locais e dois paquistaneses pela suposta participação no ataque. Nenhuma evidência foi apresentada até o momento. “Ele saiu de casa há três anos. Nunca mais o vimos, e nada foi encontrado nesta casa, apesar de várias batidas policiais”, disse Afroza, tia de Asif Sheikh, um dos acusados. A explosão danificou parcialmente a casa na vila de Monghama, onde ela vive com os pais e irmãs de Sheikh — inclusive estourando as janelas. Várias outras casas também tiveram os vidros quebrados. “Mesmo que ele tenha feito o ataque, por que explodir a casa de uma família pobre?”, lamentou Afroza, que como muitas mulheres na Caxemira usa apenas um nome. Um policial e dois moradores da vila de Guree disseram que outra casa também foi alvo de explosão. O policial falou sob anonimato por

abril 25, 2025 - 11:00
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Soldados da Índia e do Paquistão trocam fogo na Caxemira

Incidente ocorre em meio a escalada de tensões entre os dois países após ataque terrorista que matou mais de 20 turistas no início da semana. Agentes da Força de Segurança de Fronteira indiana guardam barreira de trânsito em passagem na parte da Caxemira controlada pela Índia em 25 de abril de 2025. REUTERS/Pawan Kumar Soldados da Índia e do Paquistão trocaram tiros brevemente ao longo da altamente militarizada fronteira entre os dois países na disputada região do Himalaia, a Caxemira, afirmaram autoridades indianas nesta sexta-feira (25). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O incidente ocorre em meio a uma escalada de tensões entre os vizinhos, que têm armas nucleares, após homens armados terem aberto fogo contra turistas e deixado 26 mortos, no início da semana. O ataque terrorista, como classificado por ambos os países, ocorreu em um ponto turístico da região da Caxemira controlada pela Índia. A Índia classificou o massacre, no qual homens armados mataram 26 pessoas —a maioria indianos— como um “ataque terrorista” e acusou o Paquistão de estar por trás da ação. O Paquistão, por sua vez, negou qualquer envolvimento no ataque, ocorrido próximo à cidade turística de Pahalgam, na parte da Caxemira controlada pela Índia. O atentado foi reivindicado por um grupo militante até então desconhecido chamado "Resistência da Caxemira". Com a região em alerta máximo, três oficiais do Exército indiano relataram que soldados paquistaneses dispararam contra uma posição indiana na noite de quinta-feira. Os oficiais, que pediram anonimato por questões de protocolo, disseram que os soldados indianos revidaram e que não houve vítimas. O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão se recusou a comentar o incidente. Escalada de tensões O ataque de terça-feira foi o pior atentado contra civis em anos na região conflituosa da Caxemira. Desde então, a tensão entre Índia e Paquistão aumentou perigosamente. Os dois países já travaram duas das três guerras entre si por causa da Caxemira, que é dividida entre eles, mas reivindicada integralmente por ambos. Na quarta-feira, a Índia suspendeu um tratado crucial de compartilhamento de águas, que havia resistido a duas guerras, e fechou a única passagem terrestre funcional entre os dois países. No dia seguinte, revogou todos os vistos emitidos para cidadãos paquistaneses a partir de domingo. Em resposta, o Paquistão negou qualquer envolvimento no ataque, cancelou vistos concedidos a indianos, fechou seu espaço aéreo para companhias aéreas indianas e suspendeu todo o comércio com a Índia. Cidadãos de ambos os lados começaram a retornar para seus países através da fronteira de Wagah, próxima à cidade de Lahore, no leste do Paquistão, nesta sexta-feira. Islamabad também advertiu que qualquer tentativa da Índia de interromper ou desviar o fluxo de água seria considerada um “ato de guerra”. A suspensão do tratado pode levar à escassez de água em um momento em que partes do Paquistão já enfrentam seca e queda nas chuvas. O Paquistão também ameaçou suspender o Acordo de Simla — o que seria um passo grave e preocupante. O tratado de paz, assinado após a guerra de 1971, estabeleceu a Linha de Controle, uma fronteira de fato fortemente militarizada que divide a Caxemira entre os dois países. As Nações Unidas pediram à Índia e ao Paquistão “máxima contenção para garantir que a situação não se deteriore ainda mais”. “Qualquer questão entre o Paquistão e a Índia acreditamos que pode — e deve — ser resolvida pacificamente, através de diálogo mútuo significativo”, disse o comunicado da ONU nesta sexta-feira. Índia e Paquistão administram partes diferentes da Caxemira. Nova Délhi trata toda insurgência armada na região como terrorismo patrocinado pelo Paquistão. Islamabad nega e muitos muçulmanos caxemires veem os militantes como parte de uma luta local por liberdade. Moradores e policiais no sul da Caxemira relataram que soldados indianos detonaram explosivos em casas de familiares de dois supostos militantes acusados de envolvimento no ataque de terça-feira. No passado, o Exército indiano já demoliu casas como forma de punir a militância. As autoridades afirmam que investigam dois homens locais e dois paquistaneses pela suposta participação no ataque. Nenhuma evidência foi apresentada até o momento. “Ele saiu de casa há três anos. Nunca mais o vimos, e nada foi encontrado nesta casa, apesar de várias batidas policiais”, disse Afroza, tia de Asif Sheikh, um dos acusados. A explosão danificou parcialmente a casa na vila de Monghama, onde ela vive com os pais e irmãs de Sheikh — inclusive estourando as janelas. Várias outras casas também tiveram os vidros quebrados. “Mesmo que ele tenha feito o ataque, por que explodir a casa de uma família pobre?”, lamentou Afroza, que como muitas mulheres na Caxemira usa apenas um nome. Um policial e dois moradores da vila de Guree disseram que outra casa também foi alvo de explosão. O policial falou sob anonimato por não ter autorização para falar com a imprensa, e os moradores temem represálias das autoridades.

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