SP vai unificar funções de profissionais que apoiam alunos com autismo

Governo anunciará unificação de funções de cuidador, os PAE-AVDs, e de profissionais de atividade escolas, os PAE-AEs, em cargo único

Oct 2, 2025 - 20:30
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SP vai unificar funções de profissionais que apoiam alunos com autismo

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) prepara uma mudança na divisão de trabalho dos profissionais que apoiam alunos com autismo nas escolas da rede estadual de ensino. A medida, que será oficializada em breve, vai unificar as funções de cuidador e de auxiliar de atividades escolares em um só cargo: o de profissional de apoio escolar.

O que vai mudar?

  • Hoje, os cuidadores, chamados formalmente de Profissionais de Apoio Escolar para Atividades de Vida Diária (PAE-AVD), ajudam alunos em tarefas como locomoção, banheiro e alimentação.
  • Já os Profissionais de Apoio Escolar para Atividades Escolares (PAE-AE) ficam com o estudante dentro da sala de aula, e auxiliam na realização de atividades com a turma.
  • Com a mudança, um mesmo profissional ficará responsável por atender a todas essas funções.
  • A unificação dos cargos começará a ser colocada em prática a partir dos próximos editais de contratação para profissionais de apoio escolar.
  • Para quem já trabalha na rede, a medida será implementada de forma gradual e prevê ainda o remanejamento de professores temporários que atuam como PAE-AEs para outras áreas (entenda mais abaixo).

Em entrevista ao Metrópoles, o secretário executivo da Educação, Vinícius Neiva, disse que a decisão visa corrigir uma “distorção” na rede, que tinha especificidades não previstas pela legislação federal, e nasceu após conversas da pasta com a Defensoria Pública e o Ministério Público de São Paulo.

“Acho que o principal objetivo dessa resolução [que será publicada] é trazer uma harmonização conceitual, para evitar qualquer tipo de confusão em nomenclaturas. E isso vale também para o profissional de apoio”, diz ele.

A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, conhecida como Lei Berenice Piana, afirma que “em casos de comprovada necessidade”, os estudantes autistas têm direito a um acompanhante especializado. A legislação não explica, no entanto, qual deve ser a formação deste profissional, se ele deve ou não ter ensino superior, e quais as funções esperadas dele.

Já o Estatuto da Pessoa com Deficiência determina que o poder público deve ofertar um profissional de apoio escolar, que exerce “atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária”. 8 imagensDiretora da E.E. Louis Braille abraça aluno autistaProfessora auxiliar e professora de educação especial ajudam estudante com deficiência em atividade em escola estadual na LapaProfessora de educação especial já precisou levar materiais da própria casa para auxiliar alunosSala de Recursos Multifuncionais de Escola EstadualPatrícia Ramos Santos é mãe do autista Kaiky. Hoje na E.E. Louis Braille, o menino já foi negado em outras escolasFechar modal.1 de 8

Estudante com deficiência visual recebe explicação de professora, enquanto profissional de apoio acompanha ao lado deleJéssica Bernardo/Metrópoles2 de 8

Diretora da E.E. Louis Braille abraça aluno autistaJéssica Bernardo/Metrópoles3 de 8

Professora auxiliar e professora de educação especial ajudam estudante com deficiência em atividade em escola estadual na LapaJéssica Bernardo/Metrópoles4 de 8

Professora de educação especial já precisou levar materiais da própria casa para auxiliar alunosJéssica Bernardo/Metrópoles5 de 8

Sala de Recursos Multifuncionais de Escola EstadualJéssica Bernardo/Metrópoles6 de 8

Patrícia Ramos Santos é mãe do autista Kaiky. Hoje na E.E. Louis Braille, o menino já foi negado em outras escolasJéssica Bernardo/Metrópoles7 de 8

Sala de aula escolaJéssica Bernardo/Metrópoles8 de 8

De todas as diretorias regionais de ensino, a maioria ocorre no interior (55,93%) e na capital (24,31%)Jéssica Bernardo/Metrópoles

Na rede estadual de São Paulo, o cargo de PAE-AE era visto como forma de cumprir com a determinação da Lei Berenice Piana, enquanto o PAE-AVD era uma resposta ao Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Com a unificação das duas funções, e apoiada no fato de que a lei federal não exige que o acompanhante especializado deva ser um professor auxiliar, a secretaria diz que os novos contratados para o cargo não terão exigência de ensino superior, mas passarão por uma capacitação.

Desde 2024, o governo Tarcísio já vinha contratando profissionais terceirizados sem ensino superior para o cargo de PAE-AE com a meta de reforçar as equipes de apoio disponíveis nas escolas.

Fim dos professores auxiliares?

Para os profissionais que já estão na rede, a mudança se dará aos poucos, ao final dos contratos temporários dos PAE-AVDs, que poderão reingressar na rede no modelo novo, após passarem por capacitação. A medida também vale para os PAE-AEs contratados de forma terceirizada e que não eram professores.

Já no caso dos professores auxiliares que entraram na rede como PAE-AEs, a ideia é outra. Consultora da Secretaria da Educação para projetos de educação especial, Paula Oliveira diz que o governo quer remanejar esses educadores para cargos vinculados à formação deles, reforçando o quadro da rede.

“A função de apoio é de apoio, não é de desenvolvimento pedagógico. E a gente quer o professor desenvolvendo pedagogicamente esse estudante”, diz Paula. Ela afirma que a meta é que os professores especialistas em educação especial sejam remanejados para cargos como o dar aulas na Sala de Recursos ou atuar como professor colaborativo em parceria com os docentes das disciplinas.

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Questionado se algum professor será demitido com o novo formato, Vinícius nega. “Por que eu digo que eu acho que não vai ter demissão? Porque a gente está, inclusive, estudando aumentar a quantidade de aulas que tem na sala de recursos”, afirma o secretário, que alega que a gestão tem como meta ampliar o atendimento aos autistas e não reduzir.

“O objetivo é melhor alocar esses profissionais remanejados para que a gente tenha atendimento para todas as escolas”, diz ele.

Nos casos em que os professores não forem especialistas em educação especial, a gestão diz que eles serão remanejados para aulas nas áreas de formação de cada um, como Português e Matemática, por exemplo.

Mais mudanças

A resolução que prevê as mudanças no apoio escolar também prevê outras medidas para atualizar a Política de Educação Especial da rede estadual. Entre elas, a criação de um Plano Educacional Individualizado (PEI) com registro das estratégias pedagógicas e trajetória acadêmica, social e emocional de cada aluno, e um relatório bimestral para comunicar as famílias dos estudantes sobre o desenvolvimento deles.

Vinícius diz que o relatório será compartilhado com os pais dos alunos por meio do aplicativo Sala do Futuro e que as famílias também receberão informações pelo WhatsApp. “A ideia é fazer chega aos pais qual que é a necessidade do aluno, como que a escola está trabalhando e quais são os próximos passos. É cada vez trazer a família para dentro da escola”. A resolução com as mudanças deve ser publicada nos próximos dias.

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