Vacinação contra gripe cresce em SP, mas continua abaixo do ideal

Após Dia D no sábado (10/5), governo de SP estima alta de 3 pontos na vacinação contra gripe, mas especialistas dizem que taxa segue baixa

May 17, 2025 - 02:30
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Vacinação contra gripe cresce em SP, mas continua abaixo do ideal

Após realizar no último sábado (10/5) o Dia D de vacinação contra a gripe, o governo de São Paulo estima que conseguiu ampliar a cobertura vacinal, atualmente em 24,4% no grupo prioritário, em até três pontos percentuais. O balanço final depende da consolidação dos dados pelas prefeituras municipais, mas o estado entende que já “avança para alcançar a meta de imunização”. De acordo com os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, no entanto, o número ainda está aquém do necessário para ser considerado uma taxa satisfatória.

“Qualquer aumento no percentual de campanha é bom, mas realmente ainda temos uma taxa baixa de vacinação”, disse o médico geriatra Felipe Vecchi, diretor da Sociedade Brasileira de Geriatra e Gerontologia de São Paulo. “Mas o mais importante dentre esses 3% é entender quais ações foram mais impactantes para trazer esse aumento e intensificá-las.”

A campanha do último sábado foi direcionada para 19,3 milhões de pessoas que formam o grupo prioritário para receber a vacina: crianças de até 6 anos, gestantes, puérperas, pessoas com comorbidades e com mais de 60 anos. Na cidade de São Paulo, a cobertura vacinal contra a Influenza está em 24,9% para os grupos prioritários, tenso sido aplicadas, até o momento, 1.095.488 doses do imunizante. A partir de segunda (19/5), a vacina estará disponível para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade (veja mais abaixo).

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Dia D aumentou cobertura vacinal em 3 pontos percentuais, alega Governo de SP
A partir de segunda (19/5), a vacina estará disponível para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade em SP
Na cidade de São Paulo, a cobertura vacinal contra a Influenza está em 24,9% para os grupos prioritários
Vacinação contra gripe cresce em SP, mas continua abaixo do ideal
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Um em cada cinco pessoas 60+ internados por complicações da gripe no Brasil morreuGetty Images

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Dia D aumentou cobertura vacinal em 3 pontos percentuais, alega Governo de SPGettyImages

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A partir de segunda (19/5), a vacina estará disponível para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade em SPGetty Images

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Na cidade de São Paulo, a cobertura vacinal contra a Influenza está em 24,9% para os grupos prioritáriosWestend61/Getty Images

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Vacinação contra gripe cresce em SP, mas continua abaixo do ideal Reprodução/Governo de SP

De acordo com Lígia Nerger, diretora da divisão de imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), estratégias específicas realizadas por cada município e as de combate às notícias falsas e à hesitação vacinal foi o que impactou positivamente a cobertura vacinal. “Todas as estratégias de vacinação desenvolvidas são importantes porque aumentam a cobertura vacinal e diminuem o risco de complicações, como as pneumonias e o impacto nos hospitais por conta das internações”, explica.

O conceito de hesitação vacinal foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2014, e se refere ao atraso na aceitação ou à recusa em vacinar-se, apesar da disponibilidade de serviços de imunização. Para os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o medo e a desinformação são os principais fatores que levam a população a não se vacinar.

Segundo a médica Sandra Guimarães, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, existe na população uma percepção de que a vacina da gripe pode causar a doença, o que é uma das várias notícias falsas advindas do movimento antivacina no Brasil a partir da pandemia de Covid. “Além disso, há uma preocupação com reações vacinais, que são de estatisticamente mínimas e sempre de baixa prevalência”, diz.

“É super importante a gente mostrar que a vacinação é uma ação de cuidado coletivo. Então campanhas têm que ser muito intensas, vinculadas a um estudo estratégico semanal, com ações muito direcionadas de divulgação de informação maciça”, diz Felipe Vecchi. “Se em alguns bairros se observa que a população é majoritariamente idosa, e a cobertura vacinal da área é baixa, é preciso intensificar as ações ali naquela sub-região.”

Gripe entre pessoas 60+

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde revelam que, em 2024, uma em cada cinco pessoas com mais de 60 anos internadas por complicações da gripe no Brasil morreu. A taxa de letalidade foi de 21,3%, enquanto a população geral apresentou 9,1%, segundo o boletim epidemiológico da pasta.

“Esse número escancara a vulnerabilidade da população idosa diante de doenças que, muitas vezes, são subestimadas”, afirma a médica Rosmary Arias, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo. “A gripe não é uma doença leve para quem envelheceu. Pode evoluir com rapidez e levar a quadros graves, principalmente em pessoas com outras condições de saúde associadas.”

Segundo o boletim, entre 3,3 mil pessoas do grupo hospitalizadas por Influenza em 2024, 707 morreram. Além disso, dos 1.473 óbitos confirmados por gripe ao longo do ano, 59% ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais.

“Os dados mostram que precisamos falar sobre prevenção de forma mais contundente. A vacinação contra a gripe salva vidas, especialmente entre os mais velhos, e precisa ser uma prioridade de saúde pública e também familiar”, acrescenta Rosmary Arias.

O boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na quinta-feira (15/5), faz uma alerta sobre o vírus da influenza A, causador da gripe, que se tornou a principal causa de mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em idosos e uma das três principais causas de óbitos entre as crianças.

De acordo com o boletim, São Paulo está entre as 15 unidades da federação que apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. A orientação da Fiocruz é que as pessoas dos grupos mais vulneráveis se vacinem contra a Influenza o quanto antes.

Na capital, entre janeiro e abril deste ano, foram registrados 757 casos de SRAG por influenza e 55 mortes. No mesmo período de 2023, foram 735 casos e 54 óbitos. Ambos os anos apresentam números bem superiores aos de 2023, quando, no mesmo intervalo, houve 288 casos e 18 mortes, o que representa menos da metade dos registros mais recentes.

Vacinação na capital

Após baixa adesão no Dia D, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), vai ampliar a partir de segunda-feira (19/5) a vacinação contra a Influenza para toda a população a partir dos seis meses de idade.

Durante as ações do Dia D do último sábado (10), foram aplicadas 48.582 doses da vacina contra a gripe. A imunização é a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente nas unidades de saúde da capital. Além disso, é fundamental adotar outras medidas, como lavar as mãos ou utilizar álcool em gel, usar máscara descartável, manter os ambientes ventilados e evitar aglomerações.

“Essa ampliação da imunização para pessoas acima de 6 meses é importante para proteger toda a população, além de prevenir o agravamento das doenças respiratórias principalmente nessa época de sazonalidade”, declara o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco.

Apesar da ampliação da imunização para todos os grupos, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) reforça a importância dos grupos prioritários procurarem o quanto antes uma unidade de saúde para receber a vacina contra a Influenza.

A imunização acontece nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e, aos sábados, nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas, no mesmo horário. A população pode localizar a unidade mais próxima por meio da plataforma Busca Saúde.

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