Veterinário explica se animais de pelagem preta sofrem mais no calor
Cor dos pelos, densidade da pelagem e mecanismos de resfriamento ajudam a entender como pets e outras espécies lidam com dias quentes
Em dias muito quentes, muita gente se pergunta se animais de pelagem preta passam mais calor do que os outros. A cor dos pêlos realmente pode fazer diferença, mas não é o único fator que determina como o corpo reage às temperaturas altas.
Fatores como cor, densidade dos pelos, hábitos e o ambiente onde a espécie vive definem como cada animal lida com o calor. Entender esses elementos ajuda a prevenir quadros de hipertermia, desidratação e outros problemas frequentes em períodos de muito sol.
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Como a pelagem influencia na temperatura do corpo
Pelagens escuras absorvem mais luz do sol e, por isso, esquentam com mais facilidade. Já as pelagens claras devolvem boa parte dessa luz, o que ajuda a manter a superfície do corpo um pouco mais fria. Mesmo assim, a cor não é o único fator. O tipo de pêlo influencia muito na quantidade de calor que chega até a pele.
A pelagem longa, fofinha ou muito densa cria uma camada isolante na qual o ar circula menos entre os fios, deixando o calor preso. Isso pode acontecer mesmo em animais de pelos claros. Já as pelagens mais curtas deixam o ar passar melhor e ajudam o corpo a perder calor de forma mais rápida.
A médica veterinária Natália Reis, de Brasília, explica que, em várias espécies, a melanina também tem um papel de proteção. Por isso, mesmo esquentando mais por causa da cor, os animais costumam ser menos sensíveis a queimaduras solares do que bichos de pele clara.
“A melanina funciona como uma proteção natural contra os raios ultravioletas, o que faz com que eles sejam, muitas vezes, menos suscetíveis à insolação do que animais de pele clara”, destaca Natália.
Diferenças entre animais domésticos e selvagens
Entre os animais selvagens, a cor da pelagem pode ajudar o animal a suportar melhor o clima, a se camuflar no ambiente e até a se comunicar com outros indivíduos do grupo.
Já nos animais domésticos, que geralmente vivem dentro de casa ou passam menos tempo expostos ao sol forte, a cor deixa de ter um papel tão decisivo no dia a dia.
Mesmo assim, quando esses animais ficam em áreas externas ou são criados em ambientes muito abertos, continuam sujeitos ao calor e aos efeitos da radiação solar, independente de serem domésticos ou selvagens.
Além disso, o professor de biologia Marcello Lasneaux, da Heavenly International School, destaca que a cor dos pelos não influencia só a forma como o corpo esquenta. Ela também está ligada a outras funções essenciais para a vida em grupo e para a adaptação ao ambiente.
“A cor da pelagem contribui para a camuflagem e também pode servir para reconhecer outros indivíduos do grupo, especialmente em espécies sociais e na escolha de parceiros”, afirma Lasneaux.
A cor da pelagem tem papel menor em gatos domésticos, mas a exposição ao sol ainda pode elevar a temperatura do corpo
Mecanismos naturais de resfriamento
Os animais têm formas próprias de controlar a temperatura do corpo e isso varia conforme a espécie. Quem coordena tudo é o sistema nervoso central, que ativa os mecanismos quando o corpo começa a esquentar.
Nos cães, o principal jeito de esfriar é ofegar, porque isso aumenta a passagem de ar e ajuda a liberar calor. Eles também suam pelos coxins — as “almofadinhas” das patas — e procuram sombra para estabilizar a temperatura.
Os gatos se esfriam lambendo os pelos, já que com o pelo úmido, o calor se dissipa mais rápido. Os cavalos têm suor abundante, que funciona como um ar-condicionado natural. Já as aves usam os sacos aéreos, estruturas internas que facilitam a perda de calor durante a respiração.
Além disso, muitos animais adotam comportamentos típicos de dias quentes, como procurar abrigo, reduzir o ritmo, circular só nos horários mais frescos, deitar mais perto ou mais longe do solo para regular a troca de calor e, em alguns casos, até cavar tocas para se proteger.
Cuidados em períodos de calor
Apesar da pelagem escura absorver mais calor, isso não significa maior risco automático de insolação ou desidratação. Animais de pele clara continuam como os mais vulneráveis à exposição solar.
Para todos os pets, são recomendados cuidados como aumentar a oferta de água, espalhar potes pela casa, oferecer alimentos úmidos, liberar petiscos congelados e evitar passeios nos horários mais quentes.
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