Zelensky se diz pronto para realizar eleições na Ucrânia, meses após ser chamado de 'ditador' por Trump
Zelensky discursa na Assembleia Geral da ONU Reuters/Shannon Stapleton O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira estar pronto para as eleições. Ele pediu aos Estados Unidos e aos parceiros europeus que ajudem a garantir a segurança do pleito durante a guerra. Ele disse a jornalistas que, se a segurança for garantida, as eleições poderão ser realizadas nos próximos 60 a 90 dias, acrescentando que pedirá ao Parlamento que elabore a legislação necessária para viabilizar as eleições durante a lei marcial. O país vive sob regime de exceção desde o início da guerra contra a Rússia, em fevereiro de 2022. A última eleição, marcada para março de 2024, foi cancelada meses antes. O mandato para o qual Zelensky assumiu previa que ele entregasse o cargo para um sucessor em 21 de maio daquele ano. Em fevereiro deste ano, num momento em que tentava se distanciar de Zelensky e ameaçava uma aproximação com Putin, o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou o ucraniano chamando-o de "ditador". Veja os vídeos que estão em alta no g1 "Um ditador sem eleições. É melhor que Zelensky aja rapidamente ou não restará a ele um país. Enquanto isso, estamos negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos admitem que somente Trump e sua administração podem fazer", postou o presidente americano, após Zelensky supostamente ter rejeitado um acordo para que ele trocasse o acesso a terrar raras pelo apoio americano na guerra. O acordo foi firmado meses depois, no fim de abril. Durante a campanha para a Casa Branca, Trump prometeu várias vezes encerrar o conflito entre Moscou e Kiev "em 24 horas", culpando o democrata Joe Biden pelo início da guerra. Atualmente, porém, o republicano reconhece que subestimou a tarefa. "A guerra que eu achei que seria mais fácil de terminar é a que acabou se mostrando a mais difícil", ele repete com frequência em seus discursos — mantendo as mesmas acusações contra Biden. Impeditivos Além da Lei Marcial, o presidente e especialistas argumentam que seria impossível realizar eleições plenas na Ucrânia devido às condições do país, invadido pelos russos, e de sua população — muitos tiveram que fugir de suas casas e até do país. Além disso, os soldados não estariam em condições de votar. O texto da Constituição não é totalmente claro sobre esse ponto. Em um dos artigos, por exemplo, se diz que o mandato é de 5 anos. Mas, de acordo com a revista "The Economist", os especialistas constitucionalistas no país afirmam que a lei marcial prevê uma exceção, que está no artigo 108 da Carta, que afirma que o presidente exerce o poder até que o sucessor seja empossado — só que eleições são proibidas durante o período de Lei Marcial. Especialistas jurídicos ucranianos consultados pela agência de notícias Deutsche Welle disseram esperar que Zelensky permaneça no poder até que um novo presidente seja eleito, e que a sua manutenção no cargo é vista como legítima pelos ucranianos. “Para os ucranianos, a prioridade é vencer a guerra e depois realizar uma eleição. Portanto, eles não questionam a legitimidade de Zelensky”, diz Anton Hrushetskyi, diretor do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev.

Zelensky discursa na Assembleia Geral da ONU Reuters/Shannon Stapleton O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira estar pronto para as eleições. Ele pediu aos Estados Unidos e aos parceiros europeus que ajudem a garantir a segurança do pleito durante a guerra. Ele disse a jornalistas que, se a segurança for garantida, as eleições poderão ser realizadas nos próximos 60 a 90 dias, acrescentando que pedirá ao Parlamento que elabore a legislação necessária para viabilizar as eleições durante a lei marcial. O país vive sob regime de exceção desde o início da guerra contra a Rússia, em fevereiro de 2022. A última eleição, marcada para março de 2024, foi cancelada meses antes. O mandato para o qual Zelensky assumiu previa que ele entregasse o cargo para um sucessor em 21 de maio daquele ano. Em fevereiro deste ano, num momento em que tentava se distanciar de Zelensky e ameaçava uma aproximação com Putin, o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou o ucraniano chamando-o de "ditador". Veja os vídeos que estão em alta no g1 "Um ditador sem eleições. É melhor que Zelensky aja rapidamente ou não restará a ele um país. Enquanto isso, estamos negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos admitem que somente Trump e sua administração podem fazer", postou o presidente americano, após Zelensky supostamente ter rejeitado um acordo para que ele trocasse o acesso a terrar raras pelo apoio americano na guerra. O acordo foi firmado meses depois, no fim de abril. Durante a campanha para a Casa Branca, Trump prometeu várias vezes encerrar o conflito entre Moscou e Kiev "em 24 horas", culpando o democrata Joe Biden pelo início da guerra. Atualmente, porém, o republicano reconhece que subestimou a tarefa. "A guerra que eu achei que seria mais fácil de terminar é a que acabou se mostrando a mais difícil", ele repete com frequência em seus discursos — mantendo as mesmas acusações contra Biden. Impeditivos Além da Lei Marcial, o presidente e especialistas argumentam que seria impossível realizar eleições plenas na Ucrânia devido às condições do país, invadido pelos russos, e de sua população — muitos tiveram que fugir de suas casas e até do país. Além disso, os soldados não estariam em condições de votar. O texto da Constituição não é totalmente claro sobre esse ponto. Em um dos artigos, por exemplo, se diz que o mandato é de 5 anos. Mas, de acordo com a revista "The Economist", os especialistas constitucionalistas no país afirmam que a lei marcial prevê uma exceção, que está no artigo 108 da Carta, que afirma que o presidente exerce o poder até que o sucessor seja empossado — só que eleições são proibidas durante o período de Lei Marcial. Especialistas jurídicos ucranianos consultados pela agência de notícias Deutsche Welle disseram esperar que Zelensky permaneça no poder até que um novo presidente seja eleito, e que a sua manutenção no cargo é vista como legítima pelos ucranianos. “Para os ucranianos, a prioridade é vencer a guerra e depois realizar uma eleição. Portanto, eles não questionam a legitimidade de Zelensky”, diz Anton Hrushetskyi, diretor do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev.
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