Zohran Mamdani, democrata muçulmano e imigrante, vira prefeito de NY; o que isso significa
Democrata Zohran Mamdani é eleito prefeito de NY O jovem democrata e imigrante Zohran Mamdani venceu a eleição para a prefeitura de Nova York na noite de terça-feira (4) levantando bandeiras pessoais e propostas de campanha que desafiam o governo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e até a cúpula de seu próprio partido. Além de ser a primeira grande cidade a impor um muro ideológico a políticas do governo Trump em seu segundo mandato, a vitória, embora esperada, também indica que ambos os partidos repensem suas estratégias políticas para a corrida eleitoral da eleições legislativas do ano que vem, segundo especialistas. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp No primeiro discurso após a vitória, Mamdani disse, nesta ordem, que é "jovem, muçulmano e um democrata socialista". "E o pior de tudo: eu me recuso a pedir desculpas por nenhuma dessas coisas", discursou. Além do seu histórico, as principais propostas de governo apresentadas durante a campanha também foram duramente criticadas por Trump, seus apoiadores e por membros do Partido Democrata. Mamdani prometeu lutar contra o alto custo de vida de Nova York, a cidade mais cara para se viver de todos os Estados Unidos. Disse que quer supermercados subvenciados pelo governo, creches públicas — um tipo de serviço praticamente inexistente nos EUA, onde a escola é gratuita apenas a partir do Ensino Fundamental — e congelamento do preço dos aluguéis, cujo preço médio alcançou os US$ 4 mil (cerca de R$ 21,5 mil) mensais este ano. As promessas arrastaram milhões de eleitores nova-iorquinos da classe média da cidade, mas também fizeram especialistas e críticos levantarem dúvidas sobre se são viáveis, tanto no aspecto legal como no financeiro. 'Jogo político muda de lógica' Zohran Mamdani , acena no palco após vencer a eleição para prefeito de Nova York em 2025 Reuters/Shannon Stapleton Ainda assim, a vitória de um candidato que levantou todas essas bandeiras mostra que "o jogo político muda de lógica", na avaliação da professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker. “Esse cenário indica uma perda de popularidade de Trump e expõe as dificuldades internas do Partido Republicano. O jogo político muda de lógica e, provavelmente, levará os republicanos a repensarem suas estratégias eleitorais para o próximo ano", disse Holzhacker. Desafio aos democratas Já os democratas, segundo a professora, começaram a perceber que o apoio a minorias pode ser a forma de se reorganizar, após a amarga derrota nas eleições presidenciais de 2024, quando Donald Trump derrotou a candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, por ampla maioria. “O destaque não está apenas na vitória em Nova York, mas também em Nova Jersey, Virgínia, Califórnia e nos assentos conquistados na Geórgia. Essas vitórias mostram que os democratas conseguiram se reorganizar em suas bases, recuperando o apoio de latinos, da comunidade negra e do eleitorado dos subúrbios, que voltou a votar em peso nessas regiões”, disse. O desafio, agora, diz a professora, será levar o modelo para o espectro nacional — durante a campanha políticos conservadores e democratas disseram ao jornal "The New York Times" achar Mamdani muito de esquerda para atrair eleitores fora da cidade de Nova York, um reduto tradicionalmente progressista e democrata. Em seus vídeos virais em suas badaladas redes sociais e em atos de campanha, Mamdani não hesitou durante a campanha em desafiar orientações de sua sigla. É bastante crítico, por exemplo, das ações de Israel na Faixa de Gaza, tocando em um ponto sensível para a grande população de judeus nova-iorquinos, eleitores clássicos democratas. Isso fez com que Mamdani angariasse inimigos dentro de seu próprio partido — seu principal rival na corrida eleitoral foi outro democrata, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, que concorreu de forma independente após perder as primárias do Partido Democrata para Mamdani. Vitória de Mamdani Zohran Mamdani foi eleito prefeito de Nova York nesta terça-feira (4), segundo projeções da imprensa americana. Aos 34 anos, Mamdani fará história ao se tornar o primeiro muçulmano a comandar a maior cidade dos Estados Unidos. Com 90% dos votos apurados, Mamdani aparece em primeiro lugar com 50,4% dos votos. Em segundo está o ex-governador Andrew Cuomo, com 41,6%. O republicano Curtis Sliwa tem 7,1%. Diante deste cenário, a Associated Press projetou a vitória do democrata. Nascido em Uganda, na África Oriental, Mamdani é filho de mãe indiana e pai ugandês. Mudou-se para os Estados Unidos ainda na infância e construiu carreira política no estado de Nova York. Desde 2021, é deputado estadual. De perfil socialista e progressista, Mamdani ganhou destaque nacional pelos discursos em defesa da Palestina e pelas críticas às ações de Israel na Faixa de Gaza durante a guerra contra o Hamas. Em 2020, ele gerou controvérsia ao chamar a polícia de Nova York de “racista” e de “grande ameaça à segurança pública”. O agora

Democrata Zohran Mamdani é eleito prefeito de NY O jovem democrata e imigrante Zohran Mamdani venceu a eleição para a prefeitura de Nova York na noite de terça-feira (4) levantando bandeiras pessoais e propostas de campanha que desafiam o governo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e até a cúpula de seu próprio partido. Além de ser a primeira grande cidade a impor um muro ideológico a políticas do governo Trump em seu segundo mandato, a vitória, embora esperada, também indica que ambos os partidos repensem suas estratégias políticas para a corrida eleitoral da eleições legislativas do ano que vem, segundo especialistas. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp No primeiro discurso após a vitória, Mamdani disse, nesta ordem, que é "jovem, muçulmano e um democrata socialista". "E o pior de tudo: eu me recuso a pedir desculpas por nenhuma dessas coisas", discursou. Além do seu histórico, as principais propostas de governo apresentadas durante a campanha também foram duramente criticadas por Trump, seus apoiadores e por membros do Partido Democrata. Mamdani prometeu lutar contra o alto custo de vida de Nova York, a cidade mais cara para se viver de todos os Estados Unidos. Disse que quer supermercados subvenciados pelo governo, creches públicas — um tipo de serviço praticamente inexistente nos EUA, onde a escola é gratuita apenas a partir do Ensino Fundamental — e congelamento do preço dos aluguéis, cujo preço médio alcançou os US$ 4 mil (cerca de R$ 21,5 mil) mensais este ano. As promessas arrastaram milhões de eleitores nova-iorquinos da classe média da cidade, mas também fizeram especialistas e críticos levantarem dúvidas sobre se são viáveis, tanto no aspecto legal como no financeiro. 'Jogo político muda de lógica' Zohran Mamdani , acena no palco após vencer a eleição para prefeito de Nova York em 2025 Reuters/Shannon Stapleton Ainda assim, a vitória de um candidato que levantou todas essas bandeiras mostra que "o jogo político muda de lógica", na avaliação da professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker. “Esse cenário indica uma perda de popularidade de Trump e expõe as dificuldades internas do Partido Republicano. O jogo político muda de lógica e, provavelmente, levará os republicanos a repensarem suas estratégias eleitorais para o próximo ano", disse Holzhacker. Desafio aos democratas Já os democratas, segundo a professora, começaram a perceber que o apoio a minorias pode ser a forma de se reorganizar, após a amarga derrota nas eleições presidenciais de 2024, quando Donald Trump derrotou a candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, por ampla maioria. “O destaque não está apenas na vitória em Nova York, mas também em Nova Jersey, Virgínia, Califórnia e nos assentos conquistados na Geórgia. Essas vitórias mostram que os democratas conseguiram se reorganizar em suas bases, recuperando o apoio de latinos, da comunidade negra e do eleitorado dos subúrbios, que voltou a votar em peso nessas regiões”, disse. O desafio, agora, diz a professora, será levar o modelo para o espectro nacional — durante a campanha políticos conservadores e democratas disseram ao jornal "The New York Times" achar Mamdani muito de esquerda para atrair eleitores fora da cidade de Nova York, um reduto tradicionalmente progressista e democrata. Em seus vídeos virais em suas badaladas redes sociais e em atos de campanha, Mamdani não hesitou durante a campanha em desafiar orientações de sua sigla. É bastante crítico, por exemplo, das ações de Israel na Faixa de Gaza, tocando em um ponto sensível para a grande população de judeus nova-iorquinos, eleitores clássicos democratas. Isso fez com que Mamdani angariasse inimigos dentro de seu próprio partido — seu principal rival na corrida eleitoral foi outro democrata, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, que concorreu de forma independente após perder as primárias do Partido Democrata para Mamdani. Vitória de Mamdani Zohran Mamdani foi eleito prefeito de Nova York nesta terça-feira (4), segundo projeções da imprensa americana. Aos 34 anos, Mamdani fará história ao se tornar o primeiro muçulmano a comandar a maior cidade dos Estados Unidos. Com 90% dos votos apurados, Mamdani aparece em primeiro lugar com 50,4% dos votos. Em segundo está o ex-governador Andrew Cuomo, com 41,6%. O republicano Curtis Sliwa tem 7,1%. Diante deste cenário, a Associated Press projetou a vitória do democrata. Nascido em Uganda, na África Oriental, Mamdani é filho de mãe indiana e pai ugandês. Mudou-se para os Estados Unidos ainda na infância e construiu carreira política no estado de Nova York. Desde 2021, é deputado estadual. De perfil socialista e progressista, Mamdani ganhou destaque nacional pelos discursos em defesa da Palestina e pelas críticas às ações de Israel na Faixa de Gaza durante a guerra contra o Hamas. Em 2020, ele gerou controvérsia ao chamar a polícia de Nova York de “racista” e de “grande ameaça à segurança pública”. O agora prefeito eleito pediu desculpas pelas declarações no mês passado, durante a reta final da campanha. Carismático e com linguagem próxima dos jovens, Mamdani se projetou como um candidato popular nas redes sociais, especialmente no TikTok. Sua ascensão, no entanto, provocou divisões internas entre os democratas. Setores mais tradicionais do partido consideram o novo prefeito “muito à esquerda” e distante do pragmatismo tradicional e histórico da legenda. Lideranças democratas demonstraram certa resistência em apoiá-lo na campanha. O ex-presidente Barack Obama, por exemplo, não declarou apoio público, mas telefonou para Mamdani dias antes da votação para elogiar a campanha. ➡️ Em uma rede social, Trump afirmou que as pesquisas indicam que os republicanos perderam porque ele não estava nas urnas e por causa da paralisação no governo. Já a Casa Branca divulgou uma arte que imitava o brasão do time de basquete New York Knicks, com a frase “Trump é seu presidente”. Initial plugin text LEIA TAMBÉM Muçulmano, socialista e tiktoker: quem é Zohran Mamdani, prefeito eleito de Nova York Com apoio de Obama, democratas vencem eleições para os governos de Virgínia e Nova Jersey Reviravoltas A eleição de Nova York foi marcada por uma série de reviravoltas. A primeira delas veio ainda nas primárias democratas, quando Mamdani superou o ex-governador Andrew Cuomo — então favorito nas pesquisas — e garantiu a vaga do partido na corrida pela prefeitura. Mamdani começou a campanha mal posicionado nas pesquisas e cresceu aos poucos ao focar no alto custo de vida em Nova York. A virada começou após ele viralizar na internet e ganhar destaque como um candidato “tiktoker”, carismático e com linguagem próxima dos mais jovens. Nas vésperas da votação das primárias, Mamdani ainda aparecia em segundo lugar nas pesquisas, com Cuomo mantendo certa vantagem. Após a derrota, Cuomo decidiu concorrer como independente e recebeu o apoio do atual prefeito, Eric Adams, que desistiu de disputar a reeleição. Durante a campanha, Trump também tentou interferir na disputa, declarando apoio a Cuomo mesmo com um republicano, Curtis Sliwa, entre os candidatos. Mesmo enfrentando resistência dentro do próprio partido e ataques de Trump, Mamdani manteve o ritmo e liderou as pesquisas nas últimas semanas. Levantamentos mostravam vantagens que variavam de 5 a mais de 20 pontos percentuais sobre Cuomo. Zohran Mamdani , acena para seus apoiadores após vencer a eleição para prefeito de Nova York em 2025 Reuters/Jeenah Moon Disputa nacionalizada A rápida ascensão de Mamdani na política americana fez com que os olhos dos Estados Unidos e do mundo se voltassem para a eleição para a Prefeitura de Nova York. O perfil carismático e popular do democrata chamou a atenção do público, com ele usando uma linguagem mais acessível e propondo soluções compreensíveis aos eleitores em problemas envolvendo moradia, transporte público e custo de vida. O crescimento de Mamdani incomodou adversários. Republicanos passaram a chamá-lo de “comunista” e “radical”, e a campanha foi marcada por ataques de cunho religioso, relacionando Mamdani ao extremismo islâmico e aos ataques terroristas de 11 de setembro. Logo, Trump também passou a criticá-lo. O presidente usou as redes sociais para chamar o candidato de “comunista” e “radical”. Na véspera da eleição, afirmou que, se Mamdani fosse eleito, ele cortaria recursos federais destinados a Nova York. “É minha obrigação governar a nação, e tenho a firme convicção de que a cidade de Nova York será um completo desastre econômico e social caso Mamdani vença”, publicou. “Prefiro muito mais ver um democrata com histórico de sucesso vencer do que um comunista sem experiência e com histórico de fracasso total”, disse, ao anunciar apoio a Cuomo. Andrew Cuomo e Zohran Mamdani durante debate eleitoral em 16 de outubro de 2025 Angelina Katsanis/Pool via REUTERS VÍDEOS: em alta no g1 Veja os vídeos que estão em alta no g1
What's Your Reaction?