Zohran Mamdani: quem é o muçulmano socialista e tiktoker favorito na eleição para prefeito de NY

Zohran Mamdani, o socialista, muçulmano e tiktoker favorito à prefeitura de Nova York As urnas de Nova York foram abertas nesta terça-feira (4) em uma eleição para a prefeitura da cidade que foi catapultada ao estrelato nacional e mundial por conta de um nome: Zohran Mamdani, um jovem imigrante africano, muçulmano e tiktoker. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Mamdani, candidato do Partido Democrata ao pleito, é apontado como o favorito em todas as principais pesquisas de intenção de voto para abocanhar a prefeitura de Nova York. Uma posição que ele conquistou com pautas à esquerda de seu próprio partido e vídeos nas redes sociais --- foi pelo Tiktok que ele anunciou, enquanto corria uma maratona, que se candidataria nas primárias democratas à prefeitura de Nova York. Carismático, Mamdani abocanhou não só a vitória nas primárias democratas, que ocorreu semanas depois de seu anúncio, derrotando o experiente ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, com 56% dos votos. Mas ele também se tornou a grande promessa de renovação do Partido Democrata após a amarga derrota nas eleições presidenciais de 2024, e virou alvo de comparações como ex-presidente Barack Obama. “Eu mal havia ouvido falar de Mamdani, e não sabia que ele ia concorrer à prefeitura até ele aparecer no 'feed' do meu Instagram e Tiktok”, disse ao podcast “The Ezra Klein Show”, do jornal “The New York Times”, o escritor nova-iorquino Chris Hayes, autor do livro de política norte-americana “O Canto da Sereia”, sobre narrativas políticas para ganhar atenção dos eleitores. A estratégia nas redes sociais, com vídeos irreverentes e referências do cinema moderno e até de Bollywood, não foi a única responsável pela ascensão meteórica em meses de Mamdani. Seu histórico e sua agenda política também ajudaram. O candidato democrata é um imigrante africano e declaradamente socialista que defende pautas como supermercados subsidiados, a gratuidade do transporte público e de creches escolares gratuitas e o congelamento do aluguel de quase um milhão de nova-iorquinos. Mamdani é também muçulmano e frequentemente fala sobre sua fé. Em discurso no fim de outubro, afirmou que não viveria mais "nas sombras". "O sonho de todo muçulmano é simplesmente ser tratado da mesma forma que qualquer outro novaiorquino. No entanto, por muito tempo, nos disseram para pedir menos do que isso e para nos contentarmos com o pouco que recebemos. Chega", declarou. 'Terremoto' democrata O candidato do Partido Democrata, Zohran Mamdani, em evento de campanha em NY Ryan Murphy/Reuters A candidatura de Mamdami causou um terremoto no Partido Democrata. Andrew Cuomo, de 67 anos e então nome natural da sigla para a prefeitura nova-iorquina após comandar por dez anos o estado de Nova York, decidiu se lançar como candidato independente. Na semana passada, Cuomo recebeu apoio do atual prefeito Eric Adams, que desistiu de disputar a reeleição (leia mais abaixo). E, na segunda-feira (3), ninguém menos que o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou apoio ao ex-governador democrata, desencorajando eleitores em votarem no candidato de seu próprio partido, Curtis Sliwa, em 3º nas pesquisas de intenção de voto. Trump, aliás, é o único político norte-americano que conseguiu aplicar com sucesso a mesma estratégia de redes sociais que Mamdani usa, diz o escritor Chris Hayes. Ambos, segundo Hayes, conquistaram eleitores com discursos afiados e explorando de forma certeira suas redes sociais. Os vídeos de Mamdani no Tiktok, onde ele tem 1,6 milhão de seguidores, já conquistaram 23,6 milhões de curtidas. A grande diferença é o espectro em que cada um se encontra. Trump, que já chamou Mamdani de um "lunático comunista" (leia mais abaixo), se elegeu com promessas de caçar e expulsar imigrantes em situação irregular nos EUA, o que ele vem cumprindo. Nascido na Uganda, criado em NY Já Mamdani é o perfil de alvos atuais do governo Trump: nascido em Kampala, capital de Uganda, o jovem de 34 anos imigrou para os Estados Unidos aos 7 anos. Ele é filho de mãe indiana — a cineasta Mira Nair, conhecida no meio do cinema independente e premiada nos festivais de Cannes e Veneza — e pai ugandês. LEIA TAMBÉM Na última hora, Trump declara apoio a ex-democrata para prefeito de NY e ameaça restringir verbas federais se Mamdani vencer eleição Aprovação de Trump é a menor do 2° mandato, diz pesquisa VÍDEO: Torre medieval desaba parcialmente em Roma, na Itália; uma pessoa morreu Nascido em Uganda, filho de imigrantes Mas Zohran Kwame Mamdani foi criado em Nova York, para onde se mudou com a família aos 7 anos. Por isso, além de ser fluente em seis idiomas — inglês, hindi, bengali, urdu, árabe e espanhol —, sabe falar a "linguagem" nova-iorquina. Para angariar votos, por exemplo, entendeu como conquistar um valioso eleitorado que se situa longe dos extremos de pobreza e riqueza da cidade. Segundo pesquisas de intenção de voto, Zohran Mamdani é o favorito inconte

Nov 4, 2025 - 09:00
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Zohran Mamdani: quem é o muçulmano socialista e tiktoker favorito na eleição para prefeito de NY

Zohran Mamdani, o socialista, muçulmano e tiktoker favorito à prefeitura de Nova York As urnas de Nova York foram abertas nesta terça-feira (4) em uma eleição para a prefeitura da cidade que foi catapultada ao estrelato nacional e mundial por conta de um nome: Zohran Mamdani, um jovem imigrante africano, muçulmano e tiktoker. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Mamdani, candidato do Partido Democrata ao pleito, é apontado como o favorito em todas as principais pesquisas de intenção de voto para abocanhar a prefeitura de Nova York. Uma posição que ele conquistou com pautas à esquerda de seu próprio partido e vídeos nas redes sociais --- foi pelo Tiktok que ele anunciou, enquanto corria uma maratona, que se candidataria nas primárias democratas à prefeitura de Nova York. Carismático, Mamdani abocanhou não só a vitória nas primárias democratas, que ocorreu semanas depois de seu anúncio, derrotando o experiente ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, com 56% dos votos. Mas ele também se tornou a grande promessa de renovação do Partido Democrata após a amarga derrota nas eleições presidenciais de 2024, e virou alvo de comparações como ex-presidente Barack Obama. “Eu mal havia ouvido falar de Mamdani, e não sabia que ele ia concorrer à prefeitura até ele aparecer no 'feed' do meu Instagram e Tiktok”, disse ao podcast “The Ezra Klein Show”, do jornal “The New York Times”, o escritor nova-iorquino Chris Hayes, autor do livro de política norte-americana “O Canto da Sereia”, sobre narrativas políticas para ganhar atenção dos eleitores. A estratégia nas redes sociais, com vídeos irreverentes e referências do cinema moderno e até de Bollywood, não foi a única responsável pela ascensão meteórica em meses de Mamdani. Seu histórico e sua agenda política também ajudaram. O candidato democrata é um imigrante africano e declaradamente socialista que defende pautas como supermercados subsidiados, a gratuidade do transporte público e de creches escolares gratuitas e o congelamento do aluguel de quase um milhão de nova-iorquinos. Mamdani é também muçulmano e frequentemente fala sobre sua fé. Em discurso no fim de outubro, afirmou que não viveria mais "nas sombras". "O sonho de todo muçulmano é simplesmente ser tratado da mesma forma que qualquer outro novaiorquino. No entanto, por muito tempo, nos disseram para pedir menos do que isso e para nos contentarmos com o pouco que recebemos. Chega", declarou. 'Terremoto' democrata O candidato do Partido Democrata, Zohran Mamdani, em evento de campanha em NY Ryan Murphy/Reuters A candidatura de Mamdami causou um terremoto no Partido Democrata. Andrew Cuomo, de 67 anos e então nome natural da sigla para a prefeitura nova-iorquina após comandar por dez anos o estado de Nova York, decidiu se lançar como candidato independente. Na semana passada, Cuomo recebeu apoio do atual prefeito Eric Adams, que desistiu de disputar a reeleição (leia mais abaixo). E, na segunda-feira (3), ninguém menos que o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou apoio ao ex-governador democrata, desencorajando eleitores em votarem no candidato de seu próprio partido, Curtis Sliwa, em 3º nas pesquisas de intenção de voto. Trump, aliás, é o único político norte-americano que conseguiu aplicar com sucesso a mesma estratégia de redes sociais que Mamdani usa, diz o escritor Chris Hayes. Ambos, segundo Hayes, conquistaram eleitores com discursos afiados e explorando de forma certeira suas redes sociais. Os vídeos de Mamdani no Tiktok, onde ele tem 1,6 milhão de seguidores, já conquistaram 23,6 milhões de curtidas. A grande diferença é o espectro em que cada um se encontra. Trump, que já chamou Mamdani de um "lunático comunista" (leia mais abaixo), se elegeu com promessas de caçar e expulsar imigrantes em situação irregular nos EUA, o que ele vem cumprindo. Nascido na Uganda, criado em NY Já Mamdani é o perfil de alvos atuais do governo Trump: nascido em Kampala, capital de Uganda, o jovem de 34 anos imigrou para os Estados Unidos aos 7 anos. Ele é filho de mãe indiana — a cineasta Mira Nair, conhecida no meio do cinema independente e premiada nos festivais de Cannes e Veneza — e pai ugandês. LEIA TAMBÉM Na última hora, Trump declara apoio a ex-democrata para prefeito de NY e ameaça restringir verbas federais se Mamdani vencer eleição Aprovação de Trump é a menor do 2° mandato, diz pesquisa VÍDEO: Torre medieval desaba parcialmente em Roma, na Itália; uma pessoa morreu Nascido em Uganda, filho de imigrantes Mas Zohran Kwame Mamdani foi criado em Nova York, para onde se mudou com a família aos 7 anos. Por isso, além de ser fluente em seis idiomas — inglês, hindi, bengali, urdu, árabe e espanhol —, sabe falar a "linguagem" nova-iorquina. Para angariar votos, por exemplo, entendeu como conquistar um valioso eleitorado que se situa longe dos extremos de pobreza e riqueza da cidade. Segundo pesquisas de intenção de voto, Zohran Mamdani é o favorito incontestável entre nova-iorquinos que trabalham e têm poder de compra, mas enfrentam dificuldades por conta do alto custo de vida de Nova York, principalmente o de moradia. Crise imobiliária como plataforma Cartaz de apoio a Zohran Mamdani neste sábado (1) em Nova York Ryan Murphy/Reuters O preço dos aluguéis e a escassez de residências são problemas generalizados na cidade mais populosa dos Estados Unidos – o que faz com que, além de ter um perfil progressista e receptivo a pautas do gênero, os eleitores de Mamdani também sintam na pele a crise habitacional. Em junho, o aluguel médio em Nova York superou, pela primeira vez, o valor de US$ 4 mil (cerca de R$ 21,8 mil), segundo o site imobiliário StreetEasy. O valor é mais que o dobro da média das cidades norte-americanas. Mamdani propõe congelar o preço dos aluguéis para dois milhões de inquilinos na cidade e construir novas moradias, em um discurso apontado como a grande alavanca de sua campanha, feita em grande parte pelo Tiktok. Mas sua plataforma inclui ainda propostas contra desigualdade, o racismo e o preconceito à população muçulmana e a favor de ações para a população LGBTQIA+. Ele defendeu ainda taxar progressivamente grandes fortunas —mas, segundo o jornal "The New York Times", se mostrou aberto a negociar a respeito. “Francamente, eu não acho que deveríamos ter milionários”, disse o democrata durante sua campanha, em uma crítica direta aos maiores doadores do Partido Democrata. Em seus vídeos e em atos de campanha, Mamdani não hesita em desafiar orientações de sua sigla. É bastante crítico, por exemplo, das ações de Israel na Faixa de Gaza, tocando em um ponto sensível para a grande população de judeus nova-iorquinos, eleitores clássicos democratas. Ao "The New York Times", líderes conservadores e democratas descreveram Mamdani como sendo muito de esquerda para atrair eleitores fora da cidade de Nova York, um reduto democrata. Seus adversários trataram as suas ideias como pouco realistas e perigosas do ponto de vista fiscal. Reação dos adversários O discurso acabou gerando reações por parte da ala mais tradicional da sigla, como o atual prefeito de Nova York, Eric Adams. Na semana passada, Adams declarou apoio a Andrew Cuomo. E pediu que os eleitores “não confiem” em Mamdani. “Mamdani não respeita o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) e não trata a sua segurança como uma verdadeira prioridade”, disse Adams, também ex-policial. A segurança, aliás, é a principal bandeira de Cuomo —ele propõe, por exemplo, aumentar o número de policiais nas ruas. Os apoiadores de Cuomo, independente cujo slogan é "Diga não a Zo [do primeiro nome do adversário, Zohran]", chamam Mamdani de "extremista islâmico". O candidato fez pouco para desencorajá-los —disse não ser responsável pelas palavras de terceiros—, o que gerou acusações de que sua campanha abraçou a islamofobia. Apoiado por doadores bilionários, Cuomo pressionou o terceiro candidato da disputa, Curtis Sliwa, de 71 anos, do Partido Republicano, a desistir da eleição —a ideia era aumentar as chances de vencer a eleição. Sliwa se recusou. Para os republicanos, aliás, o discurso afiado do candidato democrata virou um prato cheio. Mamdani se tornou um dos principais alvos de ataques de trumpistas feitos nas redes sociais, principalmente nas últimas semanas, com a aproximação da votação. Antes disso, o próprio Trump já disse que não vai “permitir” que o filho de indianos chegue ao poder em Nova York. "Como presidente dos Estados Unidos, não vou deixar esse lunático comunista destruir Nova York. Fiquem tranquilos: eu tenho todos os controles e todas as cartas na mão. Vou salvar a cidade e torná-la 'quente' e 'grandiosa' novamente, exatamente como fiz com os bons e velhos EUA", escreveu Trump em julho. Zohran Mamdani discursa ao lado de lideranças muçulmanas em centro islâmico no Bronx, em Nova York Ted Shaffrey/ AP Sobre os ataques dos adversários, Mamdani disse, no mesmo discurso de 24 de outubro, no Centro Islâmico do Bronx: "Ontem, Andrew Cuomo riu e concordou quando um apresentador de rádio disse que eu comemoraria outro 11 de Setembro. Ontem, Eric Adams disse que 'não podemos deixar nossa cidade se tornar a Europa'. Ele me comparou a extremistas violentos e mentiu repetidamente ao dizer que nosso movimento busca incendiar igrejas e destruir comunidades. No dia anterior, Curtis Sliwa me caluniou em um debate, afirmando que eu apoio a 'jihad global' "Independentemente do que digam, ainda existem certas formas de ódio que são aceitáveis ​​nesta cidade", afirmou. As pesquisas mais recentes apontam que Mamdami lidera as intenções de voto, seguido de Cuomo e Sliwa. Havia, em fevereiro, 5,1 milhões de eleitores registrados em Nova York, segundo a Associated Press; a cidade tem 8,4 milhões de habitantes. A votação ocorre em turno único —pelo sistema local, é possível também votar a distância, processo iniciado neste sábado (1º). O novo prefeito de Nova York assume o cargo em 1º de janeiro de 2026. Mamdani (Partido Democrata), Cuomo (independente) e Sliwa (Partido Republicano), candidatos a prefeito de NY Montagem/Reuters VÍDEOS: mais assistidos do g1

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