A encarnação da elegância

Alex Medeiros @alexmedeiros1959 Pensei em reeditar uma antiga crônica publicada em O Jornal de Hoje, de 2006, quando o ator e diretor Robert Redford fez aniversário de 70 anos. Eu tenho essa mania de festejar ícones e ídolos em suas datas de rombo, como se dizia nas velhas chamadas de bingos que presenciei na Praça […]

Sep 20, 2025 - 08:00
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A encarnação da elegância

Alex Medeiros
@alexmedeiros1959

Pensei em reeditar uma antiga crônica publicada em O Jornal de Hoje, de 2006, quando o ator e diretor Robert Redford fez aniversário de 70 anos. Eu tenho essa mania de festejar ícones e ídolos em suas datas de rombo, como se dizia nas velhas chamadas de bingos que presenciei na Praça Pedro Velho do final dos anos 1960, levado por meu pai quando arriscava a sorte.

Mas prefiro ilustrar momentos de um astro que deixou sua marca em Hollywood e encarnou nas telas e na vida a elegância masculina. Ele foi e é uma lenda do cinema, que somou com Alain Delon, Paul Newman, Clint Eastwood e Warren Beatty o seleto clube dos cinco astros mais bonitos das décadas de 1960 e 70. Ele era um artista que conseguia ser rebelde sem perder a compostura, charmoso sem esforço, e profundo sem vaidade.

Muitos dos seus filmes são retratos de uma época clássica e que destaco aqui os que mais me marcaram: Butch Cassidy, Um Golpe de Mestre, Nosso Amor de Ontem, O Grande Gatsby, Todos os Homens do Presidente e Brubaker.

No primeiro, de 1969, talvez o início da sua lenda, com o amigo Paul Newman, ele encarnou um fora-da-lei com olhar de poeta e alma de aventureiro. Era um faroeste, mas com um toque de melancolia e poesia que só ele sabia imprimir.

No segundo, de 1973, outra vez com Newman, interpretou um golpista com sorriso de Mona Lisa e lances mais elaborados que de enxadrista russo. Dançou com o roteiro, seduziu a câmera e fez suspirar a audiência feminina.

No terceiro, também de 73, ao lado de Barbra Streisand ele mostrou que por trás do galã havia um cara capaz de explorar as fragilidades do amor e os desencontros da vida. Um Redford mais íntimo, mais humano, mais terno.

No clássico literário, de 1974, vestiu o terno branco de Jay Gatsby com a naturalidade de quem veste uma camisa regata. Um personagem misterioso, idealista, e trágico, numa dignidade que o livro de Scott Fitzgerald só insinuava.

No grande sucesso de 1976, o filme da sua virada política. Como Bob Woodward, um dos jornalistas que revelaram o escândalo do Watergate, ele trocou o charme pelo compromisso. Investigando, questionando, ensinando.

Ali ele fez o mundo entender que o jornalismo pode ser essa mesmice dos dias atuais, mas também pode ser tão heroico quanto qualquer mocinho do faroeste. E provou que beleza e inteligência não são opostos; são aliados.

E na aurora dos anos 1980, ele foi o diretor de prisão infiltrado como detento para denunciar abusos. Um papel corajoso, sem glamour, mas com uma força moral que saltava fora das telas. Sem precisar de armas, só com olhar firme.

Robert Redford foi mais do que um galã. Foi um espelho, um modelo, um arquétipo. Um homem que transitou entre o charme e a consciência, entre o romance e a denúncia, entre o sonho e a realidade. Nos sentidos estrito e lato.

Ele deu a Hollywood dimensão de salão de festa a nos convidar a bailar. E se a sétima arte é uma forma de eternidade, então ele não nos deixou na terça-feira. Segue vivo nas grandes e miúdas telas, nas TVs, com a elegância de sempre.

Publicado em Tribuna do Norte

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