A rotina de tensão do promotor jurado de morte pelo PCC

Gakiya vive uma rotina controlada por um forte esquema de segurança, uma realidade que ele teme que desapareça assim que deixar o MP

Sep 17, 2025 - 13:00
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A rotina de tensão do promotor jurado de morte pelo PCC

Para o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o crime organizado há mais de 25 anos, a proximidade da aposentadoria não traz alívio, mas sim o agravamento de uma tensão constante. Jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), Gakiya vive uma rotina rigidamente controlada por um forte esquema de segurança, uma realidade que ele teme que desapareça assim que deixar o Ministério Público.

A execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, assassinado a tiros na segunda-feira (15) no litoral paulista, trouxe à tona a vulnerabilidade de autoridades que dedicaram a vida ao combate às facções criminosas.

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Em entrevista ao Acorda, Metrópoles na manhã desta quarta-feira (17/9), Gakiya lamentou a morte do colega e traçou um paralelo com sua própria situação, destacando a ousadia e a memória do crime organizado. “O PCC hoje é uma máfia e, como máfia, eles não perdoam”, afirmou o promotor.

A rotina de Gakiya é ditada pela tensão e pela cautela. Ele se desloca em um comboio de três carros blindados, protegido por uma equipe de 82 policiais militares que se revezam para garantir sua segurança.

Sua casa e seu escritório são equipados com portas à prova de balas e vidros resistentes a explosões. Atividades sociais são raras e planejadas.

Delegado executado O assassinato de Ruy Ferraz Fontes ressoou de forma particular para Gakiya. Foi ele quem, em 2010, descobriu um plano do PCC para matar Fontes em frente ao 69° Distrito Policial, em São Paulo.

“Em 2010, graças a uma investigação minha, nós conseguimos salvar a vida do doutor Ruy”, contou Gakiya ao Acorda, Metrópoles. A operação resultou na prisão de um dos assassinos e na apreensão de fuzis.

Fontes, considerado o policial que mais entendia de PCC no país, era jurado de morte pela facção desde 2006. Ele foi um dos idealizadores da estratégia de concentrar as lideranças do grupo criminoso em um único presídio de segurança máxima, um ato visto como uma “afronta” pela organização. Sua morte, anos após se aposentar, reforça a tese de Gakiya de que o PCC não esquece seus alvos.

“Vimos essa cena se repetir com o doutor Rui Ferraz Fontes”, disse o promotor, lembrando o caso de um diretor de presídio assassinado aos 70 anos, já aposentado.

Futuro incerto A menos de dois anos da aposentadoria, Lincoln Gakiya se vê diante de um dilema: morte, exílio ou a luta para mudar a legislação. Atualmente, não há no Brasil uma lei que garanta proteção a autoridades aposentadas, mesmo que continuem sob ameaça.

Gakiya tem usado sua voz em entrevistas e palestras para defender a criação de uma política de segurança para ex-agentes da lei.

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