Agência de turismo em SC captava vítimas de tráfico humano, diz MPF

Empresa identificada pela operação Cassandra não tinha funcionários e era sediada no mesmo endereço de um dos principais investigados

Sep 14, 2025 - 04:30
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Agência de turismo em SC captava vítimas de tráfico humano, diz MPF

A principal empresa utilizada por uma organização criminosa na operacionalização do tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual, que foi alvo da operação Cassandra, era uma agência de turismo em Santa Catarina.

A operação Cassandra foi deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) em 3 de setembro, juntamente com a Garda National Protective Services Bureau, da Irlanda, que conduziu prisões no país europeu ao deflagrar simultaneamente a a Operation Rhyolite, voltada a apurar crimes praticados pelo mesmo grupo criminoso naquele país.

A empresa, no entanto, não possuía nenhum funcionário registrado e funcionava no mesmo endereço de um dos principais investigados na operação, que acabou sendo preso na Irlanda.

Outro fator que chamou a atenção dos investigadores é que a empresa tinha uma movimentação financeira muito superior ao capital declarado, levantando suspeitas também sobre lavagem de dinheiro.

A organização criminosa atuava desde 2017  no tráfico internacional de pessoas, exploração sexual, além de lavagem de dinheiro e crimes tributários e contra o sistema financeiro.

Segundo apurou a coluna, o grupo utilizava a agência de turismo para emitir passagens para as vítimas, hospedagem, dentre outros trâmites de uma viagem comum. ao chegar ao local, elas eram cobradas pelos valores devidos.

Além disso, a agência também era usada, assim como diversas outras empresas, para lavar dinheiro obtido ilicitamente. Outras empresas identificadas pelos investigadores que tinham esse fim estavam ligadas às atividades de restaurante, bares e ao ramo de entretenimento.

A suspeita é que atores considerados “secundários” na lavagem de dinheiro do grupo ligado ao tráfico de pessoas, também usavam seus meios para fazer a lavagem de capitais para outras organizações criminosas.

No MPF, a investigação é conduzida pela Unidade Nacional de Enfrentamento do Tráfico Internacional de Pessoas e do Contrabando de Migrantes (UNTC), em parceria com o Grupo Nacional de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Nacional) e o Grupo de Apoio (GA) Criptoativos da Câmara Criminal (2CCR). MPF Bolsonaro fuzilMP pede investigação de ameaças contra parlamentares

Segundo o órgão, o esquema mostra que as vítimas teriam sido exploradas em diversos países como Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido, México, Croácia, Grécia, Israel, Singapura, Arábia Saudita, África do Sul, entre outros.

Os agentes identificaram 70 mulheres exploradas em diversos países. Ao chegar ao país estrangeiro, ludibriadas com a promessa de empregos e melhores condições de vida, elas eram submetidas a jornadas de trabalho exaustivas.

Segundo as investigações, o grupo faturava cerca de R$ 700 mil por mês. Os valores eram aplicados em empresas de fachada no Brasil, na compra de bens e imóveis, em fundos de investimentos e criptoativos, com o objetivo de dar aparência de legalidade ao dinheiro obtido com os crimes.

Como mostrou a coluna, no dia da deflagração da operação, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva em Santa Catarina e na Irlanda contra os principais integrantes do núcleo, além de outros 30 mandados de busca e apreensão da residência dos investigados e em empresas usadas pela organização criminosa para lavar o dinheiro obtido com os crimes.

Também foram autorizadas pela 1ª Vara Federal de Florianópolis o cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão contra 13 brasileiros, como entrega de passaporte, proibição de deixar o país ou entrar em contato com as vítimas.

Segundo o MPF, a Justiça determinou ainda o bloqueio de bens (como carros e imóveis) e valores em contas bancárias e carteiras de criptoativos dos investigados e de 15 empresas em nome de laranjas.

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