Análise de intoxicação por metanol tem corrida contra o tempo. Entenda
Amostras são enviadas a Ribeirão Preto, no interior de SP, para que possível intoxicação por metanol seja confirmada ou descartada

A checagem de casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo envolve uma corrida contra o tempo para que a coleta de sangue e urina seja feita antes que a substância seja eliminada pelo organismo.
Até agora, houve 25 casos confirmados de intoxicação e outros 189 descartados, em meio a uma onda de mortes suspeitas após consumo de bebidas adulteradas. Em São Paulo, ocorreram 51 prisões por venda de bebidas adulteradas.
A checagem no estado envolve o envio das amostras em unidades de saúde até a análise no Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (Latof) da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, que tem especialização nesse tipo de procedimento.
Quando um paciente chega a uma unidade com os sintomas de intoxicação por metanol (como tontura, dores abdominais intensas e confusão mental), os funcionários do equipamento de saúde coletam amostras de sangue e urina. O consumo de 10 mililitros (ml) de metanol pode causar lesões no nervo óptico e, em doses iguais ou superiores a 30 ml, levar à morte.
O metanol tem uma meia-vida, curta de 24 horas (meia-vida é o tempo que o organismo leva para eliminar metade da quantidade de uma substância presente no corpo). “Se a amostra for colhida dias depois da ingestão, o metanol já pode ter sido eliminado do organismo. Por isso, a coleta e o congelamento imediato são fundamentais”, afirma o professor de Química da USP Bruno de Martinis.
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Análise do vapor
O método utilizado para captar o metanol é conhecido como headspace, com a análise da fase de vapor da amostra, com resultados em até uma hora. As amostras passam por um processo denominado cromatografia em fase gasosa, que separa os compostos presentes no sangue, urina ou até fragmentos de tecidos.
O material é colocado em pequenos frascos de vidro lacrados, que são aquecidos e agitados. Com o calor, etanol e metanol viram vapor, enquanto o restante fica no fundo do frasco. É esse vapor que é analisado.
“O preparo da amostra leva cerca de dez minutos, e a análise em si, cerca de 30 a 40 minutos. O equipamento trabalha de forma contínua, uma amostra após a outra, o que permite processar várias análises em sequência”, afirma Martinis.
“Nós conseguimos identificar o metanol em concentrações bem menores do que o necessário para caracterizar a intoxicação”, completa Martinis.
Os resultados permitem confirmar, descartar ou manter sob investigação os casos notificados. O socorro em até seis horas após os início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento do quadro de intoxicação, utilizando o antidoto contra o metanol, o álcool etílico absoluto (etanol 99,9%).
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