Apenas 47 países estão confirmados para a COP30; ONU pede para Brasil subsidiar hospedagem
Em meio à pressão internacional sobre o alto preço das hospedagens em Belém, o Brasil divulgou nesta sexta-feira (22) que apenas 47 dos 196 países previstos têm hospedagem e confirmaram presença na COP30. Faltam 80 dias para o começo do evento e, nos bastidores, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Brasil vivem […]


Em meio à pressão internacional sobre o alto preço das hospedagens em Belém, o Brasil divulgou nesta sexta-feira (22) que apenas 47 dos 196 países previstos têm hospedagem e confirmaram presença na COP30.
Faltam 80 dias para o começo do evento e, nos bastidores, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Brasil vivem um impasse sobre aumento da ajuda (subsídios) para que delegações de países pobres participem da conferência. O governo considera buscar apoio para oferecer subsídios sem o uso de recursos públicos.
Os representantes das delegações e a organização do evento participaram nesta manhã de encontro na ONU. O Brasil prestou esclarecimentos sobre as atuais condições de hospedagem e os pedidos feitos pelos países. No mês passado, se tornou pública a carta de países que pressionavam o Brasil pelo alto custo das hospedagens, e cobravam medidas do Brasil.
Segundo a Casa Civil e a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop), uma das demandas que continua sendo feita pelos países é que a ONU aumente o subsídio de diárias para Belém. E, ao mesmo tempo, a ONU chegou a pedir para que o próprio governo brasileiro ajudasse pagando parte das hospedagens para os países em desenvolvimento. A proposta foi recusada pelo Brasil.
Países confirmados
Segundo a organização, 39 países conseguiram hospedagens pela plataforma fornecida pelo governo federal — a maioria deles países em desenvolvimento. Os nomes não foram divulgados.
Outros oito países fecharam acordo diretamente com hotéis. São eles: Egito, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Singapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega.
O governo disse que vai fazer uma força-tarefa para acelerar o número de confirmações. Segundo a organização, um grupo técnico vai buscar as delegações para entender as principais dificuldades e buscar alternativas.
“A gente acredita que muitos países estavam esperando a reunião de hoje do bureau para ver o que traríamos como respostas. É uma inferência nossa. A ideia é termos um grupo de pessoas para ligar para os pontos focais dessas delegações para saber o que está acontecendo e como podemos ajudar”, explicou o secretário extraordinário, Valter Correia.
Correia disse que há 33 mil quartos individuais disponíveis e a ONU tinha solicitado 24 mil. “Seria o suficiente. O nosso problema é trazer isso a valores compatíveis com o poder aquisitivo”, analisa o secretário.
Subsídios: ONU cobra o Brasil
Atualmente o orçamento base das delegações subsidiadas pela ONU é de US$ 140, valor que precisa bancar alimentação e hospedagem. Isso significa cerca de R$ 756. O valor é insuficiente. Atualmente, na plataforma oficial do evento, o menor preço de hospedagens é de US$ 350 por dia.
Segundo a organização da COP, em carta ao Brasil, a ONU pediu que o anfitrião subsidiasse as hospedagens para os países pobres. O pedido era de que, aos países pobres, fossem oferecidos US$ 100.
“O governo brasileiro se posicionou dizendo que já está arcando com custos significativos para a realização da COP. Por isso, não há como arcar com subsídio para delegações de outros países”, disse a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
A secretária explicou que delegações que não conseguem arcar com os custos teriam pedido à ONU o aumento do subsídio, mas que teriam tido a resposta de que esse era um processo burocrático.
O governo ainda ponderou que a ONU deveria reconsiderar o desembolso, já que, se houvesse uma mudança de local, o subsídio pago teria que ser maior: em São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, o custo seria de mais de US$ 200.
“(…) Nós falamos claramente que o país não tem condição, mas que a ONU poderia subir um pouco a contribuição. Em qualquer cidade do mundo eles pagariam, não estamos pedindo o que pagariam em Bonn, mas o que pagariam em São Paulo e no Rio de Janeiro”, explicou a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
Segundo Miriam, o Brasil vai tentar esforços para encontrar subsídios sem recursos públicos.
Polêmica sobre custos continua
O preço das hospedagens permanece um desafio. Na plataforma do governo federal, a menor diária é de US$ 350, cerca de R$ 1,9 mil. Segundo a organização, há um esforço de negociação para encontrar preços mais realistas para os dias do evento.
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